O florescer da rosa

202 34 24
                                    

A festa tinha finalmente chegado ao fim e Doug agradeceu aos céus no mesmo instante. Ele se despediu de todos e se retirou para o quarto que costumava ficar quando dormia no palácio.

A sensação de sufocamento era terrível como Catarina lhe contara. E para alguém como ele que vivera tantos anos praticamente no ostracismo, era ainda mais difícil conviver com tantas pessoas, nem todas compreendiam sua personalidade excêntrica e se surpreendiam facilmente com ela, afinal, muitos ali apenas conheciam Doug por sua reputação e sua fama, não pessoalmente.

Não era como se ele não soubesse o que precisava dizer ou agir. Mas aquela altura na vida, depois de ter vivido tudo o que viveu e construído uma fortuna invejável, ele simplesmente não tinha paciência ou vontade de estar ali.

Não sabia dizer quem eram os piores: os reis, os príncipes ou as princesas.

Talvez todos.

Odiava estereotipar e relativizar as pessoas  daquela maneira, mas estava tão cansado de tudo aquilo que se permitiria desta vez.
Teria que se desculpar com Rose mais tarde, pois mal conseguia ouvir o que ela falava.
Sua mente estava presa em uma única pessoa.

Assim que fechou a porta do quarto, pôde respirar direito. A sensação de impotência e revolta ainda estavam ali, corroendo cada articulação de seu corpo, tornando tudo ainda mais frustrante.

A iluminação do quarto era mediana. Apenas o suficiente para que ele não esbarrasse nos móveis. Sua visão tinha piorado ainda mais depois do que aconteceu, conseguia ver mais nitidamente apenas se algo estivesse muito perto, de resto, tudo estava embaçado. O que era um segredo, é claro. Nenhum daqueles reis poderia saber que o noivo da princesa da Defânia era praticamente cego.

Ele se sentiu tentado em sentar escorado na porta e ficar por ali mesmo até que o dia clareasse. Mas o cansaço o venceu e ele resolveu ir até a cama. No entanto, depois de cinco passos, ele parou no centro do quarto.

Tinha mais alguém ali.
Ele não estava sozinho.
Doug levou a mão à faca que tinha escondida na cintura.
Ele não conseguiria se defender com uma arma, mas em uma luta de perto com faca, ele tinha alguma chance.

Sequer sua respiração fazia barulho.
Tudo estava silencioso.
Seu coração batia acelerado, ansioso.

Poderia pedir ajuda? Daria tempo?

O invasor se mexeu, saindo de trás do armário de sapatos. E assim que o cheiro de flores inebriou o quarto, ele soube exatamente quem era.

Seu corpo paralisou.
Ficou imóvel ali.

Ela estava do outro lado do quarto, ele enxergava apenas um borrão vestido de branco se aproximando. Então deu alguns passos para trás, lutando contra o que sentia.

Ela parou de andar, olhando para ele sem entender o que estava acontecendo.

Doug também parou, sabia que não conseguiria evitá-la por tanto tempo, mas não esperava vê-la ali naquele momento, o que não deveria surpreendê-lo, sabendo que Catarina era Catarina afinal.

– Princesa… Alguém sabe que você está aqui?

O Marquês Desejado Onde histórias criam vida. Descubra agora