III.

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Momo não queria admitir, mas infelizmente havia alcançado o nível que não queria que chegasse: precisar dar banho em sua própria irmã.

O fato de Mina ter proferido uma frase havia feito o dia da japonesa melhorar 101%, porém ela se enganou quando pensou que tudo seria diferente tão rápido. A emoção falou mais alto que a razão, mas por sorte ela possuía os pés no chão a maior parte do tempo.

Havia ajudado com todas as lições de Tzuyu, e a casa já estava limpa. Não haviam louças para lavar, a roupa já estava estendida no varal e Momo se viu livre no finalzinho da tarde.

Então, entediada, ela resolveu tentar falar um pouco com sua irmã, talvez com diálogo a japonesa aceitasse tomar banho sem tanta enrolação. Fitando a japonesa que sempre se mantia da mesma forma, ela levou alguns minutos pensando na maneira mais dócil de convencê-la a fazer sua higiene.

— Minari, não quer tomar um banho? Está calor, e você está aí desde cedo... — a japonesa, com cuidado, colocou o cobertor um pouco para baixo, revelando uma parte  do tronco da garota. — Meu amor, você está suada.

Abaixou-se assoprando levemente os fios da franja colados na testa da garota, resultado do suor acumulado ali. Momo não entendia o porquê de sua irmã se manter sempre debaixo da coberta, não se importando com a temperatura ambiente. Medo, talvez?

Desabotoou os botões superiores do pijama, observando a pele agora livre. Mina parecia aliviada, mas ainda sim relutante. Com a mão, ela esfregou um pouco a pele, tentando trazer conforto.

— Você tem medo de ir tomar banho sozinha? — Mina negou com a cabeça. — Está cada vez mais difícil tentar convencer você a se cuidar...

Momo suspirou, visivelmente frustrada. Apesar de entender o motivo da irmã estar nesse estado, a paciência tinha um custo muito alto. A japonesa não era uma criança, possuía 17 anos. Sua feição mostrava o quão cansada ela estava, física e mentalmente.  Aparentemente Mina se desesperou, sentando-se com mais velocidade que o atual. Ela usou as duas mãos para segurar as mãos de Momo, sem proferir uma palavra.

— Escuta, eu posso te ajudar com o banho, se ele te incomoda tanto. Certo? — Mina assentiu, corando levemente. — Mas com uma condição. Você precisa passar a falar comigo, nem se for para pequenas afirmações.

A japonesa fez uma careta engraçada, demonstrando que não havia gostado muito da ideia. Ela parecia ponderar com muita seriedade se valia a pena ou não. Momo tentava estudá-la, mas as suas feições sempre eram neutras demais.

— Eu sinto a falta da sua voz, sinto falta de ser sua melhor amiga. Você me contava tudo e eu também, e eu sei que eu já pedi mil vezes para você falar comigo e nunca funciona... — Os ombros de Momo já balançavam levemente, sua voz trêmula. — Mas por favor, as coisas vão mudar se eu conseguir um emprego e você terá que cuidar de Tzuyu assim como ela cuida de você.

— O banho...

Momo pagaria - se tivesse - milhões apenas para ouvir a voz doce e meiga de sua irmã. Ela sentiu como se pesos fossem retirados dos seus ombros, a vontade de chorar indo embora em questão de segundos. Ela sorriu, pondo-se de pé e trazendo a japonesa junto consigo. Ela parou na frente do armário, apontando para o mesmo.

— Escolhe que roupas você vai querer usar hoje, vai.

— Pijama.

— Seus pijamas estão todos molhados, e esse daí está suor puro, deixa eu... — Ela comentava despretensiosamente, enquanto olhava com um olhar de nojo para o pijama azul. Ao subir o olhar, viu os olhos marejados da irmã. — Não, Minari. Não chora.. olha! — Ela pegou seu conjunto preferido. — Essas são minhas, pode usar.

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora