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TW: Violência e abuso.

23 de Agosto de 2011. - O inferno.
          
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A primeira noite de fato na cadeia havia sido tranquila desconsiderando que Lesado roncava mais do que um trator e o que era colchão inútil - seria muito mais fácil dormir no chão. Tudo era uma droga, mas não insuportável, se deu conta de que talvez sobrevivesse, mais uma vez. O sol não aparecia daquele lado da prisão, o barulho era alto por todo lugar, antes de pegar no sono conseguia se lembrar de toda a conversa que vinha das celas ao redor.

— Que porra é essa mano? - indagou Louis ao despertar no susto com o companheiro de cela olhando bem perto do seu rosto. — Ué eu tava te olhando. - Revirando então os olhos com a resposta se sentou passando as duas mãos no rosto. — Achei que ia me beijar. - O rapaz negou fazendo cara de nojo. — Eu não feio. - As vezes achava que Lesado não falava coisa com coisa, suas reações pareciam ser de uma criança com cinco anos. — Que horas são? - Obteve apenas uma risada como resposta.

— Para de rir louco, te fiz uma pergunta. - E ele se arrependeria de ter dito aquelas palavras, assim como se arrependeu ao sentir o pescoço ser forçado contra a parede prendendo seu fôlego sentindo em sua virilha a ponta de um canivete. — Eu não sou louco, porra! - Gritou Lesado. — Me solta.. - Dizia enquanto tentava se soltar batendo no braço do rapaz. — Foi mal mano, desculpa, pelo amor de Deus é jeito de falar. - Logo sentiu o alívio do ar voltando aos seus pulmões, passando a mão sobre o pescoço piscou os olhos com força - preferia acreditar que estava sonhando.

— Então tá bom, desculpa. - Respondeu o preso sorrindo como se realmente nada demais tivesse acabado de acontecer, agora Louis entendia o porque estava dentro desta cela, deveria com toda certeza ter algum distúrbio ou apenas estava se fazendo de sínico. — Por que você me acordou? - Indagou voltando a se deitar, agora tomando cuidado com qualquer palavra que dissesse. — Ué, já amanheceu, quando o sol nasce a gente acorda quando ele some a gente dorme. - Era uma resposta óbvia então tentou perguntar novamente.

— Que horas é agora? - Surgindo uma resposta mais clara. — Não temos horário aqui dentro, bem pelo menos eu não tenho nenhum relógio, então acordamos quando nasce o sol e dormimos quando ele some. - Esfregando os dedos nos olhos Tomlinson suspirou fundo. — Como os nômades e os incas? - Assentiu o rapaz a sua frente. — Mas quando eles vierem levar a gente pra comer vão ser duas da tarde e depois o banho de sol vai ser às cinco, eu sei porque eu moro aqui. - Concluiu rindo.

Sem saber como reagir apenas respirou se deitando de ponta cabeça, não havia nada pra fazer ali o lugar era do tamanho de um quarto pequeno, não tinha livros, lápis, ou qualquer coisa que pudesse distrair sua cabeça, apenas tinha um louco que não podia ser chamado de louco. A cela era tão vazia que lhe dava agonia sentia vontade de arrumar tudo colocar uma cômoda, decorar com flores, imaginava que a beliche com um tom de verde ficaria perfeita, mas era só isso que poderia fazer; imaginar. Tinha o dinheiro guardado para alguma necessidade porém não esperava usar com coisas fúteis ou demonstrar que estava com grana, todos seus atos passaram a ser pensados, cada ação, cada fala, precisava ser o mais articulado e invisível possível para não chamar atenção, quando se é invisível não a problemas, você não existe.

— Bora. - Escutou vindo do lado de fora da cela vendo-a ser aberta, pensou então. Era a hora do almoço.

O almoço não foi demorado, o percurso até o pátio de alimentação era guiado em uma fila, sempre divididos com roupas laranjas, alguns por algum motivo desconhecido por si usavam a cor cinza. Acompanhados por até onde conseguia conta dez carcereiros todos armados, uns fingiam indiferença, já outros pode observar a troca singela de pacotes, este era o momento onde recebiam drogas dos de fora e trocavam dinheiro entre os presos. Já o refeitório era enorme, mais de vinte mesas grandes, não podiam se servir os cozinheiros que jogavam nas bandejas qualquer coisa que fosse comestível sempre com uma aparência viscosa de vômito, esperava que o gosto não fosse o mesmo. Após passavam para pegar a água em copos descartáveis fechados e uma fruta de sua escolha onde variavam entre bananas e maçãs, decidiu esconder uma maçã no macacão para caso sentisse fome mais tarde. Quando conseguiu pegar tudo que precisava se sentou em uma mesa afastada sozinho, em silêncio colocando em prática o plano de ser invisível.

Faroeste Caboclo L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora