IX.

5K 415 1.6K
                                    

Momo's POV

Assim que consegui ouvir o carro de Dahyun se afastar o suficiente, deixei meu corpo cair lentamente até eu estar sentada no chão.

Não havia o que dizer nesse momento. Tudo o que aconteceu foi rápido demais, direto demais, cru demais.

Eu estaria mentindo se dissesse que conseguiria segurar as pontas sem enlouquecer por muito tempo. O estado de Mina, a falta de dinheiro, Tzuyu começando crescer de fato e Dahyun me tirando a paz dentro do meu ambiente de trabalho e até dentro da minha própria casa...

— Você só pode estar de brincadeira com a minha cara, Momo! — Escutei a voz de Tzuyu cada vez mais perto, mas minha cabeça já estava tão confusa que beirava à dor física.

— Tzuyu, agora não.

— Você pode fugir o quanto quiser de mim, mas sabe que adotar essa visão orgulhosa e negar coisas que nos ajudarão ao máximo é uma burrice tremenda. — Ela murmurou e eu internamente a amaldiçoei por possuir mais senso que eu.

Como um raio toda aquela minha raiva quase se esvaiu por completo e eu me encontrei consciente novamente. Tão consciente que senti uma pontada forte no peito quando caí na realidade de que eu quase neguei o tratamento que minha irmã tanto precisa pelo simples orgulho.

Sim, orgulho. Apesar de odiar toda a situação que Dahyun me envolveu, eu não podia negar que a maldita fez o certo em vir atrás e se desculpar com Mina. Ela poderia me ignorar e seguir sua vida tranquilamente, contratar outra pessoa para trabalhar no meu lugar e isso não mudaria nada no final do mês para si.

Mas por algum motivo ela se esforçou. Mesmo que a responsável pelos atos tão sensíveis seja a sua amiga estrangeira e não ela em si, algo dentro de mim me dizia que Dahyun não era tão ruim assim.

Com as compras feitas e um saldo de 500 dólares em mãos, eu me permiti respirar pela primeira vez em meses. Não precisaria dormir com medo de acordar no outro dia e não possuir o alimento necessário, ou ser dispensada por não pagar o aluguel.

Mas ainda havia o maldito trabalho que descobri odiar com menos de uma semana de contratação. Permanecer no mesmo ambiente que Dahyun já havia se mostrado uma tentação e agora se tornou mais insuportável ainda. Minha vontade realmente era a de matá-la e jogar seu corpo em um lote abandonado para ninguém achar, ao mesmo tempo que eu desejava poder conhecer mais um pouco intimamente o que acontecia dentro daquela cabeça e coração.

Senti Mina sentar ao meu lado, mas não abri meus olhos. Entrei dentro da minha própria covardia, escondendo-me da pessoa que mais deveria receber minha atenção agora. Sua mão se entrelaçou com a minha e eu quase tive um surto interno quando sua boca começou a cantarolar a música preferida de nossa mãe. A melodia calma me envolveu, trazendo-me um sentimento de nostalgia tão gostoso que eu me permiti apenas deitar a cabeça no seu colo e aproveitar o raro momento antes que ele resolvesse acabar.

Porém, como eu sou uma bela idiota e deixo os pequenos momentos mais importantes irem embora com uma facilidade incrível, não notei quando a voz de Mina se tornou distante e eu mergulhei em um cochilo gostoso.

Acordei duas horas depois, completamente dolorida. Agora minha cabeça estava no colo da minha irmã, que me fitava com um olhar tão sério que eu tive que levantar rápido antes que ela engolisse minha alma ou algo assim.

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora