- É a minha vez. - Alam gritou dentro da carruagem - Eu vejo algo... brilhante!
Após a inauguração da fábrica ocorrer exatamente como Catarina havia previsto e ela abrir uma investigação sobre o golpe de Tavish, ela terminou o que tinha ido fazer em Edimburgo. O que foi a deixa perfeita para os gêmeos prepararem uma carruagem logo no dia seguinte para irem a Portree, a cidade onde a história da Sociedade Privada do Chá Escocês começou.
Catarina se recusou a ir com suas criadas em uma carruagem separada, queria ir com os tios e Doug. Contudo, após tanto tempo, ela se arrependeu amargamente de sua decisão. Ir com suas criadas resultaria em horas intermináveis de um silêncio desconfortável, onde ela ficaria pensando em não fazer nada de errado para que não fosse delatada assim que voltasse. Mas ir com eles gerou um barulho insuportável.
O som deles brincando de adivinhação.
Ela gostou da ideia no início, mas tudo já havia perdido a graça, há cinco horas atrás.
- Já sei! Os olhos do Doug quando olham pra Catcat! - Respondeu Adam, orgulhosíssimo de sua resposta.
-Acertou! - Alam bateu palmas e Adam o acompanhou. Ambos tinham uma energia radiante, completamente oposta à do casal que ainda não era casal - Sua vez, irmão.
Adam cruzou os braços, refletindo.
- Eu vejo...
- Um idiota pensando em uma adivinhação. - Doug o interrompeu, desistindo de fingir que estava dormindo.
- Eu sei! Adam! - Respondeu Catarina em uma empolgação nitidamente forçada.
- Vocês dois são cruéis. - Adam relaxou no banco da carruagem
- Estamos tentando diminuir o tédio e tornar essa viagem divertida. - Alam abriu mais um de seus biscoitos embrulhados que suas criadas fizeram para a viagem e também relaxou a postura.
Catarina abriu a janela da carruagem.
- O que está olhando? - Doug também começou a olhar para fora.
- A distância da carruagem até o chão. - Explicou - A diversão é tamanha que sinto vontade de pular.
- Oh... - Doug murmurou compreensivo, como se também estivesse analisando aquela possibilidade - É outono, as folhas devem amortecer a queda.
- Ou seria melhor jogar eles pela janela?
O marquês e a princesa olharam para os gêmeos que os encaravam de forma indignada.
- Nós estamos ouvindo. - Adam se endireitou, cruzando os braços.
Doug e Catarina o ignoraram completamente, voltando a olhar para a janela. Com o fundo das reclamações de Adam e o barulho de Alam comendo biscoitos, Catarina desligou-se desses sons e subiu o olhar do chão para a floresta que os cercava. As folhas das árvores eram tingidas do mais belo vermelho e mais vivo amarelo. Ela já tinha visto o outono dentro dos muros do palácio, mas aquilo era diferente. Era muito mais que um pedaço. Era grande e vasto, seu olhar não era capaz de dizer quando começava e quando terminava aquela imensidão.
Catarina olhou para o lado, buscando o olhar de Doug a sua frente. Contudo, ele já estava olhando para ela.
Doug sabia que devia evitar fazer esse tipo de coisa. Ele precisava conversar com Catarina o mais rápido possível antes que ela continuasse pisando no juízo dele. Mas tinha aquela bochecha o atrapalhando.
Aquela mísera e adorável bochecha.
E seu adorável nariz.
E seu adorável queixo.
E seu adorável cabelo.
E seus adoráveis lábios.
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O Marquês Desejado
RomanceQuando sentiu a primeira gota cair sobre si, Catarina soube que viria uma tempestade, o que ela não esperava, era que mesmo depois de quatro anos, ela ainda se lembraria do marquês que viera com ela e como seria difícil viver um romance secreto send...