Acordou suado com seu corpo tenso e dolorido, pânico aflorava em sua pele conforme encarava paralisado o teto sem conseguir respirar. Ainda preso em memórias antigas, com seu ar preso em seu peito e sua faringe estagnada, foi salvo com uma respiração ao seu lado. Decidiu focalizar sua atenção naquilo, tentando acompanhar. Sentiu o ar entrar como lava queimando suas narinas, e depois sair com urgência. Repetiu o processo lentamente, sentindo seu corpo acalmando a cada respiração. Quando finalmente acalmou o pânico em seu peito, se sentou ignorando a tremenda dor física que sentia em seu corpo. Noshal já entrava pela janela aberta iluminando o rosto belo do homem ao seu lado. Observou o seu cabelo preto banhado pela luz dourada voando com o ventilador ligado. A coberta subia e descia conforme Kristian respirava. O salvando de sua própria mente. Dominado por sua beleza angelical e serena, não percebeu que havia uma outra pessoa no ambiente.
— Mulher! — Roy se assustou com a figura conhecida sentada na soleira da janela, seus joelhos próximos ao seu rosto conforme observava sua movimentação. — Você não dorme não?
— Bom dia, — a mulher então mudou o idioma para Friodion: — ursinho dorminhoco!
Sua imagem era iluminada pelo dourado. Seu rosto majestoso carregando um sorriso calmo, uma expressão não comum no rosto da assassina. Fios dourados voavam em volta de si, se assemelhando a um ser divino. Parecia que estava de frente a uma verdadeira deusa.
Algo caloroso aqueceu seu peito espantando todas suas dores. Se levantou, sendo cuidadoso para não acordar o homem que dormia profundamente atrás da muralha de travesseiro, e se juntou à mulher na janela. Sorrindo bobamente enquanto dizia à sua parceira:
— Por que eu sinto que isso foi um elogio?
— Não foi. — Respondeu secamente.
— Você tá mentindo.
Os olhos dela se reviraram caindo na cidade dourada. Ficou ali a observando, enquanto ela o ignorava. Seus cabelos lisos cobrindo sua pele negra banhada por Noshal. Aproveitou a calmaria e paz e também observou a paisagem: as flores se abrindo em direção a luz, gatos se espreguiçando em lajes, robôs dando início ao seu programa, fumaça de café saindo da janela de uma das casas.
— Mei... obrigado!
Sussurrou uma única palavra, aquela que seria perfeita para resumir o que sentia. Não sabia como se expressar sem que parecesse fraco, mas também não queria deixar passar o acontecimento ocorrido na noite passada.
Mei analisou o homem com o rosto virado para a cidade. Seus cabelos cacheados soltos e bagunçados tampanham seu cenho doloroso, a mulher tentou ler seus olhos embaixo do seu mar de cachos, e viu a mesma coisa que encontrava quando olhava no espelho. A mesma ferida incurável. Abriu sua boca para dizer algo, mas foi interrompida pelo homem que analisava. Virou seu rosto em direção ao dela, tendo um encontro de olhares que despertou um sentimento estranho em seu corpo. Logo fugiu daquilo enquanto o ele dizia com seu sorriso magnífico. Conversam em sussurros, sem querer acordar seu parceiro.
— Acho que não foi uma boa ideia o duelo de ontem, — seu corpo gelou — olha a ferida que você me deixou. — Roy levantou sua camisa revelando uma ferida roxa e inchada na região de suas costelas. O gelo derreteu. — Acho que você quebrou meus lindos ossinhos!
Observou o machucado causado pela luta da noite anterior, e riu vendo que nem sequer perto ao que ele havia feito nela.
— Você chama isso de ferida? — Levantou o próprio moletom mostrando uma mancha roxa e verde cobrindo toda a lateral de seu abdômen.
Na mesma hora seus olhos se arregalaram em preocupação, era realmente uma mancha horrível.
— Meimei, desculpa! — Ele se aproximou para analisar melhor, mas ela logo abaixou e lhe deu um olhar raivoso.
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Os Caçadores Furiosos
Ciencia FicciónEm um planeta criado com o intuito de proteger o universo de seres malignos, conhecido como Organização dos Defensores do Universo, ou ODU, um governo utópico, onde a população vive em meio a tecnologia e paz. Seres de diferentes espécies, planetas...