XXXII.

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#CreepersDaMina

Dahyun jurou ter ficado maluca.

Marília não era uma motorista ruim. Muito pelo contrário, já experiente, andava por todos os cantos daquele estado como se possuísse um mapa em suas mãos. Já havia cansado de pedir para a mesma velar sua própria segurança enquanto confiava em suas mãos o carro para viagens de mais de dez horas por rodovias perigosas, em países diferentes. Não esperava essa reação de alguém tão acostumada a dirigir. O grito havia sido talvez a coisa mais horripilante que ouviu em muito tempo.

Talvez tudo houvesse acontecido rápido demais para que a mente perturbada de Dahyun conseguisse acompanhar. O sinal em vermelho se fez presente em sua cabeça instantaneamente ao ouvir o desespero de Marília e seu reflexo fora olhar para trás, após ter olhado para frente em busca de algum carro e foi aí que o seu maior pesadelo começou a acontecer.

O baque. Um estrondo insuportável, algo batendo violentamente contra a traseira do carro e então, a visão que talvez fora a mais aterrorizante da sua vida.

A cena vívida e quase palpável do corpo de Mina sendo projetado violentamente para frente, enquanto a traseira do carro se compactava jogando Sana e Momo consigo; os olhos perdidos e desesperados se tornando cada vez mais assustadores enquanto Dahyun tentava manter o coração no peito, sentindo-o subir cada vez mais para a sua garganta.

Não podia. Não podia ser. Não era Mina.

Ela não estava vendo Mina ser estraçalhada em sua frente. Não podia aceitar.

O primeiro grito desesperado, banhado em agonia. O nível mais elevado de dor, onde a voz humana já começa a ser semelhante à um animal urrando: a japonesa mais nova parecia pedir socorro, seus olhares conectados enquanto Dahyun tentava desesperadamente retirar o próprio cinto, mas suas mãos congelaram enquanto ela lentamente conseguia entender o que estava acontecendo.

Se pudesse sentir o coração, talvez o tateasse e o sentisse literalmente quebrando naquele momento. As lágrimas quentes desciam em abundância pelo rosto sempre calmo da garota que, naquele momento, lutava pela própria sobrevivência. Mesmo que seu fim fosse óbvio. Porque Dahyun não podia.

- Mina, você vai aguentar. Por favor, alguém ajuda!

Não podia salvar Mina assim como ela havia lhe salvado do suicídio nos dias anteriores.

Não eram os olhos vívidos de Mina, agora eles não possuíam mais cor alguma. O maxilar parecia quebrado e da boca jorrava um sangue grosso, que desciam pela clavícula agora exposta. O som de sua garganta lentamente enchendo-se de sangue começava a ficar cada vez mais audível e Dahyun se tocou que Mina estava se afogando em seu próprio sangue. Uma das partes do osso da clavícula do lado direito já estava visível enquanto a parte debaixo de seu corpo nem mesmo parecia existir mais. Nem mesmo era possível saber mais o que havia de inteiro ali. Massacrado.

Tão massacrado quanto o coração de Dahyun. E a consciência de Dahyun, que no mesmo instante se arrependeu de não ter aproveitado mais a presença de Mina, e nunca a ter dito o quanto a amava em tão pouco tempo.

- Mina, não. Mina, por favor, por favor. - Lutando contra o corpo congelado, só sabia gritar, a garganta cheia de espinhos que se fechavam todas as vezes que Mina tentava esticar a mão e encostar os dedos nos seus. - Eu te amo, eu te amo, Mina, aguenta, não...

Infelizmente parecia longe demais, com Mina escorregando lentamente em entre seus dedos, perdendo sua consciência e sumindo da existência bem à sua frente.

Talvez toda a essência de Dahyun estivesse sendo extinta ali também, que naquele momento sentiu todo o ar desaparecer enquanto fechava lentamente os olhos, se perguntando o porquê de não estar sentindo dor, ou...

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora