Pouco mais de um mês no barco, Doug e Catarina estavam de volta a Londres. Eles não sabiam a hora exata, mas pelo céu escuro e as ruas silenciosas, devia ser de madrugada.
Eles mantiveram distância durante todo o percurso, desde as carruagens separadas, até a entrada ao Palácio. Catarina fora direto para o quarto, alegando aos criados que não precisavam acordar ninguém, e que estava cansada.
Doug fora conduzido ao quarto que sempre ficava quando vinha visitar o Palácio.
E assim eles ficaram, durante meia hora. Nenhum instante a mais.
Eles saíram dos quartos pelas passagens de Serena e se encontraram entre as paredes da sala de música de Catarina. Ela teria que agradecer infinitamente a irmã por ser tão absurdamente inteligente para descobrir tantos caminhos dentro das paredes.
Estava escuro, mas isso não impediu Doug de beijá-la. As últimas semanas foram torturantes. Ele a via todos os dias no barco, mas não podia abraçá-la ou beijá-la como queria. Eles tiveram sorte de todos estarem preocupados demais em morrer para se lembrarem ou verem malícia no dia em que ficara sozinho com ela em sua cabine durante a tempestade quando estavam indo a Edimburgo.
Ele suspirou rente aos lábios dela e se deliciou com as mãos dela em seu cabelo. Sentia os dedos dela se emaranhando nos fios, puxando-os levemente, fazendo-o aprofundar o beijo.
Doug se inclinou sobre ela, e segurou sua cintura, erguendo-a sobre si. Catarina entrelaçou as pernas em suas costas, agarrando seus ombros enquanto sentia as mãos firmes dele a segurando.
Ele começou a andar para sair da passagem para entrar na sala de música. Céus, como sentiu falta dela. Queria colocá-la sobre o piano e tocar todas melodias do mundo para ela.
Sem parar de beijá-la, Doug a segurou apenas com uma mão, levando a outra para arrastar a parede falsa e entrar na sala. Contudo, assim que entraram, um som de teclas preencheu o ambiente, paralisando os dois.
Catarina abriu os olhos no mesmo instante, já rezando para que fosse um de seus irmãos. Mas, infelizmente, não era nenhum deles.
Um par de olhos azuis e arregalados se encontrou com os dela, e em seguida, olhos castanhos também olhavam em sua direção, mas encaravam o homem que ela estava agarrada.
Ambos os casais se olhavam surpresos, estáticos. Por três segundos inteiros, nenhum dos quatro se moveu.
Doug estava vendo seu sobrinho roubando sua ideia do piano, e Catarina observava sua prima sentada sobre seu piano, sendo beijada de uma forma escandalosamente inapropriada para a filha de um Duque. Nora segurava os ombros de David enquanto as mãos dele estavam firmes em sua cintura mesmo após terem sido pegos.
Catarina sacudiu o ombro de Doug, dando sinal para colocá-la no chão. Nora fez o mesmo, mas não tão delicadamente, ela estapeou o ombro de David e ele a tirou de cima do piano.
As primas se encontraram no meio da sala, ambas sem saberem direito o que dizer enquanto Doug ainda estava indignado por David ter roubado a sua ideia, e David revoltado por terem sido interrompidos.
- Eu tenho muitas perguntas. - Foi tudo o que Catarina conseguiu dizer.
- Eu... estou muito feliz por você ter voltado... Fez uma boa viagem? - Nora tentou sorrir, mas estava envergonhada demais para conseguir.
Catarina alternou o olhar entre ela e David, ainda sem acreditar no que seus olhos viram. Ela jamais imaginou os dois juntos, e muito menos no piano dela.
- No meu piano, Nora?
- Perdão. - Desviou o olhar para o chão e David veio ao seu socorro, ficando ao lado dela e segurando sua mão.
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O Marquês Desejado
RomanceQuando sentiu a primeira gota cair sobre si, Catarina soube que viria uma tempestade, o que ela não esperava, era que mesmo depois de quatro anos, ela ainda se lembraria do marquês que viera com ela e como seria difícil viver um romance secreto send...