CAPÍTULO 58

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Haviam passado por longos minutos de discussão, desde o carro até as escadas que agora subiam, um tentando argumentar quem teria sido o responsável por iniciar ou não o beijo. Já dentro dos aposentos da Rainha do Sangreal, Mei e Kristian se encaravam e discutiam fervorosamente, enquanto Roy tirava suas armas da cintura, apenas rindo da cena. Todos os três estavam encharcados da chuva que ainda caia do lado de fora, tremendo de frio, machucados, sujos de lama e sangue. Contudo, a maior preocupação de uma certa dupla era decidir quem era o ''vencedor''.

— Não há como eu ter dado início, já que você mesmo havia dito que sou uma porta, logo, por suas próprias conclusões, não sou capaz de ter relação sociais, muito menos sexuais. — Kristian soava bem convincente, uma certeza no olhar que fazia qualquer um acreditar em suas palavras.

Mei o ignorava ao retirar seus sapatos torturantes, jogando-os para o meio de sua bagunça, aliviada por não ter que aguentar mais ficar naqueles dois desconfortos. E agora, apenas observava a revolta de seu parceiro, enquanto ela tinha o escárnio em seu rosto e os braços cruzados, esperando ele terminar com o longo discurso:

— Já acabou? — Ela perguntou ao erguer as sobrancelhas.

— Sim, julgamento finalizado! — Kristian elevou o queixo de forma orgulhosa.

— Ótimo.

Ela disse sem paciência e apenas levou suas mãos ao rosto de Kristian, em um ato inesperado e rápido demais para que o homem pudesse se esquivar. E simples assim, juntou seus lábios nos dele em uma ferocidade dominante, e logo a expressão de surpresa do homem diante ao súbito beijo sumiu ao ser consumido pela conexão de línguas, e mais forte que sua razão, ele puxou sua cintura para mais perto, se prendendo em seu corpo e esquecendo completamente das discussões. Com a mesma raiva de sempre, trocaram um beijo quente e entorpecente, beirando entre a paixão e o ódio.

Roy apenas observava seus parceiros, perdido entre orgulho, de finalmente ver o desenrolar da história, e prazer, almejando se juntar.

A mulher se soltou, cambaleando para trás, e sorriu vitoriosa, saindo de seus braços e erguendo o queixo.

— Te beijei duas vezes. — Arrogância escorria de seu tom. — Eu ganhei!

No entanto, Kristian não pareceu escutar, sem se importar com o que ela havia dito, seus olhos ainda presos naquele lábios macios e sua mente atordoada com sensações, e um único desejo de voltar aquele momento. Assim, apenas a puxou pela cintura, fazendo-a engolir suas próprias palavras, e Mei, apenas arfou em sua boca com a intensidade de seu desejo. Se perderam por leves instantes, apenas ambicionando um ao outro, esquecendo do motivo de sua longa briga, que até mesmo em um simples beijo não acabava, sempre guerreando por dominância. Então, se afastaram ao sentir falta de algo, e sem se soltarem, ainda agarrados um ao outro em meio de suspiros e respirações calorosas, tiveram seus olhos levados ao homem alí de pé, que apenas os assistia. Roy apenas sorria, com a mais pura tentação no olhar, seus braços cruzados como se apenas observasse uma bela vista, apreciando um delicioso prato antes de comê-lo, e assim que terminou de contemplá-los, nada precisaram dizer para que ele se aproximasse.

Em imediato, como em uma corrida, Mei tomou a boca do homem primeiro, enquanto Roy envolvia seus braços em volta do casal que já se abraçava. A beijava com urgência, pressionando ambos os corpos em seu próprio, querendo os sentir por inteiro. E Kristian se ocupou em deixar rastros de beijos no pescoço de seu homem, subindo pela sua pele até que sua própria boca fosse tomada pelo parceiro.

E juntos trocaram calor por suas peles, compartilharam de beijos quentes e lentos, sentindo o sabor de cada e o sabor juntos. Ocupando um mesmo espaço, um mesmo tempo e um mesmo corpo. Carícias eram misturadas, onde uma terminava, logo outra começava, sem fim e sem início. Descobrindo seus corpos com lentidão e desejo, e ainda respeito, nenhum ousando desbravar nada além do que já antes encontrado, apenas a paciência do amor. Seus corpos quentes expulsando o frio de suas roupas molhadas de chuva.

Os Caçadores FuriososOnde histórias criam vida. Descubra agora