Depois que voltei pra casa, me organizei pra passar a tarde no hospital. Contei tudo o que estava acontecendo pro Lucas, o único que não era envolvido no meio de todas as confusões.
Minha mente tava bem vaga hoje, o plantão foi bem mórbido.
Eu tinha algumas pistas, mas nenhuma solução. Eu poderia aparecer no morro do CDD e procurar saber quem está ameaçando minha mãe.
Mas eu não sabia nada do passado dos meus pais, eu nunca tive proximidade com a família do meu pai. Mesmo falando que eu era filha única, nenhum deles correu atrás pra saber se eu estava bem.
Encarei meu celular assim que bati meu ponto vendo mensagem do Índio.
+Índio: bora trocar um papo?
Me: imagino sobre o que tu quer falar.
+Índio: te busco no trampo e vamo em algum lugar.
Me: pego um moto táxi, e te encontro no morro.
+Índio: Já cheguei.
Desliguei o celular e encarei sua moto pela porta de vidro do posto.
Eu imagino que ele queira conversar sobre a sua irmã, e por eu querer bater nela. Se fosse alguma cobrança, eu não me importava mais.
Lucas: Teu macho, já chegou. -me encarou e eu olhei pra ele pelo balcão
-Se eu não responder até às 00:00, liga pro IML. -brinquei me afastando dele
Lucas: Bate nessa boca. -riu baixo
Sair do posto e subir na sua garupa pegando o capacete.
Seguimos em silêncio até a pista, próximo da praia. Ele parou a moto e eu desci, ficamos apoiado no muro analisando a praça e o mar.
-Não me peça pra me redimir com tua irmã, tá? -falei baixo
Índio: Não iria te pedir isso. -olhou pra mim -Tu não está errada.
-Não vejo tu tão apegado com ela.
Índio: Ela surgiu na minha vida esse ano, não sabia que tinha uma irmã. Fruto de uma traição que o meu pai deu na minha coroa. Eu só confiei e trouxe ela pro morro, dei um barraco e alimento.
-Então, tu é parcial?
Índio: Não curtir as palavras dela sobre tu, mas também não iria concordar em tu bater nela grávida do meu sobrinho. -analisou o meu rosto -Apenas culpe o filho da puta do Luan.
-Pois é. -olhei pro lado -Se tu não veio falar sobre ela, o que tu quer?
Índio: Queria ver tu. -cruzou os braços -Não sei que fita é essa, mas tu me acalma, tá ligado?
-É como eu disse, tu está amarradão em mim. -brinquei e ele não negou
Índio: Talvez. -respondeu sarcástico
-Sobre o que poderíamos conversar? -virei encostando a cintura no muro ficando de frente pra ele -Tu poderia me perguntar como foi o meu dia.
Índio: Eu pergunto como foi teu dia? -franziu as sobrancelhas
-Sim, tipo. -analisei o seu rosto -Como foi o seu dia?
Índio: Entreguei armamento e dinheiro sujo, cobrei uns vacilo na pista, matei , resolvi treta na comunidade. -olhou pra minha boca -Agora tô sem usar baseado por 3horas.
-Isso é uma conquista muito grande. -sorri fraco
Índio: Teu dia, como foi? -olhou pro meu pescoço
-Descobrir que o meu melhor amigo vai ser pai, minha mãe tá estranha, soube que está sendo ameaçada, tive um dia exaustivo no plantão.
Índio: Tá sendo ameaçada por quem? -colocou os braços ao meu lado me encurralando
-Não sei ainda, mas vô descobrir. -desviei o olhar pra sua boca
Índio: Cuidado, onde tu se envolve doidona. -falou sério
-Talvez, eu vá no morro do CDD. -encarei seus olhos atentos em mim -Vidigal tem alguma treta com o pessoal de lá?
Índio: Temos uma aliança. -coçou a nuca -O dono de lá, é irmão do teu pai, não tá sabendo?
-Então, eu não conheço a família do meu pai. -respirei fundo
Índio: Se quiser, te dou uma força pra tu ir com segurança.
-Tu faria isso? -olhei surpresa
Índio: Tô só fortalecendo nossa amizade, pegou a visão? -desviou o olhar se aproximando
-Tu poderia fortalecer, de outro jeito. -segurei sua nuca puxando
Índio: Posso? -sussurrou no meu ouvido
-Eu gosto quando tu pede permissão, sabia?
Índio: Eu gostaria de te pedir uma coisa, posso? -beijou meu pescoço
-Talvez. -virei a cabeça e ele segurou meu cabelo puxando um pouco
Índio: Ia pular tua janela, encostar no seu ouvido e pedir. -se aproximou roçando seus lábios no meu
-O que? -falei ofegante encarando seus olhos escuros
Índio: Posso te comer? -sussurrou -Deixa eu te comer?
Merda Lorena, por um minuto tu se esqueceu de todos os problemas. Isso não é bom.
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FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDO
General FictionFavela do Vidigal - Triângulo amoroso! "Todo mundo tá ligado que ela é a minha de fé, aí de quem cometer o pecado de cobiçar minha mulher....abrir um salão pra você dentro da minha favela." -Poesia Acústica 13 (+18)