CAPÍTULO 44

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Todos estavam sentados, com um falso conforto nos sofás, em volta da pequena mesa de centro. Algumas luzes amareladas iluminavam o lugar, as paredes brancas ornamentadas com pilares que subiam até a bobeada do teto. Redemoinhos e ramos desciam do teto até as velas nos candelabros das paredes. Toda a graciosidade e delicadeza do recinto sendo estragada pelas figuras criminosas ali em seu centro.

No enorme sofá de veludo Mogak Belly se deitava, suas mãos atrás da cabeça revelando o quanto não ligava para as formalidades. Já do outro lado, em um mesmo sofá, Sasa Lei se sentava com uma elegância invejável, uma postura firme, mesmo que fosse desconfortável se sentar com todas aquelas patas enormes. Também contava com Gilberto Ricardo, de pé, próximo a aracnade, sem direito a se sentar. E havia duas poltronas cornetando os sofás, formando um retângulo em volta da mesa de centro.

A mais próxima à porta tinha um tecido tão branco e ilustre que parecia irreal, nem uma marca de sujeira, apenas o assento em si era mais brilhante do que todo o resto da sala. E ao mais fundo da sala, no total oposto da primeira poltrona, havia apenas escuridão, era como se toda a luz fosse sugada para ali, impossível de enxergar qualquer coisa que havia ali. O assento pertencia a um dos piratas mais antigos ainda vivo.

O capo da máfia Beniviato, o aposentado capitão pirata, Angelus.

— Não estamos aqui para o velório de Lázaro, ele é o menor de meus problemas. — Angelus informou, sua voz tão rouca e grave que fazia a mesa as paredes tremerem. — Quero saber o porquê de um certo trio ainda estar vivo.

Por mais que o imenso cômodo estivesse vazio, a presença esmagadora de um único homem o fazia ser minúsculo.

— Angelus, devo dizer que o culpado disso é Lua Branca, ele permite que sua Flor viva. — Gilberto respondeu com firmeza, e mesmo que o pirata estivesse na escuridão e não conseguisse ver seus olhos, sabia que ele o encarava com sua raiva anciã.

— É claro que permite, seu general pau no cu, ela é preciosa, assim como o viadinho do seu filho. — Mogak Belly disse quase cuspindo, seu jeito grotesco e escandaloso sendo o total oposto da elegância de todos ali.

— Cuide da sua língua quando fala comigo, sua orc nojenta! — Gilberto atirou de volta. — Sua incompetência em sequestrá-los ainda me surpreende.

— Incompetência? — Seu grito fez seus tímpanos doerem. — Cê me contrata para pegar a porra do seu prodígio de volta, sabendo que ele também é protegido, e ainda esconde o caralho do motivo dele ser alvo do vei branco. Mas agora que eu sei o'que ele é, logo o terei em minha coleção.. quando Lua Branca terminar o trampo dele, é claro.

— Nem ouse roubá-lo sua...

Apenas o suspiro de Angelus foi o suficiente para calar a briga crescente.

Mogak Belly encarava furiosamente Gilberto de pé ao lado da poltrona vazia, e ele apenas a ignorava observando a sombra na escuridão. Sasa Lei se mexia nervosamente em seu sofá.

— Não me importa de quem é a culpa, o'que realmente importa é como aqueles pequenos ratos conseguiram matar meu consigliere.

Mogak soltou uma bufada, rindo de como ele podia ser o mais poderoso e ainda o mais desinformado.

— Cê não sabe né, poeira velha, não são apenas pequenos ratos, é a putinha do Lua Branca e... o último Groven. — Mogak quase babou ao falar do último homem, o tanto que queria em suas mãos era indescritível. — Eles pensam que estão nos caçando, o primeiro foi Lázaro, quem será o próximo!?

— Sempre grosseira, esse é o mal da sua raça. — Gilberto disse com nojo e Mogak sorriu com o que viu como elogio.

— Kristian Ferreolius é um Groven? — Angelus disse um pouco surpreso, mas depois logo riu. — Você não tem ideia de quem eles são, né, Gilberto.

Os Caçadores FuriososOnde histórias criam vida. Descubra agora