Capítulo 2: Jovens Vigaristas

35 4 4
                                    

Os raios de sol já brilhavam sobre as pedras soltas e o sal flutuante do vilarejo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os raios de sol já brilhavam sobre as pedras soltas e o sal flutuante do vilarejo. Nascia um novo dia, com grandes expectativas. Os ladrões venderiam, hoje, os anéis adquiridos noite passada.

Léo se espreguiçou com um bocejo. Abriu os olhos e deparou-se com Lena toda sorridente, acariciando um camundongo bege e de olhos negros:

— Bom dia, Léo! Esse é o Paçoca, meu novo amigo!

O moleque nem soube o que dizer. Seus neurônios ainda estavam acordando.

— Fala bom dia pra ele, Paçoca! — prosseguiu a garota, fazendo, então, uma voz grossa para o roedor. — "Então esse é o teu irmão, Lena? Ele parece mais uma lagartixa morta que um menino!" — continuou, então, com a sua voz normal. — Ei! Tu tá na minha casa, sabia? Me respeita!

O jovem já estava começando a se irritar com a situação. Sentou-se, esfregando os olhos. Enquanto isso, Lena não parava de discutir consigo mesma, ou segundo ela, "com o Paçoca". Até que toda a discussão sobre biscoito e bolacha entre ela e o rato fora interrompida pelo badalar dos sinos da prefeitura. Eram 9h. Léo arregalou os olhos. Era hora de trabalhar.

Sem dar um pio, ele se levantou e puxou sua irmã para fora da caçamba, com o bicho ainda em suas mãos. O susto foi tão grande que o animal fugiu.

— Ei, cagão! — gritou ela para o roedor. — Volta já aqui!

— Lena, tá na hora de te aprontar — avisou o menino, indo em direção à corda que amarrara de madrugada como varal improvisado.

— Mas já?!

O larápio deu um olhar de "o que é que você acha?", e entregou o vestido à moleca, que, emburrada, retornou ao caixote para se trocar. Não gostava de quando seu irmão ficava mandão. Falando no diabo, este ficou esperando do lado de fora, andando para lá e para cá, como se estivesse atrasado — não estava. Minutos se passaram e Mariazinha Thereza saiu de dentro da caçamba com todo seu entusiasmo:

— TCHARAM! Sentiu saudades? — Maria saiu do esconderijo com um pulo cheio de energia.

— Ótimo. Quem é você? — perguntou Léo.

— Maria Thereza, mas pode me chamar de Mariazinha.

— De onde vens?

Argilosa.

— Qual o nome da tua avó?

— Dona Amélia!

— Qual a profissão do teu pai?

— Fazendeiro!

— Isso! Tudo em ordem então. — Molhou as mãos com a água de seu cantil. — Fiques de costas pr'eu arrumar o teu cabelo.

Mais uma vez, a pequena pau-mandado acatou o pedido. Enquanto seu irmão massageava, hidratava e penteava seus cabelos, pôs-se a tagarelar:

— Sonhei com a mamãe hoje...

Ladrões de TúmulosOnde histórias criam vida. Descubra agora