Tzuyu odiava com todas as suas forças ir para a escola. Antes de Mina adoecer, as duas eram como unha e carne, mesmo estudando em séries diferentes. Elas estudavam em um colégio diferente, mais acolhedor.
Quando, pelas circunstâncias, teve que ser transferida sozinha para sua escola atual, sua vida mudou drasticamente. Além da xenofobia que ela sofria pelo fato de ser taiwanesa, os professores não se preocupavam tanto com o fato do bullying constante que a mesma sofria. Ela era ridicularizada por tudo: pela sua altura, suas roupas, seu jeito e até seus traços faciais.
A dificuldade de se enturmar era pior ainda, já que as panelinhas estavam formadas desde o começo do ano. Havia apenas um pequeno fator que a fazia um pouquinho mais feliz: uma coreana baixinha chamada Chaeyoung.
Tzuyu se lembrava perfeitamente da forma que ela a conheceu: sentada no canto mais afastado do refeitório, a taiwanesa comia tranquilamente suas almôndegas gordurosas, enquanto rolava sua mente pelas fórmulas loucas de física que havia visto na aula anterior. De repente ela ouviu um estrondo em sua mesa, uma bandeja sendo jogada de forma agressiva sobre o metal e uma garota sentou-se com o maior sorriso do mundo à sua frente. Assim se repetiu a história mais clássica de todos os filmes: um extrovertido adotou um introvertido, e desde então Chaeyoung virou sua única amiga.
Seus estilos eram completamente opostos. Enquanto até mesmo o tom mais alto de Tzuyu era em ASMR, Chaeyoung parecia uma caixa JBL ambulante. A taiwanesa parecia um verdadeiro titã ao lado da menina, que em contrapartida não se importava com sua altura minúscula quando o assunto era defender a amiga. Acredite em mim, a baixinha dá até medo quando está irritada!
— No que está pensando, Yoda? — Chaeyoung perguntou.
Elas estavam no refeitório mais uma vez. Tzuyu já não sentava sozinha, nem se sentia um alien no meio de tantos adolescentes cheios de hormônios e piadas ofensivas.
— Estou pensando em como você me adotou. — Ela deu uma garfada um pouco receosa no macarrão pegajoso da escola, mas não fez cara feia ao comer. Ela precisava comer e aproveitar cada grão, em casa as coisas não estavam tão fáceis.
— Ah, eu adorei sua carinha de quem não faz mal pra uma mosca. — A coreana disse, coçando seu cabelo de forma despreocupada. — Você precisava de um pouco de Chaeyoung na sua vida!
Tzuyu sorriu, tímida. Suas bochechas ficando vermelhas rapidamente, enquanto mastigava agora um pedaço do biscoito cream cracker também da escola. "Biscoito murcho, mas ainda assim um biscoito" Tzuyu pensou.
— Queria que você fosse da minha sala, apesar de que você não me parece muito estudiosa...
Chaeyoung colocou a mão no peito, como se estivesse ofendida. — Você está dizendo que eu sou uma delinquente?
— Não, eu não quis dizer isso...
— Calma, eu estou brincando! — Chaeyoung gargalhou, as bochechas de Tzuyu ficando rubras pela décima vez no dia. — Você leva o que eu digo muito a sério, sabia?
A garota mais velha deu de ombros. Ela passou os olhos pelo refeitório, os alunos aparentemente incluídos em suas próprias bolhas haviam esquecido de sua existência. Finalmente.
— Sabe, você poderia me chamar pra sua casa depois da aula pra eu te mostrar minha coleção de desenhos. — Chaeyoung arqueou as sobrancelhas, fazendo um pequeno bico.
Tzuyu desmaiou internamente. Sua mente entrou em um pequeno colapso. Chaeyoung em sua casa? Céus, Momo deixaria? Talvez Mina não pudesse gostar, ou...
— Me encontra lá na frente do portão assim que o sinal tocar, tá bom? — A coreana não deixou ela terminar o pensamento, dando um pequeno beijo em sua bochecha e levantando-se rapidamente com sua bandeja vazia. — Tenho que ir Tzu, agora é aula de história e eu gosto de pegar o lugar da frente. Até mais tarde!
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Hot Mess • Dahmo
FanfictionFinanceiramente quebrada aos 19, Hirai Momo se vê sem saída. Responsável por cuidar de suas duas irmãs, a japonesa resolve aceitar qualquer oportunidade de emprego que aparecer em sua frente, até mesmo as mais inusitadas e imorais perante a visão da...