capítulo 23

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Quarta e quinta foram dias tranquilos, eu trabalhei pra um caralho, salvei vidas, outras, pelo menos tentamos. Entrou residente novo no posto, e teve reforma na minha sala.

Hoje é sexta feira, 18:38 em ponto.

Eu não falei com o Índio nesses dois dias, ele sumiu, fiquei sabendo que foi pra missão e voltaria hoje.

Bom, faz 8 minutos que ele me mandou a seguinte mensagem.

+Índio: tá saindo do trampo, já?

Eu falei que sim, mas tava indo pedir o moto táxi, e ele negou, falando pra eu esperar. Não foi bem, um pedido, e sim, uma ordem.

Fiquei com o jaleco no braço, encostada no balcão esperando o carro aparecer.

Lucas: Então, o gostoso, dono da porra toda. Te ligou pedindo pra tu aguardar ele. -falou animado -Ok, doutora Lorena. Temos um avanço.

-Isso não é um clichê, lembra disso.

Lucas: Ele apenas está vindo te buscar no seu local de trabalho.

-Fiz errado em esperar?

Lucas: Pelas mensagens, não foi uma opção. Mas é normal, já que tu disse que são amigos.

-Amigos é uma palavra forte, somos colegas. -escutei uma buzina e virei vendo o carro preto fosco parado em frente ao portão do posto

Lucas: Se cuide. -se aproximou e virou animado

Sair até o carro sentindo ser observada, não é todo dia, que um carro preto fosco, vem buscar a doutora Lorena.

Quando entrei no carro olhei de relance pra ele que apontou pro banco de trás. Virei o rosto vendo o Marcos com um sorriso enorme segurando o super Marquinhos em sua mão.

-Oi meu amor. -passei a mão em seu rosto e ele sorriu

Marcos: Oi mã...-parou colocando a mãozinha na boca -Eita, meu pai ,pediu pra não te chamar de mã...se não eu não ia tomar sorvete.

Olhei pra frente vendo o Índio com o maxilar pressionado.

-Bom, tu se acostuma. -sorrir de lado e virei olhando pra frente -Eu posso saber pra onde estamos indo?

Índio: Praça da baixada.

-Bem eu ,tô um pouco cansada. -olhei pelo retrovisor o Marcos encarar curioso e ansioso -Mas tudo bem, contando que , meu sorvete seja de morango com calda de chocolate.

Marcos: Egr. -fez careta -Bem melhor, cholate com calda de cholate.

Sorrir da língua presa dele, e assentir olhando pra frente.

Não demorou muito pra chegarmos na praça da baixada, tem uns brinquedos e geralmente as crianças vem brincar. Enquanto os adultos ficam no quiosque, que é bem próximo da praia.

Assim que o Marcos saiu do carro, segurou minha mão e a do pai dele. Que até o momento tava calado.

Ficamos observando ele correndo e brincando, interagindo, tão amoroso, com as outras crianças.

Índio: Ele gosta mermo de tu. -cruzou os braços

-Eu gosto, muito, do teu filho. É um menino tão calmo, e amoroso. -sorrir de lado

Índio: Ele encheu meu saco, pra te chamar.

-Esperava um convite, mas tudo certo, apesar de estar com a roupa do trabalho, e bem cansada. -tomei um pouco do drink

Índio: Tô cansado também, papo reto. -passou a mão na nuca puxando o ar

-Tu tava viajando, né?

Índio: Em angra, cumprindo uma promessa. -me encarou

-Legal.

Suguei um pouco do drink e o canudo se movimentou quase dentro na minha garganta. Pigarrei disfarçando enquanto ele fuzilava minha boca.

Índio: Tem talento com a boca, tu né? -sorriu irônico

-Tu não imagina, nada. -virei o rosto olhando pro Marcos novamente

Índio: É, doutora. -sussurrou quase como um grunhido

Senti um peso na tua voz, e me arrepiei por completa. Valha misericórdia, imaginei mil formas de como usar minha boca, só nesse momento.

FAVELA VIVE (REVISANDO) + (CONCLUÍDA) REPOSTANDOOnde histórias criam vida. Descubra agora