memories of us 🤞🏻

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15 ANOS ATRÁS - 2007

JJ encara o caixão na sua frente e suspira, abaixando a cabeça sem conseguir segurar as lágrimas. 

Laura Maybank era a pessoa mais importante para ele e agora ela havia ido embora pra sempre. John não tinha mais sua mãe ali com ele e pensar isso o fez soluçar baixinho. 

Não tinha mesmo um jeito de trazer sua mãe de volta? Deus faria isso se ele fosse a igreja todos os domingos? 

As pessoas olhavam a cena do garotinho de sete anos ao lado do caixão da mãe e se compadeciam, não sabendo mensurar a dor que ele estava sentindo naquele momento tão delicado, mas ninguém ia até ele para consolá-lo, e JJ até preferia assim. Não queria ter que falar com ninguém. Ele só queria ficar no silêncio dos próprios pensamentos. 

E se ele rezasse ali mesmo? Deus a traria de volta? 

JJ sente alguém sentando ao seu lado mas não moveu a cabeça para ver quem era. Se ele ignorasse a presença da pessoa, ela iria embora e o deixaria sozinho novamente. 

Mas não foi isso que aconteceu. Passaram-se dez minutos e a pessoa continuava sentada ao lado dele. Não podia ser seu pai pois Luke estava ocupado em resolver algumas coisas referentes ao enterro. 

Se não era o seu pai, quem poderia ser? 

John e Pope ainda não haviam chegado. E ele não tinha outros amigos além deles. 

Ele abre um olho e espia, ainda de cabeça baixa, vendo os tênis mais coloridos que já viu na vida. Com o cenho franzido, ele sobe o olhar e encontra Kiara Carrera ali, sentada ao seu lado. Ele não consegue disfarçar a surpresa. 

– Oi. – ela é a primeira a falar algo. – Eu sinto muito pela sua mãe.

JJ, mais uma vez, sentiu o nó ficar entalado na garganta e se remete apenas a balançar a cabeça levemente. 

– Eu te trouxe isso. Eram mais mas eu comi os outros. – Kiara estica a mão e ele consegue ver alguns bombons.

Ele a encarou e a viu sorrindo, com os dentes da frente faltando. 

Desde que a conheceu no primeiro dia de aula, há algumas semanas, eles não se falaram muito. Ela passava mais tempo com a Sarah Cameron e JJ e os amigos não gostavam de ter garotas em seu grupinho. Aquela era a primeira vez que os dois conversavam desde o dia que se conheceram. 

– Obrigado. – ele aceita e semicerra os olhos antes de pegar um bombom na mão dela. – Come um.

– O que? – ela franze o cenho e ao ver o sorriso do loiro, ela ri se recordando da vez que ela pediu a mesma coisa com as balinhas que ele havia dado pra ela. – Tudo bem, eu como um.

Ela abre o bombom e dá uma mordida nele, arqueando uma sobrancelha pra ele. 

– Feliz?

– O veneno leva alguns minutos pra fazer efeito. Vamos esperar.

Os dois se encaram e desatam em dar risada. A primeira vez que ele ria em dois dias.

A pequena Kiara se levanta e anda lentamente até o caixão, olhando fixamente por alguns segundos antes de voltar a sentar ao lado de JJ. 

– Ela era uma mulher muito bonita. – ela diz ao mover freneticamente as curtas perninhas.

– É, ela era. – JJ assente e abaixa a cabeça.

– Agora ela é um anjo, então deve estar mais bonita ainda.

A frase de Kiara ecoa pela mente de JJ e ele olha para a menina. 

– Anjo?

– É. – ela balança a cabeça e sorri. – Minha mãe disse que as pessoas viram anjos quando morrem. Você tem um anjo só pra você agora.

Novamente, as palavras de Carrera passeiam pela mente dele e por um momento ele para pra pensar naquilo. Ela tinha razão. A mãe dele era um anjo agora. O anjo DELE. Ele tinha um anjo que podia cuidar dele de qualquer lugar. Pensar assim aqueceu o coração do pequeno Maybank. 

– Aposto que ela não ia gostar de te ver triste. – ela continua e pega na mão dele, sorrindo abertamente.

– É fácil falar, você ainda tem sua mãe com você. – ele não parecia grosso ao dizer aquilo. Soou mais magoado e Kiara entendeu.

Com pouca idade, Kiara era a criança mais compreensiva que alguém poderia conhecer. Ela sabia se colocar no lugar das pessoas e entendia completamente que a dor de alguém nunca será a mesma que a sua. Anna e Mike, seus pais, se orgulhavam muito da filha deles. 

– Eu sei. – ela diz após um momento em silêncio. – Mas eu ouvi dizer que sua mãe era uma mulher muito legal, não acho que ela ia querer que o próprio filho estivesse triste.

Os olhos de JJ se encheram de água e então Kie aperta mais ainda sua mão sob a dele. 

– Vai ficar tudo bem, JJ.

Ele explode e não consegue mais segurar as lágrimas, soltando o choro engatado por horas em sua garganta. Kiara, prontamente, o abraça, dando tapinhas em suas costas. 

– Obrigado. – ele murmura e ela sorri.

– Maybank!

A voz de John Brooke soa pelo local e então Kiara e JJ viram seus rostos para ver ele, Pope, Sarah e, pelo que Kie se lembrava, o irmão de Sarah, parados um pouco próximos do caixão. 

– Sentimos muito, cara. – Pope diz ao ir abraçar o amigo. – Vou sentir saudades da tia Laura.

– Eu também. – John Brooke fala. Ele parecia segurar o choro.

Sarah e Rafe vão falar com JJ e o loiro estranha o fato do Cameron mais velho estar mais simpático. Ele até o abraçou, sussurrando algumas palavras consoladoras no ouvido de JJ. 

O grupinho de crianças ficaram ali, o tempo todo, ao lado de JJ. 

Até que chegou a hora de fecharem o caixão e levá-lo ao cemitério. JJ se desesperou, sentindo que estava prestes a desmaiar. Seu pai, Luke, estava do outro lado, inconsolável. JJ nunca o viu chorar até aquele momento. 

Assim que o caixão foi fechado, JJ sentiu dedos entrelaçarem os seus e olhou, surpreso, para o lado. Kiara sorria sem mostrar os dentes para ele. 

E então, em um passe de mágica, ele se sentiu calmo. Acreditando que, realmente, tudo ficaria bem.

Memories Of Us - JIARAOnde histórias criam vida. Descubra agora