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Algo que Claire Evans nunca contou para ninguém foi sobre seu distúrbio alimentar adquirido quando era mais nova.

Após anos fazendo terapia para se livrar da enorme distorção de imagem que tinha, ela se viu livre da obsessão pela magreza que, por muito tempo, foi seu maior pesadelo. Por fim, depois de sofrer por causa de uma doença que a trouxe infelicidade, a garota preferiu manter essa parte triste pra si mesma.

A única coisa boa de ter passado por isso foi que, na terapia, ela foi incentivada o tempo todo em criar o hábito de se exercitar com mais frequência e, por isso, começou a correr todos os dias de manhã. Aos poucos, quando Claire tinha algum problema, usava suas corridas como refúgio. Então, toda vez que algo a atormentava, ela pegava seus fones de ouvidos, colocava uma camiseta larga, calçava seus tênis, e ia correr pelas ruas de Outer Banks.

Sábado de manhã sempre foi o seu dia favorito para correr. Era quando as feiras eram montadas na avenida principal da ilha, e Claire amava passar por ela sempre que podia.

– Bom dia, senhorita Evans. Como está o seu pai? – James, o dono da barraca de frutas e legumes, sorriu para a moça, que retribuiu.

– Ele está bem, sr. Willians. – ela responde e desvia o olhar para a bancada de frutas pra lá de apetitosas. – Os morangos estão com uma cara ótima!

– Pegue alguns. Precisa repôr as calorias que perdeu na sua corrida hoje.

Ela não negou e aceitou de bom grado, pegando uma pequena bandeja com alguns morangos.

Precisava explicar o porquê amava correr justo no dia de feira?

– Obrigada! – ela agradece, alegre. – Pedirei para minha mãe vir comprar bastante fruta aqui na sua barraca. – piscou e riu quando o homem piscou de volta, de forma cúmplice.

– Amo nossa relação com interesses mútuos.

Ela se despede de James, colocando novamente os fones de ouvidos, e continua sua corrida, aproveitando para olhar tudo em volta, parando de barraca em barraca quando encontrava alguma novidade. Principalmente nas barracas de artesanato.

Quando estava olhando para algumas pulseiras, que chamaram sua atenção por serem a cara da Kiara, e estava pronta para chamar a vendedora para perguntar o preço, um cachorro praticamente a atropelou. Se não fosse pelo seu ótimo reflexo e, pela rapidez em segurar no poste ao lado, ela teria caído de bunda no chão.

Assustada, ela olha para baixo e encontra o meliante, não conseguindo ficar brava. O filho da mãe tinha uma carinha adorável, o que a fez agachar para fazer carinho nele.

– Você não é nada sútil, não é mesmo? – ela brinca e passa a mão na cabeça do pet. – Cadê o seu responsável? Preciso pedir uma indenização.

– Desculpa. Eu pedi pra ele te abordar calmamente mas, aparentemente, ele não sabe como fazer isso.

Claire levanta a cabeça ao reconhecer a voz. Parado ali, Rafe Cameron sorria pra ela, fazendo o coração da pobre garota parar por cinco segundos inteiros.

– Bom dia, Evans.

Rafe usava óculos escuros e roupas que, certamente, foram feitas para malhar.

– Bom dia, Cameron. – ela sorriu, levantando-se. – Caiu da cama?

– É o horário do passeio de Bond, então... fui DERRUBADO da cama. – brinca. – E você? Costuma sempre correr por aqui?

– Sim. – ela responde. – O dia de feira é o meu favorito, por isso madrugo pra correr no sábado.

Rafe assente e olha para o cachorro.

Memories Of Us - JIARAOnde histórias criam vida. Descubra agora