O amor tem cheiro de maçã

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Catarina tinha doze anos quando Serena nasceu, e a partir daquele momento ela soube o que era fazer parte de uma família com quatro irmãos. E apesar de amar os irmãos mais do que amava a própria vida, tinha momentos que ela gostaria de prendê-los em uma cela, ato ao qual ela tentou concretizar aos quinze anos, contudo, as criadas a impediram.

Naquele exato momento, ela via uma menina adolescente no meio de outras quarenta crianças menores. E não importava de que ângulo ela olhasse, ela era claramente uma vítima. A feição que gritava "por favor, alguém me tire daqui" era algo que ela entendia perfeitamente bem.

Já fazia dez minutos que Doug e Catarina tinham chegado ao orfanato. Eles ainda não tinham conversado com as crianças, pois a senhora Isla ainda estava mostrando o orfanato para a princesa.

No alto de um corredor do terceiro andar, eles podiam ver as crianças brincando no pátio. E Catarina não parava de encarar a adolescente de cabelo e olhos castanhos no meio daquelas crianças que pulavam e se penduravam nela a todo momento.

O orfanato era completamente diferente do que ela tinha imaginado. Era uma propriedade muito grande, cercada e com gramado, vários balanços e brinquedos estavam fincados na terra e bem estruturados, de longe dava para notar o quanto eram seguros. A casa era pintada de azul por fora e um bege rosado por dentro, ela era espaçosa e com quatro andares. Tudo estava em ótimas condições, como se fosse regularmente restaurado e pintado.

As crianças estavam uniformizadas, não com cores tristes como cinza ou marrom, e sim de amarelo.
Enquanto passavam pelo corredor, Catarina espiava por dentro dos quartos, vendo que todos tinham boas camas e baús.

- Essa é a sala de música, Alteza. - Isla abriu uma das portas do corredor e foi como se uma luz invadisse seus olhos.

Ao lado de um lindo piano branco, uma grande janela de vidro estava aberta, iluminando o piano, as pastas cheias de partituras e outros instrumentos organizados cada um em uma mesa específica com pequenas placas com os nomes das crianças.

Violinos, harpas, flautas...

- É lindo... - As palavras escaparam de seus lábios.

Tudo era pensado com tanto carinho e um olhar tão cuidadoso que Catarina podia sentir a dedicação que aflorava naquele lugar.

- Deseja tocar, Alteza?

Catarina foi pêga de surpresa, mas aquela sala de música era convidativa demais para resistir.

- Se o Marquês tocar para mim... - Olhou para ele, admirando o quanto a luz da janela favorecia seus olhos e suas pequenas e poucas sardas de Sol.

Doug sabia que Catarina era uma amante da música e que tinha uma facilidade assustadora em aprender novos instrumentos. Ele já havia visto ela tocar pianos e outros instrumentos que ele sequer conhecia. Mas ela estava ali, linda com seu vestido lilás e sua coroa de pérolas, reluzindo e pedindo para que ele tocasse para ela.

E mesmo se fosse a pessoa mais desajuizada de todo o mundo, ainda assim não teria negado. Não por ela ser uma princesa, e sim por ser ela.

Ele entrou na sala e sentou em frente ao piano. Quando olhou para ela novamente, Catarina tinha pêgo um violino e o encaixou no vão de seu pescoço.

Ela caminhou até o lado do piano, ficando de frente para Doug. Ele observou os braços posicionados e o dedos finos segurarem o instrumento com segurança enquanto ela repousava o queixo suavemente sobre o violino, seus olhos assumiram uma expressão concentrada, destacando as angelicais ondas escuras que saíam de sua trança e emolduravam seu rosto delicado.

Catarina fechou os olhos e respirou fundo. Ato ao qual ele já vira ela repetindo várias vezes quando queria sentir o vento. Mas dessa vez, o que ela queria sentir era a música.

O Marquês Desejado Onde histórias criam vida. Descubra agora