Luana
Meu coração apertava, sentia como se minha garganta fosse fechar a qualquer momento, mas me segurei. Não posso ser hipócrita, eu sei o que disse e o que pensei, então não quero ser uma pessoa de duas cara.
Me arrependo do que disse? Muito, mas sei que falei uma realidade. "Nós chora, se lamenta e enterra, vou poder fazer mais nada também".
Eu queria poder fazer alguma coisa, queria que não fosse assim, porque pela primeira vez na vida eu me arrependo do que disse e sinto o peso disso, não é um peso na mente, é no coração, tá ligado?
Th não tinha expressão nenhuma, só chorava mermo. Pai do Tiagão ficava todo tempo só chorando e pedindo perdão como se isso fosse mudar alguma parada ou o Dino fosse levantar a qualquer momento e dizer que perdoava ele.
Os outros dois não quiseram vir, porque um é policial e a outra é juíza, é melhor mermo, não quero esse tipo de gente aqui na favela.
Brotou uma pá de ex namorada dele e de quebra um menorzinho de oito anos que é a cópia dele, pra melhorar, filho do próprio. Eu só olhava mermo geral chorando e ficava na minha, apoiada no ombro do Caio, que segurava minha mão.
Pelo que tudo indica ele se matou. Não quis perguntar os detalhe, mas encontraram ele com a arma na mão e uma carta em cima da mesa.
Luana: Quero ver ele. - falei baixo no ouvido do Caio.
Ele levantou e foi me levando até onde o caixão tava. Desde quando cheguei ainda não tinha tido coragem de ir ver ele, ainda tentei, mas voltei da metade do caminho.
Quem tava perto do caixão, quando me viu saiu. Parei, respirei e cheguei perto, passei a mão sobre o vidro e tentei ao máximo não chorar, mas falhei. Caio me abraçou e Th levantou, vindo pra perto da gente, falou alguma coisa no ouvido dele a apontou pra escada.
Caio: Vem. - saiu me levando.
Quando entrei no quarto deitei na minha cama e fiquei lá olhando pra parede, ele tava mó perdido sem saber o que fazer. Logo veio vontade de chorar novamente e eu não consegui parar, ele sentou perto de mim e ficou passando a mão no meu cabelo.
Caio: Quer pra eu chamar o Th... Ou, sei lá, quer alguma coisa?
Luana: Não, não quero nada. - ele ficou calado. - que horas são?
Caio: Tá dando meia noite já.
Percebi que ele tava cansado e com sono, então levantei e peguei dois lençol dentro do guarda-roupa.
Luana: Vem, bora dormir - dei um lençol pra ele e fiquei com o outro. Ele ficou me observando uns segundos em silêncio e logo perguntou.
Caio: Vamos dormir na mesma cama?
Luana: Ê pô. - dei de ombros, deitando e virando de frente pra ele que veio logo em seguida deitar um pouco afastado. Ficamos nos olhando com vergonha e eu tomei a iniciativa. - posso? - perguntei me chegando pra perto.
Caio: Pode, nega. - se ajeitou ali me abraçando, me aconcheguei colocando meu rosto no pescoço dele e senti ele se arrepiar, beijando minha testa.
Ficamos ali quietos até eu ouvir alguém se aproximar.
Ingrid: Vem, Michel. Deita aqui com tua prima. - ouvi ela falar e olhei por cima do ombro do Caio, quando ela viu nós dois, foi fechando a porta bem devagar. - aqui não, bora.
Me ajeitei ali e fiquei calada.

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A Libertina
Random⚠️ Em Revisão "Observei o amor da minha vida partir e senti um vazio no peito, passei a mão sobre seu rosto pálido e uma lágrima escorreu, pedi pra ela ficar comigo, mas foi em vão..."