A fábrica e a maçã

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Catarina mal podia acreditar no que seus olhos viam. Após um mês eles finalmente haviam chegado na Escócia. Quanto mais o barco se aproximava da cidade, mais ela se inclinava para frente. As casas e os comércios montados perto do porto pareciam cada vez maiores, vários homens usando kilt e crianças ruivas andando com suas mães, algumas vendendo mercadorias, outras ajudando no porto.

O Sol começava a nascer, iluminando cada pedaço que tocava, reluzindo na água e nas montanhas em um brilho que deixou Catarina sem palavras.

A brisa fria começava a esquentar à medida que seu coração também acelerava.

- Você parece deslumbrada, Catcat. - Alam se aproximou enquanto esticava seus braços para cima. Ainda não acreditava que Doug tinha o acordado aquela hora.

Ela se virou rapidamente, apenas para olhar o tio e voltou-se para frente.

- Ele te acordou para me fazer companhia?

Adam suspirou e apoiou os braços na borda do barco, ficando ao lado da sobrinha.

- Se parasse de dispensar a companhia das suas criadas, eu ainda estaria dormindo e sonhando muito feliz em minha cabine. - Bocejou - Eu juro que quase o matei quando ele me acordou e falou "Catarina está quase caindo para fora do barco tentando ver melhor o porto, vá ficar com ela". - Revirou os olhos imitando a voz do Marquês.

- Se ele chamasse Adam, estaria debaixo da água neste momento, por isso o chamou. - Respondeu e desviou de um peteleco na testa - Ele está evitando ao máximo ficar sozinho comigo desde o dia que disse estar apaixonada por ele. Mas não se preocupe, ele não conseguirá se esconder de mim quando chegarmos.

- Antes você tinha dito que não falaria. O que a fez mudar de ideia?

Catarina sorriu, sentindo a brisa bater em seu rosto.

- Eu desisti dessa ideia. Quando eu olhei para ele, eu vi tantas feridas que não pude deixar de dizer. - Deu de ombros e olhou para ele - Além do mais, eu não posso esconder o que está estampado em mim quando estamos juntos. Eu quero ser uma pessoa mais sincera.

Alam levou uma mão até o topo de sua cabeça, acariciando seu cabelo enquanto suspirava de novo, mas dessa vez, era um suspiro de compreensão.

- Você se apaixonou por alguém nobre, Cat. Nobre até demais, a ponto de sacrificar o maior desejo dele apenas para não fazê-la infeliz. - Voltou a se escorar na borda do barco, encarando o mar.

Catarina tocou o ombro dele, chamando sua atenção.

- Você já se apaixonou? - Perguntou delicadamente. Ela nunca tinha visto o olhar e a voz de Alam transparecer aquele sentimento.

Ele hesitou alguns instantes, como se estivesse lembrando de alguém.

- Sim, Cat. Eu já me apaixonei uma vez. - Voltou a sorrir e deu de ombros - Contudo, eu não fui corajoso como você e não lutei por ela.

- Talvez ainda dê tempo.

Ele riu e endireitou a postura.

- Esqueça isso, Catcat. - Apontou para frente - Estamos dentro no porto.

Escondidos atrás de uma das cabines, Doug e Adam observavam os dois. O Marquês estava empenhado em sua missão, já Adam parecia mais focado em se acomodar ao barril que estava sentado, tentando achar uma posição confortável para dormir.

- Ela parece tão feliz... - Sussurrou Doug sorrindo. Ele também ficava feliz quando ela sorria.

- Cale a boca, idiota. - Adam tentou acertar um tapa na cabeça dele, mas estava sonolento demais para isso - O que eu tenho haver com a sua paixão pela princesa?

O Marquês Desejado Onde histórias criam vida. Descubra agora