Príncipe Chase

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Catarina já não ouvia mais o zumbido no ouvido, sua visão não oscilava e a consciência já tinha se estabilizado, mas nada disso foi motivo para o príncipe Chase se afastar dela.

Ele ficou ali o tempo todo. A cada careta de dor que ela fazia quando o médico dava pontos em sua cabeça, os ombros dele se encolhiam e seu rosto replicava suas caretas, parecendo sentir a dor por ela.

Naquela altura, sua mente já estava bem o suficiente para entender o que tinha acontecido.
Tinha chegado a vez dela, mas foram pegos.
Seu pai já deveria estar sabendo, e estava cuidando disso pessoalmente. Tudo o que queria era sair correndo até o rei e descobrir quem estava por trás de tudo isso. No entanto, era impossível naquele momento.
Havia um impedimento.
Um impedimento com mais de um e oitenta, loiro com olhos heterocromáticos absurdamente preocupados observando cada mísero movimento dela.

Catarina nunca fora reconhecida por sua paciência com pessoas, mas o príncipe Chase parecia tão sincero e genuinamente apreensivo com a situação, que ela não pôde ficar irritada.

Ele era tão bonito e atencioso que Catarina já estava começando a achar um pouco de graça daquilo, ele estava praticamente em cima dela e do médico, atento a cada detalhe.

Se ela pudesse enxergar seu anjo da guarda, tinha certeza de que a expressão dele era igual à do príncipe.
Um anjo da guarda de vinte e poucos anos.

- Eu já lhe disse que estou bem, Alteza. É melhor desfazer essas expressões, parece ainda muito jovem para rugas. - Catarina tentou tranquilizá-lo pela segunda vez. A primeira tentativa saíra meio embolada, mas agora que já tinha voltado completamente a si, conseguia se expressar melhor - Agradeço imensamente por ter salvado minha vida. - Encarou seus olhos para ter uma desculpa para olhar aqueles olhos exóticos fixamente. Era a primeira vez que via olhos de cores diferentes, era fascinante, curioso e lindo.

Agora em sua mente sempre imaginaria seu anjo da guarda com olhos heterocromáticos.

Aquilo não fazia muito sentido e com certeza Doug iria chamá-la de estranha, sorrir confuso e soltar uma risada rouca como se ela tivesse dito a maior esquisitice do mundo.
Mal via a hora dele chegar.

- Não precisa agradecer, Alteza. - Fez uma reverência para ela.

- Você deve estar se questionando sobre o que aconteceu. - Levantou a mão e fez sinal para o médico sair.

Precisava resolver isso e descobrir o que aconteceu com Eleonor e se ela estava bem.

- Eu não me atreveria, Alteza.

Catarina levantou uma sobrancelha confusa enquanto o encarava. Não era a primeira vez que recebia outros príncipes e princesas no palácio, e a maioria deles era arrogante o suficiente a ponto de fazê-la se lembrar como odiava recebê-los. No entanto, o príncipe Chase até o momento não a fez odiar sua presença.

- Eu lhe peço que não conte a ninguém o que viu aqui hoje.

- "Viu", o quê exatamente, Alteza? - Fez-se de desentendido e Catarina sorriu de lado instantaneamente - Como poderia especular sobre os problemas de um palácio sendo que também sou o príncipe herdeiro de um? - Apontou para a cadeira ao lado dela, pedindo permissão para se sentar. Catarina permitiu, curiosa com ele - Meu pai e minha irmã estão hospedados na cidade, nós acabamos desembarcando no porto errado, então nos desencontramos dos soldados do palácio. Meu pai mandou que eu viesse pessoalmente avisar sobre a nossa chegada para que os soldados não ficassem nos procurando no porto.

- Por isso veio tão cedo...

- Os jardins e a área da floresta são fascinantes, em um momento eu estava seguindo os criados e no outro estava perdido no meio das árvores, foi quando vi eles levarem vossa alteza.

O Marquês Desejado Onde histórias criam vida. Descubra agora