CAPÍTULO 29

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Odiava chuvas, nem tentaria acender seu cigarro, já que a tempestade apagaria qualquer fogo. Procurava os rastros de seus ratinhos, e como eles eram burrinhos. Na mesma hora que foi noticiado que precisavam de alguém para procurar os três criminosos em Toskosoko, ele logo se disponibilizou. Precisava de uma distração.

Estava em um bar chamado Tanajura. Teve um alerta de remoção de PDI ilegal na área, a mesma onde seus ratinhos se escondiam. Câmeras mostravam lugares os quais haviam passado, eram poucas, mas o suficiente para traçar o perímetro de onde estavam.

Se encontrava de pé observando todos aqueles seres mortos aos seus pés. Sentia desprezo por todos no ali, eram fedorentos, sem classe e com trapos que chamavam de roupas. Mas vê-los mortos lhe trouxe satisfação. Menos ratos em seu planeta. Os gritos da dona do lugar eram abafados pela chuva, ela berrava segurando o corpo morto de uma criança, o qual deveria ser seu irmão. Nojentos. Só não a mataria pois precisava de informações.

— Perímetro limpo, senhor. — Um de seus homens lhe informou. — Permissão para a lavagem.

— Permissão concedida, lave o máximo que puder e mate se necessário. — Ele respondeu.

— Sim, senhor. — Saiu então levando mais outros de seus homens.

Retirou as mãos do bolso e se aproximou da mulher de cabelos brancos, era bonita, talvez ele poderia utilizá-la melhor ao terminar seus serviços. Segurou na ponta de seu chapéu encharcado da chuva, suas roupas pretas e pesadas iguais, levantou um pouco de sua aba deixando a mostra seu terrível rosto. Balançou sua mão e seus homens segurou a mulher, a mesma gritava de dor e melancolia, retirou do bolso um dispositivo que projetou uma fotografia, então se agachou para mostrar a mulher. A mesma se petrificou no mesmo momento em que encontrou o rosto arrepiante, ou melhor, a falta dele.

— Este homem esteve aqui, diga onde ele está.

— Por favor... me mate logo, por favor — Implorava aos prantos, sua voz doída, baixa quase impossível de se escutar.

— Responda.

— Por favor, eu não sei de nada... — Um de seus homens puxou os cabelos da mulher para trás quando ela tentou olhar para o irmão morto no chão.

— Kristian Ferreolius passou por aqui e junto com mais dois seres, os quais retiraram seus PDI's e frequentaram o seu festival. Agora me diga onde ele está.

A mulher cuspiu em sua cara.

— Seu monstro, filho da puta desgraçado. — A mulher começou a lutar contra os apertos em seus braços e no cabelo.

— Não vai responder? Tudo bem. — Então se levantou guardando o dispositivo em seu bolso. — Levem-na.

Ela foi erguida e puro desespero passou pelos seus olhos. Gritava e esperneava tentando fugir, mas em troca recebia pancadas na cabeça e em seu corpo, seu nariz sangrava enquanto implorava por misericórdia. Enquanto isso, ele limpava o cuspe de seu rosto. Ratos imundos, se pudesse, exterminaria todos eles, não tinham utilidade a não ser servi-los, e nem isso faziam direito. Escutou passos saltitantes chegarem perto dele junto com um outro pesado.

— Oi, Cowboy! — Uma voz feminina e divertida riu em suas costas, reviraria os olhos se tivessem algum.

Se virou e encontrou a figura de uma jovem mulher vestida com roupas vitorianas cor de rosa, seu vestido rodado acima dos joelhos cheios de babados e adornos de rosas. Tinha aparência de boneca e um jeito adorável e fofo, mas conhecia bem a mente perversa debaixo daquele sorriso ingênuo. Cabelos em maria chiquinhas e pele branca como porcelana. Era Larissa Flowind, antiga integrante da força-tarefa de Gilberto Ricardo. E ao seu lado um enorme orc acorrentado e usando nada mais do que trapos como roupas, segurava um enorme guarda chuva protegendo a jovem, e já ele ficava exposto à chuva tremendo de frio.

— Já terminou seu trabalho? — Perguntou rudemente.

— Sempre tão grosso, Ahriman, você deveria ser mais gentil. — A jovem respondeu fazendo beicinho. — E sim já terminei, podemos sair daqui agora? Essa chuva vai estragar minhas roupas.

— Relatório.

Larissa revirou os olhos e cruzou os braços aborrecida.

— Vocês Diamantes são sempre tão mandões, depois eu falo vamo sair daqui.

Ahriman esperou.

— Nossa, tá bom, eu olhei nas câmeras e não havia o trio e nem o filhinho de Gilberto. — Larissa relatou. — Mas havia um trio que se encaixa perfeitamente no que estamos procurando, mas seus rostos são diferentes.

— Irei ver as filmagens pessoalmente.

Ahriman já saiu andando sem olhar para trás e os gritos fininhos de revolta da jovem faziam seus ouvidos doerem.

Estava à procura dos três perigos iminentes, ratos que carregavam informações secretas, sendo uma ameaça global, talvez até mesmo universal. Precisavam ser apagados o quanto antes, quanto mais demorasse mais estragos fariam. E sabia muito bem que esses estragos seriam irreparáveis.

Os Caçadores FuriososOnde histórias criam vida. Descubra agora