#CreepersDaMina
Por um bom espaço de tempo, não houve dentro da casa gelada algum resquício de som além do choro copioso de Mina. Só os estalinhos da geladeira e os glubs glubs do galão do bebedouro, claro.
Sana não soube de início o que fazer, o que é normal. O problema é que ela não soube o que fazer no meio e no fim, também.
Tentou o toque físico, desistindo quando a garota se isolou, sentada na cama; os joelhos dobrados no peito chacoalhavam enquanto Mina tentava desesperadamente puxar o ar que não vinha de forma alguma, entrando em um parafuso quando aquilo se tornou um ciclo perigoso.
A falta de oxigênio combinado com o turbilhão de emoções que a transbordou fora como um soco muito bem dado em seu peito. À medida que as palavras a atormentavam, o arrependimento de ter se fechado tanto também ajudava a machucar um pouco mais. Não é como se não doesse, ela só não havia parado pra pensar em como havia sido egoísta por um lado.
Egoísta por não ter dito o que aconteceu de verdade.
- Mina, tenho que intervir. - Se assustou com Sana, vendo que a ruiva estava em pé, aparentemente agoniada. - Já fazem quase duas horas, eu... preciso fazer alguma coisa.
- Não faça. Eu estou bem, eu preciso ficar só, apenas.
Se fosse possível, o queixo de Sana teria caído no chão ali mesmo. A mulher observou, chocada, o tom completamente sério e o rosto fechado da menor, olhando-a com olhos tão machucados que sua primeira reação foi morder os próprios lábios com a vontade súbita de chorar que lhe atingiu.
Infelizmente ela não poderia entregar isso para Mina. Eram ordens restritas da casa. Mina não poderia ficar sozinha em hipótese alguma, justamente pela instabilidade.
Além disso, já haviam sido abertas feridas demais ao seu redor por justamente deixar Dahyun sozinha tantas vezes. Não repetiria isso com Mina.
- Eu posso ficar mais no canto, mas não posso sair daqui. Você sabe.
Sim, Mina sabia. Mina sabia tanto que fora impossível impedir sua mão voar até o cabelo, puxando-o em uma raiva que não sabia de onde saía.
Mina queria saber se entender, se expressar. Sua mente não parecia fazer sentido, nem as palavras emboladas dentro do próprio crânio, ou suas mãos que de uma forma ou outra, estavam e sempre estariam banhadas em sangue.
- Não faça isso. - Subiu o olhar, vendo um pouco do tronco de Sana já em cima da cama, quase debruçado sobre o seu. - Se machuca não, você me machuca também.
Machucar, machucar, machucar... Mina sempre acabava machucando alguém, e esse era seu maior medo.
Fechou os olhos, era difícil, muito difícil. Fungando cada vez mais ela tentou engolir o choro, se acalmando na medida que sentiu que Sana já não estava perto de si, nem ninguém.
Ou pelo menos não parecia haver ninguém.
Ela se assustou quando viu a figura ali em pé, quase se jogando para trás na medida em que seu coração foi na boca.
- Desculpe nem avisar. Eu cheguei agora.
Fora como olhar no espelho, mesmo que ele possuísse características bem distintas de si.
Os mesmos olhos opacos, a mesma expressão neutra, o mesmo corpo visivelmente cansado e pra baixo...
Dahyun parecia tão morta quanto Mina.
Até mesmo pensou que poderia estar enlouquecendo, mas realmente era ela. Dahyun passou pelo quarto e seu cheiro de perfume caro se fez presente, deixando claro que era sua forma mais do que carnal ali.
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Hot Mess • Dahmo
FanfictionFinanceiramente quebrada aos 19, Hirai Momo se vê sem saída. Responsável por cuidar de suas duas irmãs, a japonesa resolve aceitar qualquer oportunidade de emprego que aparecer em sua frente, até mesmo as mais inusitadas e imorais perante a visão da...