Wiz Khalifa • See You Again (feat. Charlie Puth) - https://open.spotify.com/track/2JzZzZUQj3Qff7wapcbKjc
03 de Dezembro de 2014 - 7h00 a.m
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A chuva parou apenas quando amanheceu, Harry estava deitado no sofá cochilando como podia já que a cada segundo despertava lembrando dos tiros. Louis ainda se encontrava em negação, ficou em negação por um grande tempo. Saiu pelas ruas andando vendo o estrago que havia sido feito. Caminhava por elas vendo os corpos caídos no chão, as mães chorando sobre eles, estava indiferente, sem reação nenhuma como se estivesse com um bloqueio, se recusava a acreditar que havia caído.
A favela estava em luto, um luto muito mais profundo e melancólico porque estava destruída, as casas invadidas, haviam queimadas por toda parte. O cenário ideal de um pós guerra histórico. Via os pontos saqueados, as vidas perdidas, todo o seu reinado ali sem forças para se erguer. Caminhou contidamente até chegar a esquina de cima de sua casa - onde morava com Zayn. Foi quando percebeu que seu corpo não estava ali, se quer o deixaram para o velório digno. O amigo havia morrido e isso era real, se lembrava da cena como flashbacks do exato momento em que viu Harry parado e o tiro soar, quando o corpo do Carioca se colidiu no chão com dois tiros traseiros. Se lembrava do sangue escorrendo pela boca do mesmo e seus olhos marrons perderem o brilho.
Sentia raiva, o luto era o único sentimento do qual não sabia lidar, porque era sempre ele que causava isso nas pessoas, ele atirava, cruelmente, tal como aqueles que atiraram em seu amigo. A favela e as pessoas esperavam sua resposta, seus comandos, como iriam reagir, esperavam que seu chefe subissem ao monte e desse as condenadas, que os animasse, dissesse que não iriam desistir, precisavam de algo, qualquer coisa para viverem. Mas Louis não fez isso, não ali naquela hora. Não podia. Pela primeira vez não sabia como.
Agora se encontrava no alto da laje onde haviam fumado tantas vezes juntos, o único lugar da casa que permanecia igual aos anos que se passaram, ali estava imortalizado suas maiores brigas, conquistas, tudo estava ali. E agora não passava de um aterro de memórias mortas. Nunca mais fariam nada. Não teria uma última festa, ou um último baseado, não se encontraria para soltar pipa ou beber de madrugada. Não teria mais nada. Porque Zayn estava morto.
Não se esforçou para nada, não queria saber em controlar seus vícios, não queria saber que deveria dar uma resposta digna em respeito aos que morreram. Todos esperavam que Louis fosse tal como o Zé pequeno, e que com a morte de Benê se revoltasse e fizesse a guerra mil vezes pior. Mas ele não faria, porque diferente de Zé pequeno Benê era tudo que ele tinha, mas Zayn não era a única pessoa que importava para Louis. E este era o seu maior problema no momento.
Repensava sozinho todas as suas ações, tudo que fez para estar ali, nada se encaixava, sua vida parecia uma enorme ilusão como se o mundo o fizesse apenas para sobreviver, como se a glória fosse sempre uma fachada eterna onde sim. Todos a sua volta morreriam. Só queria não pensar. Não queria lembrar do amigo, lembrar de Harry, não queria lembrar de ninguém. Então utilizou da forma mais fácil para se esquecer, sem remorso algum, se sentou sobre a mesa com uma garrafa de vodka e um baseado, aceitando que era um dependente químico e agora sua única salvação era usá-las.
Se encontrava em seu quinto copo com a cabeça abaixada sob a mesa até escutar o barulho subindo as escadas, e só queria que não fosse Harry, não tinha condições naquele momento, só queria ficar sozinho, só queria sumir, desaparecer.
— Noia? - Se virou com os olhos em um vermelho ardente limpando sua boca vendo ser um jovem. — O que? - Indagou tragando mais um pouco. — Algumas mães estão lá fora e...sabe está tudo meio...precisamos saber o que vamos fazer. - Engoliu em seco sabendo que por mais desolado que estava não podia demonstrar fraqueza na frente dos seus. — Não falaremos disso hoje, recolha os corpos que acharem, diga as mães que a escolha foi de seus filhos. Decrete luto na favela. Ninguém saiu ou entra. - O menino assentiu suspirando.
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Faroeste Caboclo L.S
Fanfiction"Se estiver passando pelo inferno, continue andando." - Winston Churchi Inspirado na obra original do Legião Urbana. Passar pelo inferno é o que Louis Tomlinson enfrentou por toda sua vida, com a hostilidade e o destino traçado. As coisas mudam qu...