Quem era Jasmine? Seria o nome real da mulher?
Sentia medo de perguntar e ela perder o controle igual da última vez que a chamara por esse nome. Kristian sempre tentava descobrir mais sobre a mulher, testando seus limites, lendo sua linguagem corporal e suas palavras nas entrelinhas. Mas não tinha ideia do que havia acontecido em sua vida, todos os seus comportamentos eram imprudentes, arrogantes e presunçosos, queria tanto saber de seu passado para entendê-la. Por mais que a odiasse, sua curiosidade de saber quem era aquela por debaixo da muralha, era maior.
Nunca achou necessário fazer perguntas sobre o seu passado, Roy não queria invadir o espaço pessoal da mulher, que sempre delimitava explicitamente. Também imaginava que se algo acontecesse, ela poderia explicar. Mas ao ver seu comportamento no escritório, descobriu que estava bem errado. Sasa Lei nunca teria aceitado o acordo se a mulher não tivesse revelado que era Flor Real, mas a questão era: o'que é isso?
Seguiram o caminho em silêncio, com a aranha os liderando até a saída dos fundos. Assim, chegaram em um local mais vazio, agora seria o momento da mulher começar a falar. Mas ela estava tão estranhamente quieta, seu olhar tão frio que tinha receio de encarar-la.
— Reiyeh? — Roy a chamou relutante, mas a mulher continuou andando em direção contrária ao carro. Gostaria muito que o acontecimento passado não se repetisse — Para onde está indo? O carro está para lá.
— Vão para casa.
— Não, você não pode ficar sozinha, é perigoso.
— Já discutimos isso antes — a mulher andava sem olhar para trás, respondendo com uma voz tão apática, que parecia que um robô estava conversando com ele.
Kristian andava olhando em volta procurando possíveis ameaças, mas não havia nada de diferente. Queria ir embora logo para poder chorar em paz, não queria escutar a briga que estava por vir. Como estava cansado e sujo, ficou calado, observando a briga sem forças para se intrometer.
— Qual a parte de trabalho em equipe você não entendeu? Já passamos tempo o suficiente juntos para saber que nos damos bem, porque você não confia em nós? — Roy perguntou aborrecido — É algo relacionado à Flor Real ou o seu nome Jasmine? Nos diga para a gente te ajudar.
Ela parou no momento em que o homem falou. Virando um pouco a cabeça para trás, com graciosidade seu cabelo negro como a propria escuridão, escorreu para lado, expondo um pedaço de sua pele negra. Seus olhos escurecidos, não só pela iluminação mas também por algo sombrio e cruel oriundo de sua alma.
Parecia que o mundo havia parado com medo de sua voz calma e fria quando ela sussurrou:
— Não me faça repetir.
O universo havia sido silenciado. Algo sombrio e odioso emanava da mulher. Sentiram o corpo gelar e seus instintos gritarem para sair dali. Queria correr. Queria fugir para o mais longe dela. Mesmo tendo passado semanas com sua presença, pareciam esquecer quem ela era, a força e poder que possuía. Se acostumaram com suas brigas infantis, as alfinetadas que davam uns nos outros e suas piadas idiotas, achavam que eram amigos. Mas a verdade era que não eram nem ao menos parceiros. Pensou que não teria problema cruzar a linha, já que após o tempo passado junto, ela havia os tirado de sua lista negra. Mas via agora que estava errado.
O instinto assassino e cruel, o sangue que havia em suas mãos, a frieza quanto tirava a vida de alguém, a facilidade que tinha de massacrar milhares de seres vivos em segundos. A sua falta de misericórdia. Seu puro ódio bestial e selvagem, uma monstruosidade guardada em seu peito.
Esqueceram de tudo isso.
Não sabia a ultima vez que havia sentido tanto medo assim, um medo que faria o implorar a morte para que não enfrentasse a fúria de Lâmina das Sombras.
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Os Caçadores Furiosos
Ciencia FicciónEm um planeta criado com o intuito de proteger o universo de seres malignos, conhecido como Organização dos Defensores do Universo, ou ODU, um governo utópico, onde a população vive em meio a tecnologia e paz. Seres de diferentes espécies, planetas...