CAPÍTULO 56

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Roy ajudou Kristian a caminhar até o quarto onde ficariam, os aposentos da Rainha. Não conseguia parar de rir se lembrando da cena, e Kris ao seu lado, o xingava enquanto ainda sentia a dor da eletricidade em seu corpo. Quando finalmente chegaram, ao abrirem a porta, se depararam, primeiro com o caos: os móveis revirados, a poeira por todo o quarto, os amontoados de roupas, de armas e de livros, um salto agarrado na parede e um chão coberto por cacos e sangue seco. Logo depois, virão o luxo do ambiente por debaixo da bagunça. Vermelho e preto eram as cores predominantes, como o restante do castelo, e uma enorme cama se encontrava no meio, tão grande ao ponto de ser quase do tamanho da casa de Roy. O chão era um mármore preto polido, que combinava com as paredes escarlate. Sofás se distribuiam ao canto da sala, onde residia uma tv e inúmeros livros, em uma estante e alguns caídos no chão. Um enorme computador se instalava em uma mesa próxima a cama, com inúmeros armamentos jogados, desde espadas até metralhadoras. Quadros macabros e sombrios complementavam o ambiente, muitos deles destruídos e rasgados.

Parecia realmente um quarto o qual Mei vivia, revelando bem sua personalidade instável, apesar de ter uma decoração luxuosa e sofisticada demais para o perfil dela. Observar o simples cômodo era como ver sua mente, e algo muito íntimo os deixou desconfortáveis, como se estivessem invadindo seu espaço. Mas ainda sim, entraram no quarto.

Kristian foi até o banheiro, igualmente bagunçado e sujo, e estava úmido, indicando que Mei houvera o utilizado. E já Roy, animado, foi testar a cama, pulou com tudo no colchão macio, nos cobertores sedosos e travesseiros fofos, e na mesma hora uma nuvem de poeira subiu, e nem se importou, percebendo que poderia hibernar por anos. Kristian tampou o nariz antes que começasse a espirrar e observou seu parceiro deitado na poeira, mexendo no bolso de sua calça, tirando o remédio contra sua alergia, Roy sempre os carregava, junto com os remédios de Mei. Cuidava de seu casal de idosos rabugentos.

— Cadê aquela cobra? — Kris reclamou enquanto engolia os compridos, e logo gritou pela mulher, e escutou uma única resposta vindo do outro lado do quarto atrás de um porta fechada.

— Banho. — Ela ordenou um berro.

— Eu vou primeiro. — Roy logo correu, ansioso para estrear o banheiro de luxo e acabar com todos os produtos de Mei.

Kristian tirou os lençóis empoeirados e trocou por alguns dentro do armário, que não pareciam muito limpos, mas estavam em melhores condições do que o outro. E após seu trabalho, começou a perambular pelo quarto e conseguiu descobriu muitas coisas. Os seus livros favoritos ao lado da cabeceira, todos rabiscados com comentários engraçados, inúmeras garrafas de bebida eram vistas em cada canto do quarto e mais outras drogas em cima da mesa e entre os sofás, uma penteadeira com o vidro quebrado e pingos vermelhos na madeira, os observou preocupado em pensar o motivo de estarem ali. Era realmente seu quarto, diversas lembranças de sua personalidade e gostos, era interessante ao mesmo tempo melancólico, pois a cada centímetro daquele quarto conseguia ver os reflexos de sua mente de traumas.

Tentou, então, utilizar o computador em cima da mesa, e antes que pudesse descobrir a senha viu, finalmente, Roy sair do banho, envolto unicamente de uma toalha na cintura. Entrou em pânico e desviou o olhar, antes que qualquer outro contato ocorresse entre os dois. Era acostumado com Roy sem camisa, ele nunca estava a vestindo e se punha sempre grato por isso, mas agora, após ter provado o gosto de seus lábios, o ver daquele jeito tinha um peso diferente. Correu para o banheiro fugindo de seu parceiro e se lembrou do porquê de sempre ser o primeiro a se banhar, uma neblina de vapor quente consumiu o quarto e deixou o banheiro quase embranquecido. Odiava como seus parceiros só tomavam banho com a água na mesma temperatura que lava, entrou reclamando no banheiro e ligou no mais gelado possível e tomou um banho feliz.

Roy analisava um quadro todo rasgado, tentando unir as peças para decifrar o'que havia nele. Mas cansou e logo foi se deitar na cama agora limpa, vestia uma calça de moletom e uma enorme blusa, deixado por Mei no banheiro. Aconchegado na cama, mexia em seu celular, vendo vídeos do grupo musical, ansiando pelo o show no próximo dia. Seus olhos pesavam de sono quando sentiu um cheiro doce infestar o ambiente.

Os Caçadores FuriososOnde histórias criam vida. Descubra agora