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22 de Dezembro de 2010.

O sol estourava pela mini janela que havia no pequeno quarto em que Louis agora dormia os últimos minutos restantes até o relógio disparar o alarme, seu sono embora profundo nunca era o bastante para um descanso completo já que trabalhava por vinte horas seguidas dormindo em média apenas de três a quatro horas em uma noite. Não era fácil, no começo pensou que seria apenas um detalhe e se acostumaria, mas o cansaço era tão insuportável que sentia o corpo pulsar de dor inúmeras vezes.

Levantando já em cima do horário correu para tomar um banho na água gelada pois o chuveiro havia estrago há pelo menos um mês e seu dinheiro mal dava para se alimentar quem dirá arcar com concertos ainda mais quando não seria apenas uma coisa a se concertar. Agora vivia em um quarto no fundo da padaria onde tinha a sua disposição exatamente dois cômodos e meio; um quarto em um mostarda terrível aos olhos de qualquer um com um colchão jogado no chão e uma mesinha ao lado onde deixava suas coisas que não eram muitas, seu guarda roupa era um cabideiro que havia feito com restos de madeiras descartadas pela comunidade, além disso tinha um banheiro minúsculo com uma pia baixa e paredes estreitas tudo em uma cor sólida de verde verão, por fim uma mini cozinha improvisada onde cabia apenas um fogão de duas bocas com uma pia e o espaço exato para um filtro de água, era ali que passava as poucas horas livres de seu dia pois trabalhava de domingo a domingo com uma folga a cada oito dias e era quando costumava sair com Zayn para baladas de rock alternativo.

A amizade dos dois havia evoluído bastante por um período Louis havia se recuado e não deixava aberturas para uma aproximação de verdade, mas com o tempo acabou se soltando, saiam para beber pelas ruas, usar drogas e viver como se o fim do mundo fosse chegar a cada esquina que cruzassem , no entanto não eram só flores conseguia perceber como suas vidas tinham padrões diferentes, era como se trabalhasse feito escravo sem descanso algum e o amigo uma vez a cada duas semanas, isso o intrigava fazia com que pensasse que talvez devesse ser mais como ele e este era o problema - se quer sabia quem Zayn era de verdade.

— Bom dia dona Maria, toma aqui seu saco de pão de queijo. - E ali começava mais uma manhã. — Bom dia Louis, obrigada filho. - logo que a senhora saiu foi atendendo os próximos clientes sem perceber quem estava ao fim da fila.

— E aí Cindy. - Cerrando os olhos após ver o rapaz cruzou os braços em cima do balcão o olhando. — O que você quer? Não vem de segunda feira. - indagou já esperando por algo. — Ué tava com saudade de você. - respondeu Malik rindo. — A vai se foder.

— Não sério, vim ver se você quer ir no baile do viaduto, vai ter várias da boa. - já sabendo o que aquilo significava balançou a cabeça em negação. — Só se eu tirar dinheiro do cu, é da boa mas custa 10 reais cada, tirando que seu Zé não vai me liberar, se você ficar aqui eu vou. - Rindo o rapaz a sua frente negou. — A para de ser ramelão, dez reais você com quatro já vai tá no estouro. - balançando a cabeça com a insistência e respirando fundo Louis tirou seu avental o deixando em cima do balcão para ir trocar os doces da bancada. — Zayn você acha que é simples né, porque tu consegue dinheiro piscando, eu fico aqui nessa porra de segunda segunda pra ganhar uma miséria que mal da pra fazer uma compra decente na porra da feira, você jura que eu que durmo no chão frio e tomo banho gelado todo dia vou ter dinheiro pra ficar doidão? Só se eu cheirar fermento que é de graça aqui.

Passando a mão pelo cabelo recém raspada o carioca se escorou sobre a bancada de doces vendo todo o processo que era tirar e recolocar doces novos.

— O que você vai fazer com os velhos? - perguntou enquanto pegava um brigadeiro. — Seu Zé leva pra neta dele. - disse enquanto continuava com o serviço. — Por que você não come uai? - Foi nessa hora quê Tomlinson percebeu que Malik não fazia mesmo ideia de como ele vivia, e o pior de tudo era que vivia assim por causa dele.

Faroeste Caboclo L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora