um casal finalmente

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Era quarta feira, nesse dia era comum grego acordar mais cedo, resolver alguns problemas com fornecedores era inevitável vez outra, Yuri ia até a feira que ficava abaixo do morro. Você encontrava mercadoria fresca, com preço justo. Yuri já imaginava que só veria grego a noite, então preparou as compras da melhor forma possível, estava decidido em recompensar por ser tão bom durante esses dias. Yuri já era conhecido o bastante, afinal grego era quem gerenciava as regras na parte alta da comunidade. Depois que mandou entregar as compras foi no salão das "minas" elas eram bem requisitadas Yuri esticou um dos cachos e viu que seu cabelo estava bastante comprido.

- Acho que ele nem vai notar.

Depois que saiu do salão Yuri percebeu dois carros cor prata, parado na frente, Yuri estranhou porque eram do mesmo modelo.
Contornou a rua passando distante, mas percebendo dois homens saindo da mesma rua em que estava, só pensou... " Fudeu"

Entrou na feira movimentada correndo pelas bancas, fazia tempo que não corria assim. Seu coração estava acelerado como o de um rato, percebeu o alvoroço que os feirantes faziam, mas se recusava em olhar pra trás. A última coisa que ouviu foi um disparo e uma dor atravessando seu braço.

Yuri

A única coisa que eu sentia era uma cede forte, tão forte que eu sabia que morreria se não bebesse nem que fosse uma gota de água. Quando abri os olhos estava em um hospital com uma porcaria de bata, tinha soro conectado no meu pulso. e uma merda de algema presa a cama.
Uma enfermeira veio em seguida, aquilo deu medo, onde eu estava quanto tempo eu apaguei?

- você acordou, vou avisar a eles fique tranquilo você está fora de risco.

- onde eu estou?

- Hospital Santa Lurdes, você foi trazido inconsciente.

Alguns minutos depois, vieram dois homens o mal cheiro de polícia estava impregnado, um se sentou na minha frente e o outro ficou em pé.

- que bom que acordou.
Me chamo Felipe, e esse é o Jonas, você acabou sendo baleado durante uma perseguição. Se lembra?

- espera que eu me lembre de ter sido atingido pelas costas enquanto corria de um monte de estranhos.

- esse erro foi de um novato ele foi afastado temporariamente. Mas vamos ao motivo de você está sendo interrogado. Você conhece esse homem?

Era o grego na foto, sem sombra de dúvidas, então a polícia encontrou alguma ligação entre mim e ele. Por isso atiraram.

- Acho que não me parece estranho...mas ainda estou zonzo, é difícil manter os pensamentos alinhados.

- então acho que essas fotos vai ajudar a alinhar seus pensamentos.

Era fotos minhas, junto com grego, apenas duas, uma no shopping e outra ...essa é a faculdade.

- sim lembro de ter conversado com ele vez outra.

- bom.... Esse vídeo aqui mostra que vocês são bem íntimos.

Era o vídeo que ele me carregou no ombro até o estacionamento.

- Onde quer chegar, acho que não é crime ser conhecido de outra pessoa.

- não quando esse "conhecido" é o líder criminoso da segunda maior facção criminosa do rio de janeiro.
Você está bem lascado meu jovem, temos provas que podem atrapalhar seu futuro, você tão novo e envolvido nessa sujeira.

- preciso do meu advogado.
Eu não vou falar mas nenhuma palavra com vocês dois.

- você acha mesmo que estamos aqui pra assegurar seus direitos?
Estamos procurando qualquer ponta solta desse sujeito a mais de cinco anos, mas do nada você aparece e ele se mostra. Então eu sei que vocês não são nenhum "conhecidos" e você vai falar tudo que sabe.

Yuri não esboçou reação, um som que vinha do aparelho conectado a ele chamando a enfermeira apitou assustando os policiais, ela veio correndo junto com outro colega dela.

- algum problema com o paciente?

- não precisa se preocupar ele está bem!

- na verdade meu ombro está latejando e doendo muito você poderia dar uma olhada, ao que parece eu fui baleado.

- deixe- me ver...

Ela colocou as luvas e retirou o curativo, os policiais se distraiam por segundos, foi quando Yuri puxou os cabelos da mulher com força, e não quis soltar.

- SOCORRO, ME SOLTE!

-FILHO DA PUTA!_o policial branquelo deu um soco desmaiando Yuri novamente.

- tenha mais cuidado enfermeira esse tipinho de bandido não liga se você for boazinha. Vamos voltar quando ele acordar.

Depois que Yuri percebeu estar sozinho ele abriu o olho lentamente, felizmente estava certo mas não iria ter muito tempo. Abriu a mão revelando um grampo de cabelo. Por sorte a enfermeira usava uma penteado diferente. Os anos de  bandidagem valeu apena. Depois de revirar o grampo pra lá e para cá a trava das algemas soltaram. Ele ainda estava fraco por causa do tiro que levou, mas conseguiu chegar até suas roupas que estavam em sacolas plásticas.

Só precisava achar uma forma de sair, por sorte ele estava no primeiro andar do prédio mas tinha  escolta na frente do prédio, agradeceu pela janela ser de vidro. Enrolou o lençol da maca na mão quebrando o vidro, era só passar e rezar pra não ter uma hemorragia por pular de tão alto.

Yuri conseguiu fugir do hospital, por mais que agora tanto uma perna esteja machucada, e um ombro perfurado, ele se viu livre da cadeia.
Mas ainda estava a pé. E não fazia ideia de onde estava. O celular foi apreendido como a carteira. Agora só bastava rezar muito pra não ser pego novamente, o sol estava forte e já cansado parou num ponto de ônibus.
Depois de pensar bastante ele decidiu apelar pela bondade humana, quando um ônibus parou, ele inventou uma história de ter sido assaltado e perdeu seu celular e carteira, com um soco na boca e mancando o motorista só pode deduzir que foi verdade e o ajudou.

Não mais perdido e perto de casa, de longe viu os homens do grego com aquelas armas pesadas, foram correndo até ele.

- quem porra fez isso com você? O chefe tá doido, já reviramos a favela toda procurando tu porra.

- eu to bem agora...só preciso de um banho.

- sangue, tá sangrando....

apontou pro ombro

-merda!

Intragável  •  Apenas Respirar Não Basta                         Onde histórias criam vida. Descubra agora