Seul, South Korea
— Isso tem que ser o suficiente...
O cabelo bagunçado e carente de um corte atrapalhava a visão da mulher, que de forma nervosa afastou os fios negros para fitar sua mão. Ela possuía apenas o suficiente para levar dois pacotes de macarrão instantâneo. Talvez, com muita sorte e um olhar inocente, ela conseguiria convencer a senhora Yen a deixa-la levar um pacotinho de suco gratuitamente de novo.
Ela suspirou, caminhando lentamente até o caixa da pequena loja de conveniência. Sério, aquele estabelecimento deveria ter uns bons 70 anos de existência, julgando apenas pelas máquinas. Momo poderia jurar que aquela caixa registradora foi feita pelas mãos da Rainha Elizabeth.
Os olhos velhos mas rápidos como águia da anciã à sua frente não demoraram para fitá-la, e a mesma lhe deu um sorriso grande e completamente banguela.
— Momo, você anda muito magrinha, precisa se alimentar bem. — Yen disse em um tom terno, digitando manualmente o valor dos lámens. — Deu 1200 wons.
"Eu realmente queria ter comida o suficiente para comer bem." Momo pensou.
— Sabe como é, senhora Yen, eu ando bastante e acabo perdendo peso. — Ela sorriu doce para a senhora.
A mulher não sabia da situação de Momo. Na verdade, ninguém sabia. Desde que seus pais desapareceram da existência, tudo havia piorado consideravelmente.
Ela tateou os bolsos da calça velha e surrada, procurando cada moeda como se elas fossem a coisa mais preciosa do mundo. E eram. Quase entrou em desespero quando não achou a última que faltava, mas logo percebeu que a mesma estava bem no fundo, perto do furo que havia ali.
Colocou as mesmas sobre o caixa, observando a mulher que agora a encarava. Podia jurar que estava sendo analisada até o fundo da sua alma. Com um sorriso amarelo, ela começou a se perguntar se alguma coisa estava errada: as moedas eram falsas? Mas não havia como uma moeda ser falsa, certo? Talvez se ela fosse feita de latão...
— Espere aqui, um minuto.
Yen vagarosamente se levantou da cadeira, que fez um rangido horrível, parecia uma risada de filme de terror. Pegando a bengala e com as pernas tremendo como vara verde, a senhorinha simpática sumiu por entre as prateleiras do local.
Momo aproveitou para olhar para dentro da própria calça, se perguntando se entre tantos buracos e remendos havia a mínima possibilidade de encontrar uma moedinha perdida. Qual é, fazia tanto tempo que ela não comia carne que já poderia ser considerada vegetariana.
— Tome.
A voz veio de trás, e Momo virou-se rapidamente. A senhora Yen possuía em sua mão duas grandes sacolas. Uma possuía variados legumes, e a outra alguns grãos, como arroz.
— A senhora quer que eu ajude você a repor esses produtos? — Ela segurou as sacolas rapidamente, estava pesado demais para uma idosinha de 1,40m.
— Não, minha filha. É seu.
A japonesa abriu e fechou a boca várias vezes. Ela já havia ganho alguns alimentos da mulher, mas nunca nada tão grandioso.
— Céus, senhora Yen, eu não posso aceitar! Tem muita coisa, olha! — ela abriu a sacola em frente ao rosto da mulher, que sorriu.
— Não se preocupe! Você vem aqui há anos, e sempre me ajuda quando eu preciso. Agora corre, o tempo está fechando!
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Hot Mess • Dahmo
FanfictionFinanceiramente quebrada aos 19, Hirai Momo se vê sem saída. Responsável por cuidar de suas duas irmãs, a japonesa resolve aceitar qualquer oportunidade de emprego que aparecer em sua frente, até mesmo as mais inusitadas e imorais perante a visão da...