20.

140 18 101
                                    


27 de Julho de 2014. - Harry's Pov.

                                        

"Foi quando soube. Ele não se lembrava, mais uma vez."

25 de Julho de 2014. - 3h45 A.M.

Estava em sua cela olhando para as paredes tentando evitar que o barulho em seu estômago o afetasse ao ponto de se lembrar que estava quase há dois dias sem comer. Sua mente estava tão cansada, pensar que não sabia se tudo estava bem do lado de fora e que não teria direito a nenhuma ligação que fosse, mesmo ali ainda vivo o que achou que não estaria, mesmo livre de seu pai, ainda sofria. Achava que sofreria por toda sua vida.

— Maria Joaquina? - Escutou já revirando os olhos, o companheiro de cela estava de volta. — Cala a boca. - Respondeu esperando alguma reação severa, mas o que viu era alguém totalmente diferente. O via se arrastando pelas paredes e isso o agonizava tanto que teve que se levantar para o ajudar.

— Que isso, pelo amor de Deus. - Sentiu um empurrão em seu ombro o fazendo ir com tudo para trás, era completamente estranho, falava palavras embaralhadas e foi quando se aproximou que Harry conseguiu ver suas pupilas dilatadas. — Puta que pariu. - Sentiu o coração palpitar forte lembrando de todas as cenas de seu pai, por mais que tivesse aprendido com o tempo a se acostumar com os surtos, não saberia o que fazer se ele partisse para cima.

— Oi Maria Joaquina. - Via seu sorriso calmo. — Meu nome é... - Foi interrompido com um dedo em sua boca. — Já falei pra parar de ser burro. - Exclamou sentindo o peso de seu corpo sob o seu. — Ei, tá doido? - Não era possível que viraria babá de um drogado. — Não fala assim comigo porra. - Gritou puxando seu corpo todo para baixo. — Não fala nada...shhhhh...- Ele estava se ajeitando em cima de seu colo com calma como se fosse uma criança, Styles mantinha os braços pra cima sem saber o que fazer.

— Que merda.
— Eu já falei pra você não falar nada, caralho.

Engolindo em seco o olhou com as mãos tremendo, não sabia mesmo o que fazer, mas não foi preciso, o parceiro pegou seus braços os passando em volta de sua cintura encostando a cabeça calmamente para trás fechando os olhos. Para dormir. Harry apenas aceitou não ousaria o tirar dali, não naquele estado. Temia por sua própria vida.

As horas foram passando e não muito tempo depois o rapaz em seus braços começava a se mexer e murmurar, se batendo sem parar.

— Calma, meu Deus, ei... - Era em vão, ele não despertava estava cada vez mais se encolhendo como se estivesse tendo o pior sonho de sua vida.

Eu não vou te matar... - Harry ficaria aliviado se estivesse falando com ele, mas não estava, continuava preso em seus sonhos como até despertar de uma vez se soltando com tudo.

— Merda... - Havia batido sua cabeça com o impacto, mas antes de conseguir se levantar para entender o que estava acontecendo, o menor se encontrava batendo em seu rosto, tentando quebrar tudo que conseguia, enquanto continuava repetindo várias vezes.

Eu.não.vou.te.matar.

Não tinha como sair dali e a situação estava piorando a cada segundo que passava, as coisas ao redor do quarto já estavam todas reviradas, pacotes de drogas espelhados por todos os lados, notas de dinheiro que caiam das gavetas que eram quebradas, já havia vivido aquilo tantas vezes que apenas ficou parado olhando para o jovem que chorava apavorado em seus próprios pesadelos, este era um inferno do qual já estava acostumado, por isso se quer se espantou.

Um estrondo veio em sua direção, dando tempo para que se abaixasse e saísse ileso do enorme pedaço de madeira que foi jogado, não por intenção, mas pela gaveta ter sido jogada de qualquer jeito dentro da cela. Sentia vontade de o ajudar, de ficar ali, o impedir e dizer para parar, mas a que custo faria isso?

Faroeste Caboclo L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora