Memories Of Us - JIARA

56.

Claire estranha quando Rafe estaciona o carro no estacionamento do principal cais de Outer Banks. Ela franze cenho e o encara, pronta para questionar o motivo dele ter parado ali em vez de ir para o centro da cidade, como ela achava que eles iam fazer.

– O que...

– Desce. – ele pede ao soltar o cinto de segurança e sair do carro.

Ainda sem entender nada, Claire decide fazer o que ele pediu. Ela destrava o cinto e desce da Land Rover. Um homem de, mais ou menos, uns quarenta anos, se aproxima sorrindo.

– Sr. Cameron. – ele diz ao cumprimentá-lo com um aperto de mãos. – Quanto tempo não te vejo por aqui?

– Faz alguns meses. – Rafe responde rindo. – Senti falta da Stella e pensei em vir vê-la.

Stella?

Quem diabos é Stella e por que Rafe Cameron achou uma boa ideia de levá-la para ir ver uma garota que ela não conhecia?

Claire cruzou os braços e observou o homem engatar uma conversa sobre a tal Stella. Conversa essa que ela fez questão de não ouvir.

– Vai ficar aí? – Rafe se virou pra ela e só então Claire reparou que os dois já estavam se afastando dela. – Claire, esse é Bruce, um dos funcionários mais antigos do meu pai. Ele me conhece desde as fraldas.

– Prazer, Bruce. – Claire sorriu sem mostrar os dentes.

– O prazer é meu, senhorita. – o senhor sorriu simpático e se virou para Rafe. – E como estão suas irmãs? Sarah continua uma pestinha?

– Receio que ela nunca deixará de ser uma praga. – Rafe brinca e Claire solta um riso baixo, ao contrário de Bruce, que gargalha alto diante da resposta. – Wheezie está no Canadá, então está dando menos trabalho.

– Seu pai morre de orgulho de vocês três. – Bruce comenta e rola os olhos. – Não para de falar sobre vocês quando vem aqui.

– É, ele tende a ser um babão emocionado. – Rafe ri. – Vamos? Estou doido pra ver minha Stellinha.

Minha Stellinha.

Claire não quis fechar a cara quando ouviu aquilo mas foi impossível.

Ela sorriu quando Bruce riu e os seguiu para dentro do cais. Tentava se lembrar se Rafe ou até mesmo um de seus amigos, principalmente Sarah, mencionou uma Stella alguma vez, mas o nome nunca foi citado por nenhum deles.

Rafe conversava animado com o Bruce e vez ou outra olhava para trás para se certificar que Claire ainda os acompanhava. A garota tinha toda a atenção voltada para o celular e ele havia notado que, de repente, ela havia ficado quieta demais.

– Aí está ela. – Bruce anuncia após alguns minutos de caminhada pelo cais.

Evans levanta a cabeça, desfocando da tela do celular, para ver a famosa Stella e franze quando, em vez de encontrar uma loira gostosona, ela vê um enorme iate.

– Minha princesa. Sentiu saudades de mim?

Claire abre a boca surpresa e se xinga mentalmente por ter pensado que aquele idiota, que falava com um barco como se fosse um bebê, fosse capaz de levá-la para encontrar outra mulher. Naquele momento, ela quis dar risada.

– Essa é a Stella? Um barco? – Claire arqueia uma sobrancelha em direção ao Cameron e ele assente enquanto sorri adoravelmente. – Você batizou um barco com o nome de uma mulher?

– Não começa. – ele aponta o dedo pra ela e Claire reprime os lábios para não gargalhar.

Rafe ri e acena com a cabeça para que ela o seguisse. Passando por uma pequena ponte de madeira, ele subiu no barco e a ajudou, segurando-a pela mão, a subir sem nenhum problema ou drama. Bruce já estava dentro do iate e disse que precisava verificar algumas coisas no motor, então desceu uma escada e sumiu por lá.

Claire não reparou, até então, que ainda segurava a mão de Rafe, só notando quando o mesmo a puxou para entrar.

Ela não conseguiu evitar arregalar os olhos quando os dois pisaram no que era pra ser a sala de estar. Aquele cômodo era maior do que a sala da casa dela. E eles estavam em um barco. EM UM BARCO! Com a boca aberta, ela olha ao redor e se choca mais ainda quando seus olhos encontram a cozinha.

COZINHA. Sim. A tal Stella tem uma cozinha que, aparentemente, é o sonho de qualquer masterchef.

Além da cozinha, o iate tinha um bar, repleto de tanta bebida que ela se questionou se a família de Rafe teria geração o suficiente para beber tudo aquilo.

– Uau. – é apenas isso que ela consegue dizer.

Rafe ri ao seu lado e solta suas mãos, sentindo um pequeno formigamento ao se ver longe do toque dela.

Bruce aparece na sala e Claire não parece prestar muita atenção no mais velho, passando a olhar tudo ao redor. O sofá da sala do Iate dos Cameron era maior que a sala da casa dela.

– Sr. Rafe, tá tudo certo com o motor. Precisa que eu vá junto?

Claire passa a prestar atenção na conversa dos dois.

– Não é necessário. – Rafe nega com a cabeça. – Você trouxe o que eu pedi?

– Está tudo na cozinha. – ele responde e Rafe sorri satisfeito. – Ah, e eu testei o rádio de comunicações e não tem nenhum problema. Qualquer coisa pode me contatar, viu?

– Pode deixar, Bruce. Obrigado.

Bruce assentiu e se virou para Claire.

– Se divirta, senhorita. – ele pisca e Claire sorri.

– Eu vou. – ela pisca de volta e ambos dão risada antes dele sair do barco.

Claire se vira para Rafe e o encara chocada.

– O que?

– Vamos andar de barco? – ela mostra os dentes e ele ri.

– Alguma objeção contra isso?

Ela nega com a cabeça e dá alguns pulinhos, se sentindo animada.

Nem em suas imaginações mais absurdas, Claire pensou que andaria de barco com Rafe Cameron. Se tivessem dito pra ela há uns dois meses atrás que isso aconteceria, ela certamente daria risada e pediria para a pessoa ir se tratar.

– Você gosta de comida japonesa?

– Eu amo. – ela responde e o segue até a cozinha.

Cozinha.

Ela ainda não consegue acreditar que é possível ter uma cozinha como aquela dentro de um barco.

Gente rica sabe mesmo como gastar dinheiro.

– Pedi para que Bruce pedisse de tudo um pouco. – ele explica ao entregar algumas sacolas pra ela. – Me ajuda a pôr a mesa?

– Claro. – ela concorda e anda até a pequena mesa com bancos estofados.

Ela olha dentro de uma das sacolas e sente vontade de abraçar Bruce por ter acertado no que pedir.

Olhando para Rafe todo concentrado em arrumar a mesa, Claire Evans sentiu o coração vacilar, não só uma, mas inúmeras vezes.

Maldito coração fraco por homens bonitos.