Xadrez letal

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Algumas horas antes…

Chase já havia entendido tudo, mas seu coração ainda estava assimilando, como se não quisesse acreditar que seu pai tivesse feito aquilo.

– … Você é um demônio. – Sua voz estava embargada, recheada de ressentimento e decepção.

Chase saiu do quarto quando seu pai ainda falava.
Ele não queria mais escutar.

Na verdade, não queria mais existir naquele momento.
Em poucos meses havia perdido sua mãe em um golpe contra Coroa, sua irmã e seu pai, que apesar de ainda estar vivo, havia morrido em seu coração depois de ter matado Rose.

A Grã-Bretanha logo descobria, era óbvio, Cambell havia traído Clement.

Chase não sabia se acreditariam em sua inocência, morreria ou seria preso. Sequer podia dizer se a Defânia agora seria dominada pela Inglaterra ou a França a tomaria de vez.

Sua cabeça girava e sentia seu corpo e alma ruírem.
O que faria agora? Chorar?
Não, ele já tinha chorado demais.

Chase atravessou o corredor, vendo o Marquês de Lowell saindo às pressas com um soldado ao seu lado.

A mente de Chase estalou.
Havia apenas uma coisa que conseguiria fazer.

Ele correu atrás de Doug, chamando a atenção dele.

– Espere, Lowell. – Pediu, aproximando-se – Eu sei quem sequestrou a princesa Catarina.

Doug e Brandon se entreolharam.
Suas expressões eram sérias e o clima entre eles não parecia muito bom.

– Aaron Cambell. – Doug respondeu.

Chase arregalou os olhos, surpreendendo-se com a fala dele.

– …Como sabia? Desde de quando?... Alguma notícia da princesa? – Bombardeou Doug de perguntas.

– Eu estava indo comprovar essa suspeita na verdade. – Suspirou e olhou rapidamente para Brandon que parecia ainda pior – Como sabe sobre Cambell?

Chase não queria hesitar, mas seu corpo travou por um instante, não por piedade, mas pelo peso daquelas palavras.

– O rei da Defânia ajudou Cambell durante o golpe. – Confessou com seu coração doendo a cada palavra – Ele queria que eu me casasse com a princesa e unisse os países, tudo para destruir a França no futuro. – Ele não conseguia sequer olhar nos olhos de Doug enquanto falava – Eu peço perdão em nome da Defânia. – Curvou-se para Doug – Eu sei que será difícil confiar em mim, mas eu precisava lhe dizer que sinto muito por todos os problemas que minha família causou a você e ao seu relacionamento com a princesa.

Aquela cena era completamente atípica.
Um príncipe se curvando para um marquês era inconcebível. Mas Chase não podia evitar. Não fazia ideia dos planos de seu pai, mas sentia-se sujo e culpado da mesma maneira.

Ali, ele não era um príncipe, era o filho do homem que colaborou para que um criminoso sequestrasse a mulher que Doug amava. Era apenas isso e nada mais. Desse modo, não poderia fazer de outra maneira senão se curvar e pedir perdão.

Doug se aproximou, tocando os ombros de Chase, erguendo-o.

– Eu passei a confiar em você desde o dia que você arriscou suas mãos para me proteger daquela queda no buraco.

O buraco que pensavam ter sido cavado para enterrar Catarina, mas que agora já entendiam que era apenas para enganá-los de novo, para que a tentativa de rapto de Catarina ficasse mais crível e ninguém desconfiasse que era apenas para que Chase visse e a salvasse.
Tudo para estreitar os laços com a princesa que tinha o privilégio de escolher o próprio marido.

O Marquês Desejado Onde histórias criam vida. Descubra agora