XXVII.

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#CreepersDaMina

Dahyun's POV

Pela terceira ou quarta vez coloquei o ouvido na porta, tentando escutar o que acontecia lá dentro.

Algo muito feio, eu sei. Minha mãe nunca me ensinou a ser uma velha bisbilhoteira, mas algo em mim me dizia que eu deveria ficar de olho no que estava acontecendo. Não que eu não confiasse no psicólogo que encontrei para Mina, mas havia em mim aquela coisa chamada intuição.

Um renomado psicólogo japonês que encontrei depois de algumas boas ligações; muito bem avaliado, muitos clientes, famosíssimo e falante do idioma principal de Mina, algo que poderia ajudar em sua evolução.

Mesmo que eu não confiasse, seja lá qual fosse o motivo que eu ainda não sabia, resolvi dar as costas para a porta, respeitando o espaço de Mina que naquele momento já estava há mais de 30 minutos no quarto, em chamada com o médico.

- Ela está bem? - Escutei a voz de Momo, me virando em direção à cozinha enquanto ela me fitava com aqueles grandes olhos negros apreensivos.

- Não escutei nada, pra ser sincera.

- Eu estou preocupada, e-eu queria ficar com ela, não sei o que o médico está falando nem se está fazendo a coisa certa...

Até mesmo escutei o suspiro que Marília soltou lá na sala. Momo não aprenderia nunca, nunca!

- Quantos anos ela tem?

Sua postura então mudou, ficando mais rígida. Enxerguei nisso um ponto em Momo que me incomodava profundamente.

Me parecia ser alguém autoritária, que não sabe respeitar nem mesmo os limites de sua própria irmã. Quando contrariada seus punhos sempre se cerravam e ela sempre adota a mesma expressão fechada, rancorosa...

Coisas assim definitivamente me desanimam.

- Eu sei que ela tem 18 anos, mas Mina não pensa bem ainda! - Com o volume um pouco mais alterado, observei ela levantar um pouco a cabeça, ficando com o nariz levemente empinado.

Um clássico comportamento de quem está tentando crescer contra mim.

- Você mesma coloca sua irmã para baixo quando a trata como uma incapaz, Momo. - Mantive a calma e não me afastei, creio que isso foi o motivo de ela ter se irritado mais ainda.

- Eu não estou a vendo como uma incapaz, Kim. Você não sabe de na-

- A única coisa que eu sei é que se você continuar aumentando teu tom de voz, eu vou te afogar certo dessa vez.

- Como sempre, a Marília salvadora da pátria, se metendo onde não é chamada.

- E como sempre a escrota Hirai Momo, que quando está insatisfeita com a vida, desconta em quem não tem nada a ver. - Senti Marília atrás de mim, um toque em minhas costelas. - Se você está nervosa com Mina no psicólogo ok, só não precisa se tornar um ser humano detestável toda vez. Vai perder a Dahyun assim.

Não aguentei dar ouvidos. Segurei na mão de Marília, saindo pela parte externa da casa enquanto senti nos meus pés descalços a grama incomodar, fazendo cócegas. Abri o portão e quando senti os pequenos grãos de areia ainda na calçada, me permiti suspirar, trêmula, pela primeira vez no dia.

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora