O Marquês Desejado

As regras do coração

O cheiro de jasmim rodeava o quarto da princesa, impregnando e a relaxando na banheira enquanto suas criadas a ajudavam no banho e lavavam seu cabelo para o baile de aniversário. Elas entravam e saíam de seu quarto com diversas especiarias e perfumes para prepará-la.

Catarina levantou os olhos e suspirou quando se lembrou da discussão com o Marquês, mas, ao julgar por não ter sido chamada até aquele momento pelo rei, ele não havia a delatado ou ao menos esperaria seu aniversário passar.

- Sua Alteza se sente mal? - Uma de suas criadas perguntou quando estava prestes a mergulhar o seu cabelo na essência de violeta.

- Eu estou bem, não se preocupe. - Respondeu-a - Lave meu cabelo com o açafrão que a Condessa de Lewis trouxe para mim da Índia, por favor.

- Sim, Alteza. - Curvou-se e saiu do lavabo para preparar a iguaria.

Catarina observou ela sair pela porta e viu rapidamente cachos dourados se esconderem por ali.

- Entre, Serena. - Pediu. A pequena princesa demorou alguns segundos para sair de seu esconderijo, parecendo hesitar, mas saiu e entrou no lavabo, recebendo diversas mesuras das criadas - Voltem daqui a meia hora, por favor. - Pediu a suas criadas.

Rapidamente, cerca de vinte mulheres saíram do lavabo, deixando óleos, perfumes, essências, especiarias e uma princesa na água.

Catarina fitou o vestido azul claro da irmã e os cabelos, normalmente soltos e selvagens, perfeitamente presos em uma trança. Esse era o efeito de um grande evento no palácio.

- Aproxime-se, Serena. Eu tenho que pedir desculpas...

- Doug me explicou que foi ver a sua amiga... - Aproximou-se, ficando ao lado da banheira. Ela levou as mãos até o rosto da irmã e apertou suas bochechas, repreendendo-a - Ele não vai contar ao papai e a mamãe. Ele vai embora no final do mês com os outros então me pediu para vigiá-la.

Catarina riu, soprando de forma incrédula. Ele não disse ao rei e à rainha, mas contou para sua irmã de dez anos. O Marquês sabia como prendê-la. Serena estava sempre andando pelo palácio, ela era a pessoa perfeita para vigiá-la.

- Perdoe-me, eu não queria tê-la feito chorar. - Tirou uma das mãos da água e a levou até o rosto de Serena, mas ao invés de apertar suas bochechas, Catarina a acariciou - Desculpe, eu estou te molhando...

Serena fechou os olhos por alguns segundos aproveitando o toque da irmã e apoiando suas mãos na borda da banheira.

- Eu não me importo em ficar molhada. - Respondeu e logo sua expressão mudou, como se tivesse lembrado de alguma coisa - Você e Doug brigaram? Ele estava triste quando veio conversar comigo...

Catarina paralisou por um instante, mas se recompôs e pigarreou.

- Ele... Ele estava triste?

Serena balançou a cabeça, afirmando.

- O tio Adam me disse que ele gosta de você.

Catarina se lembrou do momento que tiveram antes de discutirem. O jeito como ele a olhara fora tão intenso que ela teve a sensação de perder o ar e o modo que a tocara fizera sua pele queimar e formigar ao mesmo tempo que seu coração acelerava como nunca.Naquele momento, ela sentia o coração dele e até mesmo pensou que seus sentimentos fossem recíprocos

"Catarina, eu destruiria qualquer um que ousasse machucá-la ou colocá-la em situação de perigo."

"Eu achei que iria enlouquecer..."

"Ah Cat..."

Catarina sentiu o corpo inteiro arrepiar com as memórias.

- A água está fria? - Perguntou Serena percebendo o tremor repentino dela.