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Por mais doido que fosse, segunda-feira era o dia favorito de Kiara.

Havia algo em voltar à rotina após dois dias de descanso que encantava nela. Acordar para ir à faculdade, frequentar as aulas, almoçar com Maya e Elisa, passar o máximo de tempo livre entre um período ou outro na biblioteca ou sentada no gramado... Kie amava repetir essa mesma rotina todos os dias.

Mas naquele fim de tarde, ela não se sentia feliz ao atravessar os portões da universidade. Consigo, a morena carregava, com as mãos trêmulas, o último teste de Biofísica Aplicada que havia feito na semana passada. Em vermelho, a nota D- se destacava na folha branca.

D-

Ela havia recebido, em uma prova na qual se matou de estudar, um D-. E mesmo revisando as questões e também as suas respostas, ela não conseguia encontrar erro algum. Na sua cabeça, era para ter um A+ naquela folha. Não a droga de um D-.

Ela passa pelos enormes prédios onde aconteciam as aulas e pisa fundo indo até o prédio onde ficavam as salas dos professores. Kiara queria perguntar ao próprio professor o porquê de uma nota tão inferior como aquela.

Três batidinhas na porta e um "entre" soando do lado de dentro foi o suficiente para que Kiara empurrasse a madeira antiga e visualizasse o professor sentado em sua cadeira, focado em seu computador.

– Professor, posso conversar com o senhor?

O homem, de meia idade e pouquíssimo cabelo, levantou a cabeça assim que escutou a voz dela. Os olhos dele foram diretamente para a mão em que ela segurava a folha e um pequeno sorriso brotou em seus lábios antes de assentir e apontar para a cadeira na sua frente.

Kie engole em seco, sentindo a coragem esvair de seu corpo. Cinco minutos atrás ela estava fumaçando pelas narinas, mas ali, sendo o alvo do olhar prepotente de um dos professores mais casca grossa de todo o campus, de repente ela se sentiu pequena como um Poodle.

Ela fecha a porta atrás de si e anda, em passos lentos, até a cadeira em que o homem havia apontado antes. Ao se sentar, o sr. Willians a encara esperando o motivo dela estar ali em sua sala.

– Arrisco dizer que você está aqui por causa do D- menos em seu teste. – ele diz após ela não dizer nada por um minuto inteiro.

O corpo dela encolhe na cadeira e Kiara assente, criando forças internas para abrir a boca.

Ela não atravessou aquele campus enorme para chegar ali e não dizer uma palavra sequer.

– Eu gostaria de saber o que de fato errei para tirar essa nota. – ela, finalmente, explica, agradecendo aos céus por não gaguejar. – Não consegui encontrar nenhum erro nas minhas respostas.

O professor pediu, silenciosamente, a prova e ela entrega pra ele, ainda sentindo tremedeiras por todo o corpo.

– Vamos ver.

Ele começou a ler o teste e Kiara ficava mais nervosa conforme o tempo ia passando e ele continuava focado nas questões e respostas.

E se realmente tivessem vários erros ali e ela não havia percebido por conta da cegueira causada pelo orgulho e desejo de ter sempre a MELHOR a nota? Ela não aguentaria a humilhação que sofreria por aquele senhor carrancudo.

O seu nervosismo aumenta quando o Sr. Willians se levanta e, ainda com os olhos focados na folha em sua mão, dá a volta na mesa e para atrás dela. Quando Kiara estava abrindo a boca para perguntar o que ele achava de suas respostas, algo a fez paralisar na cadeira.

Algo, não.

O toque dele.

A mão áspera e gelada do professor estava pousada no ombro dela, enquanto o polegar fazia uma leve "carícia" sob a pele exposta dela. Esse ato repentino do mais velho fez com que o estômago de Kiara se revirasse.

– Bom... – a voz dele era calma, como se não tivesse notado o quanto ela estava em estado de choque por conta de seu toque. – Vejo que realmente não há erros suficientes para uma nota tão baixa...

Kiara estremeceu quando o polegar escorregou e começou a acariciar seu braço.

– Não sei se ainda há tempo para mudar as notas no sistema da universidade, porque... a senhorita está ciente o quão próximos estamos das férias, não é?

Kiara engole em seco, não conseguindo assentir ou responder sua pergunta. Ela só desejava sair correndo dali o mais rápido possível.

– Mas posso dar um jeito, é claro. – ele falava com uma voz calma, quase em um sussurro, e isso deixou Carrera ainda mais angustiada. – Só que eu preciso saber o que você, senhorita Carrera, está disposta a fazer para mudar a sua nota.

A bile amarga invade a boca de Kiara quando a mão do homem escorrega, lentamente, pelo braço dela, arranhando sua pele como se estivesse a rasgando. Com o estômago e o coração disputando para saber qual estava mais em pane, ela salta da cadeira, pegando sua bolsa e, evitando o olhar com o velho, saiu disparada da sala.

No caminho, ainda sentindo o coração querendo sair pela boca, Kiara anda desnorteada pelo corredor do prédio e não para pra pedir desculpas paras as pessoas em quem ela esbarrava no percurso, até finalmente chegar na saída.

Quando seus pés alcançaram o gramado do lado de fora do prédio, Kiara sentiu uma tontura, agachando-se no mesmo momento em que o vômito entalado em sua garganta saiu. Enquanto vomitava sob os olhares curiosos das pessoas que passavam por ali, Kie soltou as lágrimas que estava segurando desde o primeiro toque do professor.

– Mas que... – ela não consegue completar a frase antes de voltar a vomitar.

As lágrimas que escorriam por suas bochechas eram quentes e logo se tornaram mais frequentes, sendo transformadas em um choro dolorido.

Kie chorou copiosamente por, o que ela achou, ter sido horas. Com medo do professor sair e encontrá-la ali, sentada no canto da escada do prédio, a morena se levanta e anda em direção à saída da universidade, ignorando os olhares que recebia enquanto não fazia questão de silenciar suas fungadas.

– Para de chorar, Kiara. Para de chorar, droga!!!

Ela se repreendida no caminho até o carro e, quando finalmente estava dentro dele, inspirou e respirou fundo, tentando manter a calma.

Ainda conseguia sentir o toque em seu braço e estremeceu com isso.

Ela precisa de alguém. Precisava do melhor amigo. Precisava de JJ e do abraço dele.

📱 CELULAR DA KIARA

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