XXIV.

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#CreepersDaMina

Não é necessário se desenhar para que um fumante saiba o dano que está correndo ao entrar em contato com a nicotina. Dahyun sabia que o vício provavelmente a levaria para debaixo da terra cedo demais, mas isso era algo que ela não conseguia segurar.

Já estava ficando um pouco incomodada. O estresse e a tensão palpável estavam a matando, colocando em seu peito um peso que ela não conseguia aguentar estando limpa.

Mesmo assim, não seria legal. Dentro do quarto fechado e com quase todas as outras mulheres ocupadas em terminarem suas próprias refeições, só sobrou ela.

Bem... ela e Mina.

Suspirou audivelmente pela milésima vez no dia. Os olhos pesados tentavam se desconectar, mas seu foco sempre era o mesmo: a cartela de cigarros lacrada em cima da cômoda.

Oras, ela era uma adulta funcional e independente, poderia fumar quantos cigarros quisesse; o único problema era que os olhos curiosos da japonesa estavam a deixando com a consciência pesada.

Eram curiosos, inocentes, vívidos. Mina parecia realmente feliz em estar ali, sentada à sua frente. As pernas cruzadas em posição de indiozinho e o cabelo longo caindo sobre seu moletom de Creeper eram apenas mais alguns detalhes que a faziam ser extremamente linda. Mina é uma garota linda.

Com as portas das opções sendo lentamente fechadas, a restou apenas procurar alguma coisa que a distraísse. Cansada do monótono celular e as besteiras superficiais que seu dinheiro a proporcionava, ela se abaixou, tateando debaixo da cama algo que talvez ainda estivesse ali.

Os dedos magros esbarraram no material do piso frio, se incomodando fracamente com a fina camada de poeira. Tateando às cegas ela encontrou um pedaço macio, puxando o objeto com uma euforia sincera: estavam ali os seus materiais de pintura!

Assoprou a tela, passando os dedos pela tela enquanto tentava deixar o material mais apresentável. Colocou o mesmo em cima da cama, deitando na ponta da mesma enquanto seu corpo se curvou para baixo: Mina observava a mulher mais velha parcialmente fora da cama enquanto tentava entender o que estava acontecendo. Dahyun estava enlouquecendo de vez?

Suas dúvidas foram sanadas quando Dahyun gemeu, esforçando-se para voltar o corpo à posição normal. Em suas mãos, pincéis e uma variedade boa de tintas sujavam levemente o lençol branco, mas isso não apareceu abalar Dahyun.

Um grande sorriso em seus lábios se formou quando ela novamente se agachou, pegando agora um cavalete desmontado. Pela qualidade da madeira, parecia ser um cavalete caro. Não demorou questão de dez minutos para Dahyun montá-lo lavando os pincéis e abrindo os recipientes com as cores.

Ela se colocou em posição, completamente eufórica para começar a colocar todos os seus sentimentos para fora em forma de arte. Mas, ao olhar para trás e tentar captar os movimentos de Mina, algo tocou seu coração.

A garota ainda estava ali, seus olhos curiosos também. A feição indefesa mas interessada acendeu uma luz na cabeça de Dahyun. Mina parecia tão interessada em sua presença que, mais uma vez, ela se sentiu mal.

E se Mina tentasse? E se toda aquele sofrimento pudesse sair não pelas palavras e sim pelos seus traços?

— Minari, quer sentar mais perto de mim?

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora