Os Caçadores Furiosos

CAPÍTULO 18

Antes de tudo, precisavam comprar roupas para Kristian e Mei, ficar com as vestimentas extremamente largas em seus corpos não era nada confortável, não quando tinham que segurar a calça para não cair. Não estavam nem mesmo usando roupa de baixo, oque faria com que, caso a calça caísse, a humilhação fosse grande.

Noshal iluminava as ruas das favelas de Pupunha, indivíduos cruzavam as ruas indo em direção aos seus trabalhos e escolas, vivendo sua própria vida. Crianças corriam atrasadas para as aulas, robôs sobrevoaram as ruas assim como o bonde ia de uma lado pro outro levando espécimes para seu local de destino. A todo momento, Roy era cumprimentado, ele sempre sorrindo educado e perguntando como estavam. Nunca negava quando viam ao seu encontro para bater um papo, sempre com a mesma pergunta, qual seria o motivo do seu sumiço, e ele sempre respondendo que era seu trabalho. As mesmas pessoas também comprimentavam os dois atrás de Roy, Mei dava um sorriso falso que logo sumia, e Kristian tentava parecer educado dando um bom dia.

Um trajeto que seria feito em poucos minutos, teve seu tempo prolongado devido ao atraso de Roy. A cidade de Pupunha era um local com temperaturas mais elevadas, então Mei estava derretendo dentro de seu moletom enorme preto, mas nada se comparava ao homem ao seu lado aparentando ter corrido uma maratona de tanto suor, parecia que estava prestes a passar mal. Após Roy ser simpático com todos em sua volta, chegaram em uma loja de roupas, bem simples e humilde. Paredes de concreto contavam com cartazes de moda, as mercadorias expostas em bancadas, prateleiras e cabideiras, tudo limpo e bem arrumado. E novamente Roy foi falar com cada funcionário da loja, pois conhecia todos.

— Seu Romário, o senhor cortou o cabelo! — elogiou enquanto abriu os braços para abraçar um homem velho e careca. — Ficou lindo, meu veio.

— Toda vez isso, ein Touro! — ele riu batendo as mãos nas costas de Roy — Cê tá sumido esses dias, trabalho de novo, né? — Roy concordou enquanto comprimentava beijando as bochechas de todos os funcionários, dizendo o nome de cada um e perguntando como ia a vida. O homem idoso, o Seu Romário, o qual era o gerente da loja percebeu a presença dos acompanhantes de Roy e perguntou:

— Bom dia, sejam bem vindos! São os novos namorados do Touro?

— Não, Seu Romario, são meus amigos do trabalho! — corrigiu Roy, rindo sem graça.

— Sei viu, toda semana um diferente, mas enfim, fiquem à vontade!

Roy continuou batendo papo enquanto Mei, após ignorar as palavras do Seu Romário, deu seu sorriso explicitamente falso e foi em busca de roupas para si, e Kristian depois cumprimentar o velho, também a seguiu andando como se seu corpo pessasse mil toneladas.

Havia vestimentas de todos os tamanhos, principalmente de números grandes. Ali era a loja que Touro sempre comprava, Kristian encontrou até mesmo a mesma blusa que vestia nas prateleiras. Quando Mei finalmente achou roupas de seu gosto, após revirar todas as peças deixando uma bagunça, e Kristian ir atrás dela a xingando irritado e dobrando as mesmas. Entraram no provador e trocaram suas roupas. Roy nessa hora já estava de frente à porta, sentado em um puf remendado esperando que eles saíssem.

Kristian foi o primeiro, vestindo roupas simples: uma calça jeans e uma camisa lisa preta. Era a coisa mais casual que já usara na vida, acostumado com alta costura e tecidos caros. Preferiria que tivesse com seu terno preto ou um sobretudo, mas estava confortável e apropriado para onde iriam. Seu único problema era o calor que sentia, odiava lugares quentes e sempre se sentia fraco, antes mesmo de terminar de se vestir completamente, seu suor tomava conta de sua camisa. Abriu a cortina e se deparou com Roy comendo um bolo, e na hora em que o homem urso percebeu a sua presença, já se levantou enfiando o resto do bolo na boca e batendo palmas, o enchendo de elogios. Parecia que Kristian na verdade estava vestido roupas de gala, com tamanha exaltação que recebia. Até mesmo, Roy o mandou rodar, e obviamente não obedeceu já envergonhado o suficiente.