a todos que um dia amei

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Já se passaram duas semanas que estou preso na casa do grego, eu já estava quase cem por cento, os hematomas sumiram, as dores também, só meu olho esquerdo ainda estava sarando, nesse tempinho o grego tentava ganhar meu perdão comprando presentes, saindo comigo, mas a única coisa que eu queria era sair daquele lugar, voltar pra minha casa, e encontrar com a minha mãe, e com ítalo, até saudades do mala do meu irmão eu sentia falta, eu sabia que minha mãe rezava por mim, era isso que me dava forças poder ver todos aqueles que um dia amei de novo. E pra isso eu tinha que me engolir meu orgulho e jogar com oque tinha.

Já estava escurecendo, e o grego tinha ido bater uma pelada, eu preparei um jantar especial, eu aprendi cozinhar com minha mãe e isso iria ser útil afinal, preparei um bife apimentado, espaguete ao molho de ervas, uma salada bem colorida e belo bolo de fubá. Me arrumei adequadamente, assim que ele chegou todo suado com apenas um calção de jogo e um boné na cabeça, já estranhou o cheiro.

- Que cheiro é esse?

- Oi... Bem vindo de volta!_eu dei um selinho nele, ele ficou sem reação apenas colocou a mão na centura e me encarou, estava todo suado!

- Oque foi?

- Nada... Só não tô entendendo isso!

- Eu quero fazer as pazes com você! Pode ao menos fingir que se importa!

- Não é isso! Eu só estou surpreso!

- pode pensar nisso enquanto toma um banho, o jantar tá quase pronto,

- Tá bom!_ele entrou no banheiro e fechou a porta, eu fui no quarto e preparei uma roupa pra ele, entrei no banheiro e ele se assustou.

- Só vou deixar essa roupa pra você!

- Obrigado!

Eu havia terminado de preparar, o jantar, me sentei na mesa e abri um vinho, fiz o prato dele e fiquei esperando ele chegar. Ele saiu do banheiro já vestido e sentou na mesa.
Ele olhou toda aquela comida com receio.

- O rango tá envenenado não né?

- acha que eu iria envenenar a mesma comida que eu vou comer?

ele me olhou erguendo uma sobrancelha_ me levantei e sentei no colo dele, pegando os talheres e comendo um pouco de cada coisa no prato dele! Ele ficou me olhando sem entender nada, mas conseguiu acreditar e começou a comer!

- poxaaa, tu cozinha bem baixinho!

- Sei me virar!

- tá melhor do que nos restaurantes!

- obrigado?

- Mas vamos ser sinceros, isso tá estranho! Você me odeia e eu sei, e do nada tu da uma de mestre cuca e me faz um jantar bacana?

Eu respirei fundo, me fazendo de ofendido!

- Eu não posso lutar contra isso pra sempre, essa é minha realidade agora, é melhor eu aproveitar do jeito que dá do que brigar em uma luta que eu não vou ganhar, mas se isso te deixa bravo podemos voltar ao que era antes!

- Não! Não é isso! Eu gosto do jeito que está!

Eu bebi um pouco do vinho e me levantei enchendo a taça dele, ele passou a mão na minha centura, eu fingi um sorriso e voltei a me sentar.

- Nossa, eu comi feito um rei!

- Tem sobremesa!

- sério?

- Sim, eu aprendi com a minha mãe, é do nordeste, acho que você vai gostar!

Peguei o bolo no forno e cortei um pedaço pra ele.

- o cheiro tá bom!_ele deu uma garfada e comeu!

- Porra baixinho, na moral, tu manja das paradas, tá muito bom!

- fiz especialmente pra você! Como recompensa por me tratar tão bem essas semanas!

Ele me olhou triste, ele logo fez uma carinha, de menino arrependido.

- Olha baixinho! Eu sei que o que fiz com você não vai sarar ou sumir, mas eu espero que um dia você possa me enxergar diferente!

- Claro!_Eu fui até ele e puxei ele pro sofá, eu beijei ele e ele me colocou pra cima dele, ele começou a piscar e esfregar os olhos.

- Acho que eu bebi muito!

- Vem pra cama!_ ele se levantou e foi comigo, eu deitei ele na cama, e comecei a tira a camisa dele, ele riu feito um idiota, em pouco tempo ele pegou no sono!

Assim que ele dormiu eu limpei a minha boca e verifiquei se ele caiu no sono mesmo, que bom que ele comeu aquele bolo, eu coloquei uns cinco comprimidos de dormir, ele só vai acordar amanhã de tarde. Mas só pra confirmar!
Dei um tapão na cara dele, ele só se mexeu um pouco!

- hora de ir!_peguei as chaves dele e abri a porta, fui na garagem da casa dele e peguei a moto abri a portão e sai pilotando, eu pedia informação as pessoas e assim consegui sai do morro sem ninguém estranhar.

- Nicole? Sou eu, tá tudo certo, você sabe onde ele está?

- eu não consegui falar com ele, mas consegui o falar com o dono da casa de praia, eles estão fazendo um lual  ele deve estar lá.

- ao menos vale tentar!

Eu peguei a estrada pedindo informação e consegui chegar na casa de praia, eu estava nervoso, eu tentei me acalmar mas eu comecei a chorar já na entrada, eu fui até o pessoal que estava lá, estava a mesma turma de antes, eu vi ítalo lá, meu coração sorriu, eu corri pra ver ele, até que uma garota sentou do lado dele e beijou, meu coração caiu do meu peito, um nó imenso se formou na minha garganta! Eu queria acreditar nas mentiras que meu coração falava, que era só um mal entendido, que ele não estava me traindo. Mas meu cérebro sempre foi mais esperto, e eu vi eles abraçados, eu não posso culpa-lo, eu que entrei nessa com a emoção!

eu me levantei da areia da praia, e fui embora, ele olhou pra mim estava longe mas ele se levantou e correu até mim, eu subi na moto e fui embora, ele ainda tentou correr atrás da moto mas eu não iria escutar, ele vai estar melhor sem mim!

Assim que voltei, eu fui barrado pelos homens do grego, uns que participaram do sequestro eu não estava nem aí.

- tira o capacete!

Eu tirei e eles tomaram um susto!

- oque tu tá fazendo aqui com a moto do chefia?

- Uma das vantagens de dormir com o chefe! Eu posso sair quando eu quiser!

- O grego tá te enrabando muleque?

- Quer perguntar a ele?

- tá de boa, é a patroa tá liberado!

Eu estava descoordenado, deixei a moto na garagem e subi as escadas, eu já não conseguia chorar, algo dentro de mim já sabia que ele tinha seguido em frente, o único que ficou na esperança fui eu, entrei no quarto e o grego estava do mesmo jeito roncando largado, tirei os sapatos e subi na cama, eu olhei pro grego, e só aí persebi que ele era bem bonito, nessas semanas eu nem conseguia olhar na cara dele, e eu estava dividindo a mesma cama com ele agora!

- se você não fosse um filho da puta até que poderia dar certo._eu fechei os olhos e adormeci, eu esperava não acordar no dia seguinte.

Intragável  •  Apenas Respirar Não Basta                         Onde histórias criam vida. Descubra agora