Os Caçadores Furiosos

CAPÍTULO 50

Kristian acordou assustado com os gritos abafados vindo da cama de Roy. Se levantou tão depressa que tropeçou nos cobertores que caíram junto consigo. Roy se rebatia preso na cama, os equipamentos médicos impedindo que ele se movimentasse por inteiro, mas isso não impediu a força absurda de Roy para arrebentar os fios e derrubar tudo no chão. Seus olhos arregalados em desespero atrás da máscara de intubação percorrendo pelo quarto, seus gritos impedidos pelo tudo em sua garganta. Mesmo com apenas um braço, ele havia causado um estrago em poucos segundos.

Antes que pudesse chegar na cama onde seu parceiro estava, a porta já se escancarava com uma equipe médica entrando. Enfermeiros tentavam segurar Roy enquanto a médica já vista antes, Dra. Herben, mexia nos equipamentos recém destruídos. Kristian empurrou quem estava no caminho, correndo para Roy. Chamou por ele enquanto tocava em seu ombro, e quando seus olhos apavorados caíram sobre suas íris tão azuis, ele começou a se acalmar, e logo o equipamento ao seu lado brilhou ao piscar um alerta, enquanto Roy caia na inconsciência.

Ficou ao lado dele dizendo palavras de conforto enquanto via a equipe médica remontar os aparelhos e injetar substâncias em suas sondas. Procurou Mei no quarto, mas não havia nenhum sinal dela, tentou perguntar a equipe que estava ali, mas ninguém nem sequer olhou para si, pareciam temê-lo e ignorá-lo com medo de algo.

Então, da mesma forma que tudo começou tão rápido, terminou da mesma forma. A equipe apenas saiu sem falar nada e fechou a porta. E Kristian ficou ali, segurando na mão enfaixada de Roy enquanto tentava segurar o próprio choro.

Cadê você, Mei?

Observou seu cenho agora em uma feição selene e moribunda, que segundos antes estavam de puro choque e terror. Era tão agoniante vê-lo daquele jeito.

— Me desculpa, Roy. — Disse em um soluço. — Eu não queria que isso acontecesse, mas eu fui burro e não pensei direito nas consequências. Deixei Angelus me pegar e isso acarretou com que Mogak tivesse a chance de me sequestrar, e fui tolo em pensar que seria capaz de sair facilmente de lá. E agora estamos... eu nem sei direito aonde estamos. E porra, nem sei onde Mei está. — O homem xingou antes de limpar o rosto sujo de lágrimas e catarro na camisa. — Me desculpa, não me deixa tá bom? Não sei mais viver sem você, eu nem estaria aqui se não fosse por você. Você vai ficar bem e vai me contar suas histórias de bêbado, vai me fazer rir com suas piadas ruins e seu jeito único e espontâneo de ser, quero ver seus olhos presos em mim quando eu conto sobre a minha terra, e a maneira como você ouve tudo. Você sempre me escuta e sempre tem tanto para falar. Sem você... — ele sorriu por baixo das próprias lágrimas. — eu e Mei vamos acabar nos matando, não vamos ter mais você para nos dar bronca e separar nossas brigas. Você é o meu farol, se eu te perder, nunca irei mais me encontrar...você foi e é o meu recomeço.

A porta foi escancarada e sem ver soube que era Mei, ela entrou em fúria, tanta fúria que mesmo mancando e com seu cenho de dor soube que ela facilmente mataria qualquer um que entrasse na reta dela.

Kristian limpou o seu rosto enquanto via uma mancha vermelha se alargar em sua costela, sua mão segurando o local. Ela se encostou no colchão de Roy, seus olhos aflitos observando seu estado na cama, e logo viu suas pálpebras falharem enquanto ela escorregava para o chão. Já estava de pé correndo até ela, a agarrando antes que caísse, e logo ao tocá-la sentiu sua pele arder em febre e suor escorrer em suas tempuras. Mas ela estava agitada, arfava enquanto tentava se soltar de Kristian e ir até Roy.

— O'Que aconteceu? — Ela perguntou, pálida como um cadáver.

— Ele acordou assustado, mas já está tudo bem, uma equipe de médicos vieram e lhe deram sedativos. — A tranquilizou, enquanto ela não soubesse que Roy estava bem, Mei não se acalmaria. — E onde você estava?