capítulo 8

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Índio

Sou temperamental pra caralho, acho que esses foi um dos motivos que me levou pra trás da grade. Fiquei bolado com uma situação de invasão e agir impulsionado. Papo reto, cair na covardia.

Fiquei 4 anos preso, mas tinha presença vip , recebia e comandava o morro de lá, tinha visitas íntimas, um quarto com ar-condicionado e champanhe. Tudo isso dentro de uma cela. Parece irônico, mas é a realidade. Além da milícia, os traficantes financiava tudo pra mim lá dentro.

Pedro é o meu nome, poucas pessoas sabem dessa fita aí, além da minha coroa.

Comecei a comandar a favela do Vidigal de longe,quem tava no poder depois do DG, foi o Jr e o Teco. Meus compadres, fechadão comigo, faz mó cota. O DG era aliado do meu coroa, então é referência pra mim. Porém tem muita história guardada dele, que apenas quem viveu o seu legado, tá sabendo.

Pisar na pista depois de 4 anos, me deixou neurótico,papo reto. Vi minha cria, que eu só sabia que existia por foto.

Engravidei uma garota numa festa da gaiola na penha, e aí veio o Marcos. Nunca sonhei em ser pai não, na realidade tive uma versão ruim do meu coroa. Mas pensei sem neurose que eu vô ser para o Marcos o pai que eu não tive, essa é a visão.

O baile de ontem tava lotado, satisfação em patrocinar algo tão foda.

Única fita que me deixou intrigado foi vê a cria do DG, a mina é a cópia da mãe e tem uns traços dele. Ela me encarava e sustentava, não consegui identificar medo nela, me deixando instigado.

Ela descia e subia na pista, com um copo de vodka na mão, e o pirulito da outra.

A mãe dela me encarava desconfiada, talvez com medo, de algo que não sei, afinal ela é filha de traficante e é provável ter um futuro com um envolvido também.

O LL meu parceiro de cota, falou um pouco sobre a tal herdeira do DG. Mandou o papo que eles são amigos, e eu desconfiei. Afinal amigo de cu é rola.

Cheguei em casa depois de ter esbarrado na doidona mais cedo.

-Cadê o menor? -encarei minha coroa

Marina: Dormiu, brincou o dia todo. -suspirou sentando no sofá e encarou a sacola na minha mão -Comprou o brinquedo dele?

-Sim. -coloquei no sofá -A doutora mandou um aí também.

Marina: A filha da Fernanda? -olhei de lado -Ela quem atendeu o Marcos.

-Ela mermo.

Marina: Que amor de menina, o DG estaria orgulhoso dela. -encarei ela

Dona Marina sempre fala com intimidade desse cara, até mais do que quando fala do meu coroa. Alguma fita sinistra rolou anos atrás.

-Espero que ele curta, e amanhã é o dia da mãe dele buscar ele aí. -falei e ela assentiu

Marina: Ele está feliz em ter tua presença agora filho. Ficou todo animado falando de tu, é tudo novo. Pedi pra Nicole deixar o Marcos mais tempo contigo, e ela nem se afetou. Disse que ele poderia ficar aí.

-Não tenho tempo pra cuidar do moleque, mas vô tentar sair com ele amanhã. -tirei a camisa e subir pro quarto

Passei no quarto do moleque vendo ele dormir com o boneco do carinha lá que solta teia.

Sair pro meu quarto e fui dormir, dia longo e agora que estou de volta. O plantão é seguro, preciso me atualizar.

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora