Uma princesa, um rico e uma cientista ao redor de um fogão

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O Sol ainda começava a nascer quando Doug entrou no quarto de Catarina pela passagem na parede, e por coincidência, ela chegara logo depois dele.

Nenhum dos dois tinha dormido.
Estavam exaustos, mas acima de tudo, extremamente preocupados.

– Como meus irmãos estão?

A voz dela não tinha brilho algum, estava rouca e cansada.

– Ethan ainda está dormindo, Serena já acordou e está um pouco melhor, felizmente seu irmão conseguiu tirá-la de lá antes que fosse tarde, já Charles ainda está desacordado, os médicos estão com ele nesse momento. – Falou e Catarina suspirou, deixando seu corpo cair sobre a cadeira da penteadeira – Desculpe, eu não consegui estar com você no parlamento.

– Não se preocupe, eu pude pensar melhor sabendo que você estava cuidando de tudo aqui. – Ela enterrou a cabeça nas mãos, tentando aliviar sua dor de cabeça – Meu pai não foi ao parlamento.

– Ele ficou com seus irmãos em vários momentos, em outros ele saia e se reunia com alguns soldados, depois de um tempo eu não o vi mais. – Aproximou-se dela e se abaixou até o chão, encarando-a nos olhos – Como foi com o parlamento?

– Eles demoraram horas para acreditar em mim, tudo porque o rei não estava presente. Eu tentei acalmá-los dizendo que os príncipes e a princesa contraíram uma gripe no campo e que vieram ao palácio se tratar. – Explicou e sentiu Doug segurando suas mãos – Tentei convencê-los de que nada demais estava acontecendo e que o rei estava ocupado para comparecer em uma reunião de última hora. Depois disso, eles tentaram se aproveitar que meu pai não estava e começaram a me questionar sobre a viagem repentina da minha mãe, e apontaram o tanto que essa atitude era atípica da rainha, visto que ela sempre foi reconhecida pela sua dedicação integral à Coroa.

– Como você resolveu isso?

– Nas primeiras horas, eu tentei parecer o mais calma e despreocupada possível, depois eles começaram a se aproveitar demais da minha paciência e eu mandei eles se calarem para me escutar. – Confessou e Doug soltou uma risada soprada – Eles pareciam abutres hoje.

Ele se inclinou sobre ela, abraçando-a. Catarina circulou os braços em volta do pescoço dele e descansou sua cabeça ali, as mãos dele alisavam suas costas devagar, como se pudesse dissipar um pouco daquela tensão que parecia congelar seus músculos.

E por alguns minutos, eles ficaram assim. As luzes fracas das velas aos poucos iam perdendo lugar para o Sol nascendo e iluminando o quarto através das cortinas.

O dia tinha amanhecido mais uma vez.
As pessoas fora do palácio tinham acordado e seguido a vida normalmente.

O mundo continuou o mesmo.

Não importava o quanto tudo parecia desmoronar para ela, a vida continuava.

E ela não podia parar.

– Meu pai está no palácio? – Perguntou e se endireitou na cadeira.

Doug pareceu confuso com a pergunta repentina dela.

– Não, ele saiu.

Ótimo era tudo o que ela precisava.

– Durante as últimas horas, eu vivi e senti medos que eu nunca havia sequer cogitado antes… – Admitiu – Eu vi que além de capacidade, eu também não tenho emocional para lidar com um golpe a Coroa, e eu pensei em desistir de ir mais a fundo em tudo isso e apenas seguir as ordens do meu pai.

– Normalmente eu seria o primeiro a apoiar essa decisão. – Suspirou e voltou a olhá-la – Eleonor começará a trabalhar no palácio amanhã então você não teria mais que sair escondida… Você viveria como uma princesa normal. – Levantou-se – Mas eu te conheço e sei que agora você vai dizer que pensou nisso apenas por um momento, mas que vai continuar.

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