Capítulo 35: Em Nome da Paz

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Não sabiam o que encontrariam lá dentro

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Não sabiam o que encontrariam lá dentro. Era escuro, quente e úmido. Sentiam um cheiro pungente de amônia e tudo o que ouviam era o som dos seus pés esmagando a lama.

O coveiro acendeu sua lamparina, sem medo de causar um incêndio por conta do pé direito absurdamente alto. A chama revelou colunas de caranguejos amontoados do chão até o teto. Lá estavam todos eles, às centenas, adormecidos, aguardando o momento certo para despertar.

Explorando a maldita gruta adentro, questionavam sua imensa e inexplicável extensão. Em um dos vários túneis de mangue, toparam com outras três crias, talvez as últimas de seu pequeno exército. Medo inerente, confronto iminente.

Inicialmente, uma delas, a que parecia ser a líder, atacou Zacarias. Este escapou desengonçadamente por um triz. Com um reflexo, contra-atacou com seu lampião.

E assim, nossos aventureiros ouviram o pior som de todas as suas vidas. Era um berro grave e estridente, do mais puro desespero. A carne da coisa queimava sem dó, tanto que Léo até deu uma recuada de medo. Antes que pudessem atacá-la novamente, a mesma fugiu seguindo o longo túnel, levando seus comparsas consigo, rumo ao desconhecido.

Regressaram, então, à escuridão pura e absoluta. O fáter tentou pegar seu isqueiro para clarear o caminho, mas, com apenas um braço bom, deixou-o cair no chão. Não conseguia recuperá-lo de jeito nenhum pelo piso desregulado de raízes gosmentas. O desespero batia em meio aos xingamentos enfeitados pelo pânico. O moleque, por fim, todo relutante, respirou fundo e, sem técnica, acendeu a pederneira que José Romeo o havia dado. Queimou o polegar no processo, porém, conseguiu espantar as trevas que os engoliam. Lena suspirou, surpresa. Zacarias o agradeceu, aliviado. Por trás de seu sorriso torto, o jovem se esforçava para inspirá-los, rebatendo o medo na tentativa de encorajá-los.

E assim, continuaram em frente, com pouco espaço entre si, desbravando a abominável galeria de rochas, galhos e ossos em total silêncio. Talvez o inimigo traria reforços. Talvez morreriam naquele labirinto infinito. Tudo era uma completa incógnita naquele lugar, esquecido pelo espaço-tempo.

Seus braços e canelas eram constantemente espetados pelos espinhos das paredes vivas. Pisavam em falso, mas se reerguiam. Seus olhos tentavam se acostumar ao brilho tímido da trêmula chama. Estavam se adaptando do jeito que podiam, determinados a dar um fim a esse exaustivo pesadelo.

O trajeto incessante deu-se um breve fim quando avistaram um feixe de luz projetando-se do teto esburacado da caverna. Era o sol, brilhando bravamente em meio a toda aquela treva.

Léo imediatamente apagou o isqueiro. Como meros insetos, seguiram a luz e perceberam a estranhíssima seção da gruta em que se encontravam. Havia um caldeirão de lama bem no centro, apagado, mas que mesmo assim emanava vapor. Encostados à parede, uma velha penteadeira, uma pilha de tambores tribais e livros de conteúdo questionável.

Sem retroceder, Zacarias foi em direção aos montes de obras esparramadas com certa dificuldade. Os jovens, por sua vez, ficaram na entrada da câmara. Lena estava nervosa, esfregando suas mãos suadas uma à outra. Já Léo, apreensivo. Empunhava firmemente sua adaga, tentando se esquecer do saco com o explosivo que carregava com a outra mão.

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