Capítulo 97- Trust your intuition

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Minha barriga dói, sinto uma forte pressão nela, verifico se há algum ferimento, mas está tudo normal. Olho em volta e percebo que não estou... Espera, eu me lembro desse lugar. É um lindo campo, o verde de sua grama brilha intensamente... O azul do céu faz a paisagem parecer uma pintura, consigo ver crianças correndo, vejo mulheres e homens dançando, rindo e bebendo.
Eu já sonhei com esse lugar. Vejo uma vila, a mesma vila da outra vez, assim que avisto a casa onde encontrei aquela criança pela primeira vez, corro em sua direção, eu sei muito bem o que vem depois disso, preciso tentar impedir.
Assim que chego na parte da frente, na janela vejo o mesmo garotinho de cabelos prateados, ele some, assim como na primeira vez, dou a volta, sei que há uma porta lateral, ela já está aberta e assim eu entro. Vou diretamente para o cômodo que sei que irei encontrá-lo, assim que abro a porta, vejo o menino parado só um pouco afastado da janela, ele está observando, assim que me aproximo ele olha para mim.
— Você é muito bonita. – Ele fala e abre um sorriso. Olho pela janela e diferente da primeira vez, tudo parece estar tranquilo, não há ataque, sangue, fogo ou dragões no céu.
— Qual é o seu nome? – Me abaixo ao lado dele e lhe dou um sorriso gentil.
— Kieran. O seu é Rhaenys. – Ergo uma sobrancelha.
— Como sabe o meu nome? – Kieran gargalha.
— Minha mãe me disse. – Ele me olha com certa curiosidade. — Ela me contou que você é uma montadora de dragões. Isso é verdade?
— Sim, eu tenho dois dragões. – Ele arregala os olhos e sorri. Consigo ver a pergunta em seus olhos. — Blackstorm, mas eu chamo só de Storm, e o Cannibal.
— Uau, isso parece ser incrível. Meus irmãos também tem, mas ficam lá em Valíria. Eu ainda não tenho um... – A voz do menino sai carregada de tristeza... Espera. Valíria?
— Você disse Valíria? – Ele assente. — Você conhece? Já foi até lá? – Ele assente novamente, mas logo sua atenção vai para a janela.
— Olhe! Os meus amigos estão brincando ao redor do moinho. – O menino parece se entristecer mais ainda.
— Por que você não vai até lá? Se quiser posso te levar. – Assim posso perguntar mais coisas. Ele me olha com certa empolgação, mas logo abaixa a cabeça.
— Meu pai diz que é perigoso demais, estamos em tempos difíceis.
— E quem é o se... – Ouço um barulho vindo de outro cômodo da casa. Kieran me olha e arregala os olhos. Nesse momento percebo que suas feições são familiares, seus traços são muito parecidos com alguém que eu conheço, só não consigo lembrar o nome. Outro barulho, mas dessa vez uma voz o acompanha, uma voz feminina.
— Kieran? Meu amor, venha, nós precisamos terminar de arrumar as coisas para partirmos. – Quando vou falar algo, o menino tampa a minha boca e aponta para a janela.
— Vá embora, ela não pode ver você. – Ele sussurra e corre para fora do quarto, fechando a porta rapidamente.
Assim que ele sai, vou até a porta e abro lentamente, tentando fazer o mínimo de barulho possível, com apenas uma fresta aberta, consigo ver o menino falando com alguém, não consigo ver quem.
— Eu não quero ir embora, quero ficar aqui com os meus amigos. – O pequeno parece estar enfurecido.
— Querido, é para a nossa segurança, precisamos partir, logo logo encontraremos com o papai e os seus irmãos, está bem? Venha me ajudar. – uma mão se estende pela minha visão, quando tento abrir mais um pouco para espiar mais, um barulho no lado de fora chama não só a minha atenção.
— Veja, mamãe, são dragões. – Ouço gritos do lado de fora, corro para janela e vejo sangue por todos os lados, o vermelho brilha pelo campo que antes era verde. O fogo está se alastrando rapidamente, ouço um barulho de porta batendo na casa, corro para fora do quarto e não vejo mais ninguém. Começo a correr para a porta de saída, assim que abro, corro para fora, consigo ver três colinas e na direção dessas colinas, uma mulher loira corre com o pequeno Kieran em seus braços.
Tento correr na direção deles, mas um rugido ensurdecedor me faz travar, uma grande sombra se alastra pelo chão, não parece ter fim, assim que olho para cima, uma criatura maior do que Vhagar, sua cor é como o azul do céu, mas com algumas escamas e seus chifres sendo brancos. O dragão está indo em direção à mulher, tento gritar para avisá-la, mas os rugidos sobressaem mais, consigo ver quando o montador dá a ordem e fogo consome os dois, assim como uma boa parte do campo em volta.
Uma luz forte toma a minha visão e rapidamente tudo fica escuro, continuo ouvindo os gritos de desespero, mas não enxergo nada, sinto uma pressão forte ao pé da minha barriga, verifico e sinto algo molhado... Uma forte dor se alastra pelo meu abdômen, algo está muito errado. Levo minha mão na altura do meu rosto e respiro fundo, o cheiro de sangue é muito forte. Começo a sentir minha cabeça pesar e minha consciência finalmente se esvai por completo.

The Fate of House Targaryen - Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora