XXI.

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#CreepersDaMina

MOMO'S POV.

Se eu pudesse ilustrar o sentimento que me transbordou quando vi Dahyun, provavelmente eu riscaria uma tela branca aleatoriamente com diversas cores até não sobrar nenhum espaço preenchido pela loucura que é ter os olhos em sua pele.

Eu não esperava que Tzuyu viria correndo até a pousada pra me dizer que Dahyun estava na praia e achei uma loucura total a ideia de ver seu rosto depois de tanto tempo me deixou em um estão tão eufórico que eu nem mesmo pensei nas consequências.

Com minhas mãos trêmulas eu coloquei a primeira muda de roupa que apareceu pela minha frente, nem mesmo me preocupando se estaria apresentável ou não. O clima completamente oposto do Brasil não me fez trazer roupas que não fossem adequadas apenas para o frio e eu realmente não me importei em colocar uma camisa de mangas, feita em um algodão tão barato que minha pele pinicava só de encostar no tecido.

Em outras circunstâncias eu estaria me coçando tal como um cachorro pulguento, mas eu nem percebi. Não me importei com meu short velho, nem minha sandália colocada da forma mais desleixada possível. Tive que deixar Mina dormindo, confiando no barulho do mar para embalar ela em um sono tranquilo o suficiente até eu voltar.

Ele cuidaria disso. Olhando pela janela e sentindo a brisa e o cheiro salgado que vinha das ondas e algas espalhadas pela areia, eu suspirei. Tão fundo que meus pulmões reclamaram um pouco da falta de ar, como se eu estivesse acabado de sair de um local com muita pressão atmosférica e ainda estivesse me acostumando com a normalidade.

Corri. Minha sandália batia contra a terra seca misturada com areia, fazendo um barulho calmo que contrastava com meu peito ardendo em chamas. Tzuyu, ao meu lado, parecia tão nervosa quanto eu.

Claro que era de se esperar: seu rosto estava pálido como uma folha de papel.

Já era quase o final de tarde. Um vento agradável balançava as folhas das castanheiras e eu dei o azar de pisar muito forte em uma caída no chão, quase me estatelando no mesmo e não me importando quando observei na praia uma única pessoa e céus...

Foi como se o processo de translação fosse interrompido e tudo ao meu redor ficasse um pouco mais lento. Eu não sabia se focava em sua pele branquinha que praticamente brilhava com os raios solares ou seu cabelo agora tingido em um branco tão lindo que minha garganta ficou seca.

Era isso, era ela. Eu não tinha mais dúvidas. Soltei um pequeno suspiro engasgado olhando para Tzuyu que tinha seu olhar preso em um canto mais afastado e quando eu olhei eu senti sentimentos completamente opostos ao que senti até o momento.

Lembra que eu disse que o tempo havia ficado mais lento? Então, acho que ao ver Marília, meu corpo acelerou três vezes mais. Um arrepio subiu pela minha coluna quando vi seu rosto duro, olhar firme. Estava encostada em uma árvore com os braços cruzados enquanto me observava de uma forma tão, mas tão intensa que eu desejei aprender português instantaneamente apenas para me ajoelhar diante de si e pedir perdão pelos pecados até mesmo da minha vida passada.

Talvez eu devesse juntar toda aquela coragem que tive para ofender Dahyun e desejar todo seu mal para caminhar até ela, não?

E foi o que eu fiz. Com meus passos meio desengonçados e a agonia de sentir minha sandália afundar na areia quentinha, eu percorri o caminho até seu corpo em dois minutos que foram, para mim, como duas horas.

Hot Mess • DahmoOnde histórias criam vida. Descubra agora