Memories Of Us - JIARA

32.

Já passava das seis da manhã quando Claire se levantou do sofá onde ela acabou cochilando e arregalou os olhos vendo o sol dar as caras pela janela. Ela olhou para o lado e viu que todos os seus amigos decidiram dormir na sala de Kiara. 

A casa tinha inúmeros quartos de hóspedes mas eles preferiram pegar colchões e dormir na sala. Ela nunca vai entender essa galera.

Ela se lembra de Kiara trazer vários colchões infláveis para o andar de baixo. Isso explica a única memória nítida que ela tinha onde JJ e Pope tentam encher um dos colchões com a boca. 

Em um dos colchões dormiam Sarah e John B e no outro Pope e Cleo. Já ela dividia o enorme sofá com Rafe, enquanto JJ e Kiara estavam desmaiados no outro sofá do outro lado da sala. 

– Droga. – Claire balbucia.

Ela só não esperava que Rafe abriria os olhos devido ao resmungo dela. Ele pisca algumas vezes e parece tentar entender onde estava. Quando ele a vê, franze o cenho e se senta lentamente, passando a mão sob a cabeça. 

– Que horas são?

– Seis e pouco. – ela responde, notando que sua voz estava rouca.

– Por que acordou tão cedo? – ele questionou confuso.

– Preciso voltar para casa. – ela responde se espreguiçando.

– Ah. – ele moveu a cabeça em sinal positivo e a observou ficar de pé, procurando por algo.

– Cadê a droga do meu tênis? – ela resmungou baixinho.

– Esses? – Rafe aponta para o par de all star branco e ela assente sorrindo sem mostrar os dentes. – Como você vai embora?

– Vou pedir um uber. – ela diz sem olhar para ele, enquanto coloca de modo desajeitado o all star no pé.

– As seis da manhã?

– Sim, ué. – ela diz como se fosse óbvio. – Já está claro. Não é mais perigoso.

Rafe fica inquieto enquanto a vê puxar o celular debaixo de uma almofada, o desbloqueando e abrindo o aplicativo do uber. Ele se move rapidamente, inclinando o corpo em direção a Claire e em um movimento imprevisível ele pega o celular da mão dela. 

– Ei! – ela reclama. – O que você pensa que está fazendo?

– Deixa que eu te levo em casa.

Claire abriu a boca, totalmente surpresa. Ela não esperava que Rafe Cameron estava dizendo que a levaria para casa. Não era algo que acontecia sempre. 

– Não precisa. – ela teima negando com a cabeça.

– Desculpa, vou reformular minha frase... – ele usa seu tom mais irônico e a olha. – Eu VOU te levar em casa. Isso não é negociável.

Rafe se levanta e coloca os tênis com facilidade e rapidez. 

– Vamos?

Claire grunhiu rolando os olhos. Ela sabia que não levaria a lugar nenhum ir contra Rafe Cameron naquele momento. Ela estava cansada, precisando de um banho quente, seu pijama de ursinho e sua cama. Não tinha forças para contrariá-lo. Talvez uma outra hora. 

Ela o seguiu até o lado de fora e não fez cerimônia para entrar no JIPE dele. 

– Devia ter esperado que eu abrisse a porta pra você.

– Pode ficar quieto durante todo o caminho? Estou morrendo de sono e pretendo dormir.

– Você precisa me guiar. Não sei onde você mora.

– Usa o Waze. – ela retruca fechando os olhos. Rafe sorri com a cena.

– Estou sem celular. – ele segura o riso quando ela abre um olho e vira o rosto pra ele.

– Está de sacanagem?

– Não. – ele nega com a cabeça e franze os lábios.

Ela bufa alto e se senta direito no banco do carona. Rafe dá partida ainda querendo dar risada do mau humor de Claire Evans. Ela foi dando coordenadas rasas o caminho inteiro. Esquerda. Direita. Vira a esquina. Nada mais saiu da boca dela até o momento em que ela pede pra ele estacionar na frente de uma pequena casa com um jardim bem cuidado e um balanço na varanda. 

– Obrigada pela carona, Cameron. – ela agradece e se vira para abrir a porta mas os dedos de Rafe rodeiam seu pulso a impedindo de sair.

– O que foi? – ela franze o cenho.

– Naquela hora da brincadeira... – ele começa e ela demora um tempo para raciocinar que ele se referia a brincadeira de "eu nunca" da noite passada. – Quando eu falei aquilo...

– Aquilo o que? – ela dá uma pequena risada. – Seja mais específico, Rafe. – semicerra os olhos o desafiando.

Onde ele queria chegar? 

Rafe umedeceu os lábios e riu olhando para seus dedos ao redor do pulso dela. 

– Quando eu falei que nunca senti vontade de ficar com alguém da roda. – ele diz em voz baixa e Claire assente pedindo silenciosamente para ele prosseguir. – Era pra eu ter tomado a dose naquela rodada.

– O que?

Rafe pensa por mais de um minuto e depois sobe o olhar para poder vê-la o encarando com confusão estampada em sua feição. 

– Nada não. Esquece. – ele sorri sem mostrar os dentes e pisca lentamente. – Bom descanso, Evans.

Ela, sem saber o que dizer ou pensar daquele momento, se despede dele com um aceno e desce do JIPE. Ao entrar em casa, Claire repassa os últimos minutos em sua cabeça e confirma que Rafe Cameron era alguém indecifrável.