O peso de uma coroa

283 57 24
                                    

Eram quatro da manhã e Doug questionava toda a sua existência enquanto colocava Nora no sofá para dormir após ela insistir em subir em suas costas para, segundo ela, "ver como era a vista do alto".

Céus, aquilo era um desastre.

Nora já tinha sido eliminada depois de dois copos e Ethan estava dormindo em uma poltrona há uma hora.

Adam e Alam já tinham sido eliminados, mas ficaram sóbrios novamente há meia horas atrás. Adam estava na porta com Doug, vigiando se vinha alguém enquanto Alam apenas se juntou ao sobrinho e dormiu na poltrona.

Assim que os derrotava, Catarina puxava assunto com cada um enquanto enchia o copo do adversário, perguntando de forma esperta e sutil sobre o baile passado.

Estava tudo indo bem até que Dinesh e David se juntaram para desafiar a princesa.

E foi naquele momento que as coisas começaram a pesar para Catarina.

Ela detestava quando os dois se uniam. Desde pequena, David fora a pessoa que mais brincou com Charles e ela por terem idades próximas, mas como o mundo de meninas e meninos é muito diferente quando se é criança, não demorou para que ele a trocasse por Dinesh. Catarina também tinha um carinho muito forte por ele então não fora esse o motivo de sua revolta. O maior problema da amizade dos dois era que, quando estavam juntos, eram implacáveis.

Assim que os dois se aproximaram, Catarina sentiu um frio na espinha e um arrepio percorrer seu corpo. Ela não tinha muitos medos na vida, mas David e Dinesh juntos era um deles.

Ela esticou a mão para pegar o baralho quando alguém segurou seu braço, interrompendo-a. Charles, o irmão ao qual compartilhara o ventre ao mesmo tempo, estava nitidamente corado mesmo sobre a pele escura, seus cabelos ondulados bagunçados e seus olhos azuis mal focavam no rosto da irmã.

Ele não podia continuar, estava eliminado. Catarina tinha o interrogado mais por precaução do que realmente suspeita. Ethan fazia bem mais o tipo de provocação anônima, Charles era mais direto, até demais ela diria. Se ele tivesse os visto juntos, já teria falado com ela.

- Você bebeu três copos, Cata.

Cata... Charles a chamava assim em duas situações: quando eram crianças e quando estava bêbado e deixava seu lado carinhoso vir à tona.

Catarina se virou para ele e tocou seu rosto com as duas mãos, acariciando suas bochechas com o polegar enquanto fitava aqueles olhos que eram iguais ao dela.

Ela tinha que se aproveitar que ele não se lembraria de nada no dia seguinte para ser carinhosa.

- E você também, mas eu estou bem. - Enrolou uma mecha do cabelo ondulado dele no dedo mindinho - E você não.

- Cata...

Charles deu um passo à frente e abraçou a irmã, afundando a cabeça dela em seu peito e a balançando sutilmente de um lado para o outro como se estivesse ninando ela em pé.

- Tio Adam... - Catarina o chamou.

Em três segundos, Adam apareceu ao lado dos sobrinhos, tirou Charles de Catarina, se abaixou, agarrou o braço dele e o jogou por cima dos ombros.

Rápido, prático e fácil.

- Honre a nossa família. Não perca para esses dois. - Piscou para ela e saiu com Charles nos ombros como se ele fosse uma pluma. Ele estava claramente se divertindo com tudo aquilo. Talvez fosse deles que Catarina tinha puxado a rebeldia.

- Alguém mais vai nos interromper? - David se inclinou sobre a mesa. Os olhos castanhos brilhavam com competitividade.

- Vamos começar. - Pegou o baralho e o dividiu com maestria - Apenas o que monta pode beber, se ficar bêbado, o outro entra no lugar.

O Marquês Desejado Onde histórias criam vida. Descubra agora