CAPÍTULO 21

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Teria que fazer seu turno sozinho, já que o incrível subchefe decidiu ocupar todos com seu baile funk, e como sempre, Papagaio ficou no cargo de guarda. A música era tão alta que mesmo estando longe escutava o som das letras pornográficas, oque o deixou feliz, balançando-se ao som do grave enquanto pensava como odiava o seu patrão.

As luzes dos postes iluminavam os seus arredores na noite, sua jaqueta o protegendo contra os ventos frios, mas sentia seus dedos ficando gelados enquanto segurava o fuzil. Sua única função não era deixar ninguém entrar no armazém eletrônico, que se localizava embaixo de uma escadaria, bem escondido. Protegia a enorme porta de ferro enferrujada que ficava de frente a rua. Observava as belezuras subirem para o baile, todas bonitas e cheirosas, e se entristecia ao saber que não poderia estar lá bebendo com seus amigos.

Então notou uma sombra grande e alta subindo morro e antes que o sujeito pudesse ser iluminado, logo já soube quem era.

— Papagaio, eae cara?! — Touro chegou gritando de longe alegre enquanto acenava com a mão, imediatamente sorriu ao ver seu subchefe, o qual adorava.
— Chefe! — Ele curvou a cabeça em respeito, assim como era obrigado a fazer o mesmo com todos com maior patente.

— Já falei para parar com isso, mó palhaçada! — Então o comprimentou com a mão e o abraçou dando tapas fortes em suas costas. — Como cê tá? Quanto tempo!

— Você sumiu, Touro, achei que tinha metido o pé de vez!

— Sabe como é né, cachorro de coleira sempre volta pra casa.

— Poise né, mas aí, o'que que cê tá fazendo aqui? Você num é proibido de pisar no território do Boto? — Papagaio perguntou curioso enquanto tremia ao pensar o'que fariam com ele se vissem ele agora falando com seu subchefe.

— Nem me fala daquele filho da mãe, eu hein, eu lá vou ficar obedecendo aquele merdinha? — Touro respondeu balançando as mãos frustrado enquanto estalava a língua. — Ele te botou pra trabalhar de novo por causa de mim né?

O homem fez cara de desentendido sem querer responder, mas seu chefe já sabia a resposta. Ambos eram grandes amigos por compartilharem os mesmos gostos, e quando houve a briga entre os líderes, todos aqueles que tinham contato ou amizade com Touro foram castigados.

— O chefe, é melhor você ir embora, se te pegarem aqui o Boto pode te matar!

— Como se eles conseguissem né, tenho medo dele não, vim aqui pra buscar algo no armazém.

Papagaio já o olhou com dureza, não poderia permitir sua entrada, mas também não poderia dizer não a um superior e amigo.

— Pô, chefe, cê sabe que eu não posso! — Ele balançou os ombros sem saber o que fazer.

— É rapidão, nem vão ver eu entrar, meu computador quebrou, sabe? Aquele que eu amarrei com fita, vem comigo pra não ter problema então!

O homem encarava o chão pensativo sem saber oque faria, o semblante amigável de seu chefe o fazia deixá-lo fazer qualquer coisa. Não podia dizer não a ele, sabia que não seria punido por Touro, ele era o cara mais gente boa daquele lugar. Era amado por todos. Até mesmo pelos inimigos, sendo impossível odiá-lo. Até mesmo quando houve a confusão com os subchefes, a maioria tomou o lado de Touro, só não podiam falar em voz alta, mas havia sussurros de todas as partes o adorando. A comunidade tinha um carinho enorme por ele, seus lutadores lealdade, e seus inimigos respeito. Era facilmente o cara mais amado da facção.

— Me perdoa, chefia, mas não posso! — O guarda negou com melancolia. — O lazarento do patrão tá na minha orelha, foi mal, não posso deixar você entrar!

Os Caçadores FuriososOnde histórias criam vida. Descubra agora