capítulo 57

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Lorena

Cheguei na enfermaria  depois de averiguar mais uma sala de emergência.

Xxx: Doutora? -virei a cabeça vendo uma menina sentada na maca

-Já acabou o seu soro? -perguntei me aproximando dela

Xxx: Não. -respondeu baixo -Só tô cansada.

-Se quiser, aumento a dose pra amenizar um pouco.

Xxx: A vida é estranha, tipo uma montanha russa de emoções. Eu estava com o amor da minha vida ontem, ele tinha me pedido em casamento, estávamos felizes e descobrindo a minha gravidez em seguida.

-Sinto muito.

Xxx: Foi tudo rápido, lágrimas de alegria se tornou de tristeza. Apenas uma batida em uma van, tirou ele de mim. E eu perdi meu bebê, esses dias em coma tirou apenas a dor física, por que doía mentalmente todos os dias. -alisou a barriga me olhando -Tu ama alguém?

-Sim. -sorrir de lado e ela observou meu rosto

Xxx: Então, procure essa pessoa e deixe claro isso. -se deitou devagar na maca e eu ajudei ela -É raro.

Sentia um aperto no peito e aquilo não era bom.

Sair da sala de UTI indo beber uma água, liguei pro Luan mas ele não atendeu, talvez esteja chateado. Liguei pro Índio e caiu na caixa postal.

Talvez eu tivesse decidido algo, mas é confuso entender que são três sentimentos, não só o meu.

Lucas: A grávida quer falar com tu. -apareceu no refeitório

-Quem?

Lucas: Mayara. -falou fazendo careta

-Tudo bem. -virei falando pra mim mesma

Sair do refeitório indo pra recepção vendo a cara de choro dela.

Mayara: Podemos conversar? -olhei pra ela desconfiada

-Pode falar. -cruzei os braços

Mayara: Vamos lá fora. -saiu e eu encarei o Lucas antes de seguir ela

Ficamos na área de trás do hospital menos barulhenta.

-Se tu veio me perturbar, no horário de trabalho, juro que tô sem tempo pra tu hoje.

Mayara: Quero sua ajuda. -falou baixo -Pra cuidar do meu neném.

Analisei ela alisando a barriga e chorando.

-Não tô entendendo, ontem era ódio e hoje quer minha ajuda, qual motivo?

Mayara: Eu tô prevista de morte, não vô conseguir criar minha menina, eu sinto que é uma menina. Peço que quando ela nascer tu convença o Índio, criar ela. -pegou na minha mão e eu afastei -Por favor Lorena.

-Por que logo eu?

Mayara: Eu sinto que tu pode ser a mãe que eu não vô ser.  -limpou o rosto

-Não posso, Mayara. -levantei e ela segurou meu pulso com força

Mayara: Desculpa. -levantou pegando algo da bolsa -Corre, eu não queria.

-Tá delirando? correr?

Senti uma pancada na nuca e apaguei sendo apoiada em alguém.

(...)

Abrir os olhos vendo um barraco abandonado, uma cadeira no centro, apenas faísca de luz nos buracos da base.

Encarei meus pulsos amarrados e meus pés também.

Mayara: Eu não queria, eu juro. -se mexeu amarrada ao meu lado -Fui ameaçada, pela vida do meu irmão.

-Merda. -virei meu corpo

Mayara: Eu tô arrependida. -chorou tremendo

-Estamos aonde? -resmunguei sentindo uma dor na nuca

Mayara: Favela.

-Quem pediu isso? -encarei ela

Mayara: O pai da minha filha. -virou a cabeça -Jacaré.

Jacaré: Surpresa. -apareceu na sala com dois moleques -Já se reconciliaram?

Se aproximou segurando o rosto dela e depois apertou a mandíbula.

Mayara: Tá machucando. -choramingou se afastando -Jacaré, para.

-Solta ela. -empurrei a cabeça vendo ele me encarar

Não era bem pela vida da Mayara, e sim pelo bebê que ela carregava.

Ele levantou e desferiu um chute na Mayara, no centro da barriga causando um gemido doloroso.

Abrir a boca assustada vendo ele esmurrar ela e depois apontar pros moleques virem pra cima de mim.

Ficaram ao meu redor quando colocaram uma sacola preta na minha cabeça.

Senti mãos bobas no meu peito deixando um soluço na minha garganta.







































(...)

Nota da autora: maratona final.

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora