IV.

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Um grande buraco se abriu na mente de Momo, e por cinco segundos ela encarou Tzuyu com um rosto aterrorizado, que a encarava tão horrorizada quanto.

- Senhorita Momo?

- Sim, tenho interesse! - Momo respondeu rapidamente, estapeando sua própria testa em um sinal de nervoso. Se continuasse tão avoada, não conseguiria passar nem na primeira parte da entrevista.

- Certo. Segunda às 07:30. Esperamos você.

Ela ouviu o ''bip bip'' da linha, demonstrando que a atendente não estava interessada nem em saber se ela possuía disponibilidade ou não. Na realidade ela nem se importou com isso, aos poucos sua ficha caindo: ela havia sido chamada para uma entrevista na Hyun's!

- Fala logo, sua idiota! - Uma mão enorme de dedos longos passou como um vulto por sua visão periférica, e ela sentiu o impacto forte no seu ombro.

- Você não vai acreditar... - Momo fitava suas mãos em cima de suas coxas, com a boca levemente aberta.

- Ganhou no sorteio da cesta básica? Tomara que sim, eu amo comer linguicinha frita e-

- Eu consegui uma entrevista de emprego! - A japonesa interrompeu a fala da irmã.

Tzuyu arregalou os olhos, abrindo um sorrindo grandioso junto com Momo.

- Não acredito, cara! Você vai trazer café pra mim quando receber seu primeiro salário, né? - Tzuyu fez um pequeno bico e utilizou seus olhos pidões em conjunto.

- Não é na cafeteria, é na Hyuns! - Momo praticamente berrou, se jogando por cima da cama de Mina. A japonesa acordou assustada com o corpo de Momo sobre si, não entendendo o que estava acontecendo.

- Puta que me pariu, eu não acredito! - Tzuyu levantou-se, olhando estática para as duas. - Eu não acredito.

Mina, mais perdida que cego em tiroteio, observou Tzuyu andar em círculos por cinco minutos enquanto balbuciava ''eu não acredito, eu não acredito''. Momo não ligava, estava ocupada olhando para Tzuyu com um olhar tão vago que a japonesa mais nova pensou que a irmã estava sob efeitos de algum alucinógeno ou algo assim.

- Espera, com que roupa você vai para a entrevista? - Tzuyu perguntou, parando de girar.

A dura realidade estapeou Momo sem dor alguma, e da mesma forma que ela ficou radiante em segundos, essa animação se esvaiu. Em seu armário definitivamente não haviam peças ao nível da empresa luxuosa, ela tinha certeza disso. Tampouco ela possuía condições de ir ao salão, arrumar o cabelo e mexer nas suas unhas que não enxergavam a cor de um esmalte há anos.

Tzuyu percebeu o rosto da irmã murchar lentamente e ao olhar para Mina ela se assustou com seus olhos arregalados. A japonesa apontou com a cabeça em direção à irmã mais velha, como quem dissesse "vai, faz alguma coisa!". Engoliu em seco, não sabia que sua frase inocente iria fazer a japonesa ficar triste.

Ela virou para o armário, procurando em suas próprias peças algo decente para a irmã usar. Com um pouco de boa vontade e mãos nervosas, ela fuçou até o último centímetro do móvel, achando bem no fundo de uma gaveta uma camisa básica vermelha que ela não usava mais.

- Toma, segura. - Ela jogou para trás o pano, sem nem perceber que o mesmo havia caído bem em cima do rosto de Mina. - Vamos ver a calça agora...

Momo observava a cena com uma grande interrogação no rosto. O momento era de fato um pouco chato, mas a imagem das mãos nervosas de sua irmã procurando as roupas com a maior boa vontade do mundo encheu seu coração de amor.

- Tzu, a minha calça até segunda já vai estar seca.

- Você tá louca? - A garota alta voltou seu corpo na direção das irmãs. Mina já não estava com a camisa no rosto, Momo havia retirado-a antes de Tzuyu correr o perigo de ser morta. - Entra na Hyun's com aquela calça e eles vão chamar os seguranças porque acharam que você é uma mendiga.

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora