capítulo 5

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Acabamos por vir pra casa depois que deu 4horas da manhã, acompanhei minha mãe que veio reclamando falando que não arregaçou o piriquito dela para eu crescer e ser carregada até em casa porque passei mal de bebida. Mas foi exatamente isso que aconteceu. E o pior é que eu tenho trabalho no dia seguinte.

Eu sou enfermeira e trabalho no postinho da baixada.

Acordei sentindo uma dor de cabeça terrível, levantei e olhei para bancada vendo um dorflex que a dona Fernanda sempre deixa. Encarei o relógio vendo que já está na hora de ir trabalhar.

Levantei ainda tonta e peguei minha roupa no armário, vestir e desci esbarrando no Teco que se assustou ao me ver.

Teco: Não era pra isso ter acontecido, mas fingimos que tu nunca me viu aqui. -sorriu irônico e eu neguei

-Tu acha que eu nunca escutei? -ri de lado vendo ele caminhando até a cozinha

Eles acham que eu não tinha percebido ele dormindo aqui, faz um mês. Bem, que eu sei sobre o caso sim, mas não que está tão intenso no nível dele morar conosco.

Chegamos na cozinha juntos e minha mãe encarou frustada.

Fernanda: O Teco veio trazer pão. -mentiu

-Claro. -falei pegando uma maçã -Preciso ir ,tomo café lá no refeitório.

Teco: Bom trampo, tô de olho. -encarei ele e anexei o olhar

-Eu também senhor Tiago. -falei ouvindo ele se questionar como eu sabia o nome dele

Talvez porque minha mãe gemeu isso na noite antepassada? Chega ser nojento saber sobre sua vida sexual, mas enfim, terei que superar.

Encontrei os vapores conversando e pedi pra alguém me levar na baixada, logo se disponibilizaram.

Dessa vez foi o Guri, um vapor bem gente fina, que já transou comigo meses atrás, mas agora é casado e pai de família.

Guri: Tu tava no baile ontem? -falou um pouco alto por conta da velocidade da moto e o capacete

-Eu tava pô, pista e tu? -falei

As vezes quero rir do meu sotaque carioca, puxo o "x" e quase viro uma chaleira. Não soou como uma palavra normal "pista" e sim "pisxta".

Guri: Tô casado Lore, a patroa não deixou nem eu pisar no baile. -riu baixo

-Gosto dessas, surtadas. -desci da moto assim que paramos em frente ao posto -Valeu pela carona, deu quanto?

Guri: Não cobro de mulher bonita. -falou pegando o capacete da minha mão

-Perfeito, agora tu vai ser meu motorista pra tudo. -sair vendo ele rir

Entrei no hospital vendo o caos, geralmente todas segundas é assim, o pessoal sai dos limites durante o final de semana, e segunda não temos tempo nem pra respirar.

Peguei minha prancheta assim que parei no balcão, meu amigo Lucas Macedo e secretário já estava quase arrancando seus cabelos. 

-Fala tu, tá tomando muito no cu hoje? -ri em seu semblante sério

Lucas: Aí mulher, eu queria tá tomando. Isso aqui está me deixando em surto. -ri seguindo pra sala

Pedi dois copos de café, um local público mas com bastante disponibilidade de aparelho. Não tenho nada pra reclamar sobre esse posto, não somos negligênciados e somos bastante respeitados por todos moradores da comunidade.

Nunca fui assaltada nessa favela, sempre lembram, essa é a doutora Lorena, máximo respeito. Afinal sou eu e meus colegas que salvamos a vida deles quando a polícia invade aqui.

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora