capítulo 34

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Lorena

O Marcos recebeu alta no dia seguinte, só tive tempo de ir em casa dormir algumas horas e voltei pra acompanhar ele, antes de fazer a ficha.

O Índio veio buscar ele, sendo super simpático em oferecer uma carona para me levar em casa. A ficha do Marcos foi a última que eu preenchi antes de bater o ponto.

Eu tava cansada, e limitada para pegar um moto táxi. Então aceitei a carona, sentindo aquilo que eu não imaginei que poderia acontecer, está acontecendo. Somos amigos, e ainda nem transamos.

Índio: Tu gosta do Teco com tua coroa? -falou baixo quebrando o silêncio entre nós dois

-Como assim? -virei a cabeça vendo sua postura no banco

Índio: Ele era melhor amigo do teu pai, aí agora é teu padrasto, percebi que tu ficou bolada com ele no dia do bar.

-É, eu gosto dele. Mas as vezes ele é muito protetor, agindo como se fosse meu pai, e eu nunca tive presença de um, então talvez eu tenha sido rude. -cruzei os braços

Índio: Ele fala de tu direto na biqueira. -encarei curiosa -Protegida.

-Bom, meu melhor amigo é traficante, meus tios e meu padrinho também, meu pai era, e agora meu amigo é dono de morro.

Índio: Amigo, né. -sorriu irônico -A janela tá aberta hoje também?

-Sim, mas se tu e o Luan pularem no mesmo momento, não posso fazer nada. -sorrir sarcástica e o seu olhar queimou na minha perna

Índio: Não curto dividir. -falou brincando

Tudo bem, se ele continuar com esse humor, sendo um pai maravilhoso, talvez eu queira fazer parte do jogo dele.

-Tu é possessivo ,é?

Índio: Depende. -olhou pra trás vendo o Marcos apagado no banco -Se tu falar que é minha, tu é minha. Pegou a visão?

-Entendi. -sussurrei

Eu tive que pensar no cenário de ontem, ele e o Luan.

Índio: Tipo a sacanagem que a tua amiga faz com o Paquetá e o PH. -diminuiu a velocidade -Não entenderia legal.

-Se Deus fez mais de um lugar, é por que mais de um pode ocupar os lugares. -respondi séria mas gargalhei vendo sua expressão

Índio: Que isso doutora, papão do caralho. -riu baixo -Te perguntar uma fita, amanhã o Marcos pediu pra ir na praça, se quiser acompanhar, eu te busco.

-Eu pedi repouso, né senhor pai responsável? -olhei pra trás - Invés de parque, faz algo em casa pra ele se divertir, no controle. Quem sabe, eu apareça.

Índio: Vô ver isso aí, mas o convite já foi feito. -falou parando o carro -Só tô chamando por que o moleque gosta de tu.

-Tô começando a pensar que tu está obcecado por mim, e usando isso como desculpa.

Índio: Doidona tu né, chata pra caralho mané. -bati em seu braço e ele passou a mão na minha nuca me puxando

Fechei os olhos inspirando seu perfume madeirado e senti um arrepio quando seus lábios encostaram no meu pescoço chupando levemente.

-Sacanagem, né. -abrir os olhos ofegando

Índio: Sacanagem é? -tirou o meu cinto com uma mão enquanto a outra apertou minha coxa -Hm?

Assenti em silêncio e virei a cabeça tentando ver se alguém tá observando o carro parado em frente a minha casa.

Marcos: Pai? -falou baixo e viramos juntos vendo ele coçando os olhinhos  -Onde estamos?

Disfarcei empurrando o Índio e ele segurou minha mão me jogando pra longe também. Quase gargalhei vendo sua cara de sofrido, acho que nunca vamos passar de preliminares, talvez seja um sinal.

Índio: Tamo chegando na base. -respondeu destravando o carro

-Até depois. -abrir a porta e olhei pra trás mandando um beijo pro Marcos -Tchau meu amor.

Marcos: Tchau mãe. -sussurrou distraído

Índio: Tchau mãe do Marcos. -sussurrou me zuando e eu rolei os olhos batendo a porta

Me afastei pra atravessar analisando na frente da rua uns vapores reunido. O Luan tava ali no meio, ele sempre fica esperando eu chegar pra pular minha janela. Sei que o Índio falou brincando, mas ia ser icônico os dois se esbarrando pra pular minha janela.

Entrei em casa vendo minha mãe na escada com as mãos na cabeça.

-Coroa? -me aproximei lentamente vendo ela chorar -O que houve?

Fernanda: Tudo certo, filha. Só preciso de um abraço. -me agachei apoiando os braços nela

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora